Mãe que ficou sem leite especial para filho com hidrocefalia comemora doação anônima

A dona de casa Érica diz que a última vez que recebeu o leite especial para o filho Heitor foi em setembro: "Ele está perdendo peso" — Foto: TV TEM/Reprodução

Mãe que ficou sem leite especial para filho com hidrocefalia comemora doação anônima

Após sofrer com a falta de leite especial na rede pública, em Bauru (SP), a dona de casa Érica Albina de Paula foi surpreendida nesta quarta-feira (4) com uma doação anônima que garantirá por um mês a alimentação do filho, que tem hidrocefalia e só se alimenta por sonda.

“Estava desamparada e desiludida vendo meu filho sem poder se alimentar. Apareceu uma luz. Nem ia montar minha árvore de Natal, mas agora mudei de ideia”, diz a dona de casa, mãe do Heitor, de dois anos e cinco meses.

Érica Albino com o filho Heitor no Natal do ano passado: "Nem ia montar árvore de Natal, mas depois da doação mudei de ideia" — Foto: Arquivo pessoal

Érica Albino com o filho Heitor no Natal do ano passado: “Nem ia montar árvore de Natal, mas depois da doação mudei de ideia” — Foto: Arquivo pessoal

Érica afirmou que a doação chegou via depósito bancário de uma pessoa que pediu para não ser identificada. A dona de casa explica que o valor enviado à família será suficiente para comprar o leite especial para alimentar o Heitor por um mês.

Ao G1, a mulher que fez a doação contou que ficou sensibilizada com o drama das famílias que estão sem o leite especial. Mãe de dois filhos, a mulher, que não quis se identificar, disse que só pensou mesmo em ajudar o próximo.

“Não tem dor maior para uma mãe do que não poder alimentar o próprio filho. Foi dolorido ver uma mulher precisando expor seu drama pessoal e familiar para pedir socorro”, disse a doadora.

Segundo Érica Albina, a última vez que ela conseguiu pegar o suplemento de seu filho na rede pública foi em setembro. E, mesmo assim, numa composição líquida diferente do leite em pó com o qual o menino já estava acostumado.

Desde então, ela vem improvisando uma espécie de soro caseiro que ele coloca na sonda que alimenta seu filho. Essa situação, segunda ela, já fez o Heitor perder peso e apresentar sinais de desnutrição.

“Se ele comesse outras coisas, tudo bem, mas não é o caso do meu filho, que já está entrando em quadro de desnutrição. Liguei hoje [quarta-feira, 4] de novo eles [prefeitura] disseram que não tem previsão de regularizar a situação”, disse Érica.

Além da doação em dinheiro para a compra do suplemento especial, a dona de casa informou que já recebeu outras doações, como uma cesta básica e um pacote de fraldas.

“É uma luta diária cuidar do Heitor, mas hoje me sinto abençoada com essa onda de ajuda e por ver a força desse menino guerreiro, que já passou por 24 cirurgias. Teremos um Natal mais tranquilo”, disse Érica.

‘Racionamento forçado’

O caso do menino Heitor não é o único na cidade. Outros pais de crianças com necessidades especiais que dependem do leite em pó especial para alimentar seus filhos denunciam a falta do produto.

Alex Quintela Alves, pai da Lívia, que tem paralisia cerebral, admite que precisou adotar um "racionamento forçado" do suplemento — Foto: TV TEM/Reprodução

Alex Quintela Alves, pai da Lívia, que tem paralisia cerebral, admite que precisou adotar um “racionamento forçado” do suplemento — Foto: TV TEM/Reprodução

O repositor Alex Quintela Alves, pai da Lívia, de 4 anos, que tem paralisia cerebral e também se alimenta por sonda com o suplemento, admitiu que precisou adotar um “racionamento forçado” do produto.

Segundo ele, desde setembro a família não consegue retirar o leite que custa R$ 20 cada frasco. A menina consome cinco frascos por dia, o que representaria um gasto mensal de R$ 3 mil. Com a falta do produto, o repositor adotou o racionamento.

Explicações

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Bauru explicou que neste ano adquiriu e custeou integralmente, com recursos próprios, a compra do alimento especial. A nota diz que aguarda “a celebração de novo convênio junto à Secretaria Estadual de Saúde”, e que a espera por esse convênio dificultando a regularização das compras.

O texto diz que “todas as providências necessárias foram adotadas a fim de evitar o desabastecimento”, inclusive acionando o Ministério Público Estadual.

Também em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que o convênio está “em fase de finalização” e prevê o repasse de R$ 800 mil ao município de Bauru.

A nota da Secretaria de Estado diz que “a renovação dependia de regularizações na esfera municipal” e que, “tão logo foram sanadas, deu andamento às análises técnicas, incluindo a avaliação das demandas com base nos atuais programas do Ministério da Saúde”.

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