Mais de 60% dos partos realizados em MT em 2014 foram cesáreas

Redação PH

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Mais de 60% dos partos realizados em MT em 2014 foram cesáreas

Mais da metade dos partos realizados em Mato Grosso no ano de 2014 foi feita por cesárea. Dos 51.229 nascimentos registrados no estado no ano passado, 62% foram por meio de cirurgia, ou seja, 31.730 casos. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que esse índice seja de no máximo 15%. No estado, a maior parte das cesáreas foi feita na rede particular (62,6%). Os dados são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos da Secretaria de Saúde de Mato Grosso (Sinasc/SES) e foram divulgados nesta terça-feira (20).

De acordo com os dados, a quantidade de cesáreas no estado aumentou em 2014 na comparação com o ano anterior. Dos 52.992 nascimentos registrados, 32.173 (60,7%) foram feitos por meio da intervenção cirúrgica. Estima-se que a cesariana, quando feita sem indicação médica, pode aumentar em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o bebê e triplicar o risco de morte da mãe.

O levantamento mostra ainda que, dos 19.499 partos normais realizados no estado no ano passado, 16.268 foram pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede particular, foram 3.231.

Movimento Parto Humanizado

A enfermeira e doula Damaris Figueiredo, 34, ativista do Movimento Parto Humanizado Cuiabá, defende que as mulheres tenham acesso a informação antes de escolherem o tipo de parto. "Muitas vezes a mulher quer o normal, mas acaba convencida a fazer a cirurgia por falta de conhecimento. E existem os medos: de achar que não vai dar conta, de sentir dor. Mas a mulher pode optar pela analgesia, por exemplo", disse.

Damaris afirma não ser contra o parto cesárea e reconhece que há casos em que a interferência cirúrgica é inevitável. "Em algumas situações tem que ser feito, pelo bem da mãe e do bebê. E nesses casos, nós defendemos que seja feito. O que não pode acontecer é que estamos diante de uma indústria do nascimento [por meio de cirurgia]", pontuou.

Para a enfermeira, há muita coisa boa sobre o parto normal que as pessoas não sabem. "Nem só de dor se faz um parto. É mais saudável tanto para a mãe quanto para o filho. E é um momento único da mulher e do bebê, no qual o recém-nascido raramente precisa ir pra UTI [Unidade de Terapia Intensiva], mesmo que nasça prematuro", disse.

Ela diz acreditar que há várias explicações para o alto índice de cesáreas, como a questão cultural ("Muitas mulheres já tiveram partos difíceis por terem sofrido violência obstétrica"), o suposto dano à vida sexual da mulher, e achar que é uma dor dilacerante. E haveria também a escassez de médicos na rede privada dispostos a fazer mais partos normais.

"Muitos se sentem desestimulados. A remuneração é baixa. E pra realizar o parto, eles precisam, muitas vezes, desmarcar consultas para isso. Acaba ficando uma coisa onerosa. É muito mais prático marcar datas na agenda, se programar pra que naquele determinado dia seja feita uma cesárea", opinou.

Incentivo ao parto normal

Em janeiro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou uma resolução estabelecendo normas para estimular o parto normal, reduzindo, assim, a quantidade de cesarianas desnecessárias na rede particular. Pelas regras, as mulheres poderão pedir às operadoras do plano de saúde a quantidade de cesáreas e partos normais por hospital e por médico.

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