A inflação oficial brasileira acelerou a 0,79% em junho, abaixo do esperado mas na maior alta em quase 19 anos para esse mês, puxada pelos preços maiores em despesas pessoais e passagens aéreas.
Em 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou avanço de 8,89% em junho, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira.
Pesquisa Reuters com especialistas mostrou que as projeções eram de alta de 0,83% na comparação mensal e de 8,94% em 12 meses.
A alta de junho, na comparação mensal, foi a maior para esse mês desde 1996, quando subiu 1,19%, e mostrou ligeira aceleração sobre os 0,74% de maio. Segundo o IBGE, o maior responsável pela leitura foi o grupo Despesas Pessoais, com alta de 1,63%, após 0,74% no mês anterior, tendo impacto de 0,18 ponto percentual.
Dentro do grupo, os preços dos jogos de azar, com avanço de 30,80%, e de empregado doméstico, com alta de 0,66%, foram os principais destaques. Os jogos de azar, cuja alta refletiu reajustes nos valores de apostas, exerceu o principal impacto individual no mês, de 0,12 ponto percentual.
O segundo maior impacto individual veio de passagens aéreas, com 0,10 ponto após alta de 29,19% nos preços. Isso levou o grupo Transportes a registrar avanço de 0,70% em junho, depois de queda de 0,29% no mês anterior.
Já Alimentação e Bebidas, embora tenha desacelerado a alta a 0,63% em junho, ante 1,37% em maio, ainda foi o segundo grupo com maior influência no mês, de 0,16 ponto percentual.
"Não sabemos até onde a contaminação da inflação vai… o que já vemos é uma demanda mais fraca segurando aumentos de preços", afirmou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos. "Há uma queda de braço pela frente na inflação: a alta dos administrados e a sua retroalimentação versus a menor demanda por produtos e consumo", completou.
Ainda segundo o IBGE, os preços administrados –principal peso sobre a inflação neste ano– tiveram em junho alta de 1,12%, contra 1,23% no mês anterior, acumulando em 12 meses 15,10%.
Já os preços de serviços voltaram a acelerar a alta, atingindo 0,80%, após avanço de apenas 0,20% em maio.
O BC vem destacando a necessidade de "determinação e perseverança" no combate à alta dos preços e que quer fazer a inflação ir para o centro da meta no fim de 2016. Para isso, já elevou a taxa básica de juros a 13,75% neste ciclo de aperto monetário, e deve continuar subindo.
Apesar da pressão sobre a inflação no presente, pela pesquisa Focus os especialistas começaram a reduzir as expectativas de ata do IPCA para 2016.
A meta de 2016 é de 4,5%, com margem de dois pontos para mais ou menos. Para 2017, o centro do objetivo é o mesmo, mas com margem de 1,5 ponto percentual.
O resultado abaixo do esperado do IPCA em junho ajudava no recuo das taxas dos contratos de juros futuros nesta sessão, levando o mercado a apostar que a Selic deve subir apenas 0,25 ponto percentual no final deste mês, e não 0,50 ponto como esperado até a véspera.