Indústrias de calcário de Mato Grosso adotam posição cautelosa em 2015

Redação PH

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Indústrias de calcário de Mato Grosso adotam posição cautelosa em 2015

Com 15 empresas de calcário em atividade em Mato Grosso, totalizando 30 unidades de produção, o estado é o maior produtor de calcário do país. Em 2014, foram aproximadamente 6,5 milhões de toneladas. Algumas indústrias registraram um crescimento de até 12% em relação a 2013. Mas a projeção para este ano é cautelosa.

“Estamos prevendo alguma redução. Ainda não temos um número fechado, mas acreditamos que algo em torno de 10% a 20% em função do cenário instável para a soja”, diz Francisco Penço, presidente do Sindicato das Indústrias de Extração do Calcário do Estado de Mato Grosso (Sinecal-MT).

O cenário mais concreto deve estar desenhado até início de abril, quando as compras para a próxima safra de soja estarão bem adiantadas. Até lá, as fábricas seguirão reforçando os estoques, na torcida para que em 2015 sojicultores e pecuaristas mantenham bons investimentos na correção de solo, garantindo mais um ano de prosperidade para a produção de calcário.

A história do insumo mais barato da agropecuária acompanhou o desenvolvimento da produção dos campos mato-grossenses. Do fim da década de 1980 até os dias atuais, a produção mais do que triplicou. Um crescimento necessário para atender a demanda que avançou igualmente neste mesmo período. Mas, ao mesmo tempo em que a atividade consegue colher bons frutos nos bons momentos do agronegócio, também sobre durante as épocas de crise.

O presidente do sindicato lembra que o setor já viveu fases difíceis. Segundo ele, a crise de 2004 e 2005 foi mais sentida pelos empresários de calcário, que atendem produtores de soja, milho e algodão, do que a crise de 2008. “Nós, que produzimos mais de 6 milhões de toneladas em 2004, fechamos 2006 com 1,8 milhão de toneladas com o segmento. Aquilo foi algo que realmente tirou muita gente do mercado”, explica. No entanto, de 2007 até 2011, o setor teve uma recuperação gradativa.

Quase 60% de todo calcário produzido em Mato Grosso saem do município de Nobres, na BR-163, a cerca de 120 km de Cuiabá. São mais de 3 milhões de toneladas. Primeiro se instalaram na região as indústrias de cimento na década de 1970 e, na década de 1980, as de calcário. Com o crescimento da agricultura no norte do estado, ficou mais viável comprar calcário em Nobres e foi aí que mais empresas começaram a se instalar no município.

Considerado um dos insumos mais baratos da agropecuária, o calcário é vendido na região por R$ 42 em média. Mas, mesmo diante deste custo, que é relativamente baixo, ainda tem muitos produtores, especialmente pecuaristas, que não utilizam o insumo nos campos.

O gerente comercial de uma das nove fábricas de calcário do município, Wendel Rodrigues, lembra que o insumo é o único produto que consegue eliminar o alumínio do solo, principalmente em Mato Grosso, que tem terras ácidas. Segundo ele, a cultura da pecuária ainda tem restrições em relação ao uso deste produto. No entanto, a empresa procura popularizar os benefícios do produto junto a instituições de pesquisa para informar os pecuaristas de que seu uso pode melhorar a qualidade e longevidade das pastagens.

Em sua opinião, o aumento do uso do calcário na pecuária é um desafio que pode ser superado com o avanço da integração entre lavouras e pastagens. “Haverá esta expansão, a previsão é de dobrar nos próximos 10 anos a produção de grãos em Mato Grosso e, como não tem mais áreas pra serem abertas, vão ter que cultivar em cima destas áreas que já estão abertas de pecuária”, afirma.

Além da localização privilegiada, a característica da rocha em Nobres também ajuda, como explica o geólogo Thiago Hatanaka. “Nobres está em uma condição favorável, porque além de estar no que chamamos de faixa interna, uma espessura muito grande de rocha carbonática, temos ali estruturas geológicas como falhas que fazem com que a rocha fique mais macia, esse fato faz com que economizemos em explosão, equipamento para britar, tudo. Então é uma condição geológica excelente”, comenta.

Com matéria-prima de qualidade, o trabalho das indústrias se resume a explodir e esmagar as pedras a cada 15 dias. São vinte mil toneladas por detonação, que precisa de várias licenças para ser autorizada.

A extração na jazida da empresa começou há cerca de 30 anos, mas ainda há muito calcário para ser extraído de lá. Segundo Wendel Rodrigues, a jazida tem aproximadamente 700 hectares de calcário. “Estamos com pouco mais de 5% explorada, ou seja, ainda tem calcário aqui neste local do nosso grupo para mais 200 anos”, calcula o gerente comercial.

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