Idosos buscam qualificação e se mantêm ativos no mercado de trabalho

Idosos buscam qualificação e se mantêm ativos no mercado de trabalho

Idosos buscam qualificação e se mantêm ativos no mercado de trabalho

Se os tempos mudaram para todas as pessoas, o mesmo aconteceu com os idosos. O aumento da idade de aposentadoria significa também que os idosos permanecem em atividade mesmo após chegarem à terceira idade.

Por isso, é cada vez mais ultrapassada a ideia de um senhor(a) de 60 anos ou mais, com uma rotina caseira e repetitiva, solitário em frente à TV esperando a visita dos netos para alegrar o seu dia. Hoje, homens e mulheres na respectiva faixa etária permanecem cada vez mais ativos – seja por paixão pela profissão ou pela necessidade de renda.

Conectada com as inovações dos tempos modernos, Kika Carvalho, 63 anos, é turismóloga e destaca que, apesar do dinamismo típico da sua personalidade, ainda enfrenta barreiras do empresariado para trabalhar.

“Na realidade, pensa: idoso? Não contrato porque adoece mais e isso vai me custar mais dinheiro. O empresário ignora que a experiência que esse idoso tem agregada ao uso da tecnologia, ele será mais produtivo para a empresa”, avalia.

São 42 anos em atividade, mas os 35 anos dedicados ao turismo levam Kika a atuar como Consultora de Turismo para empresas privadas que prestam serviços aos setores público e privado, mesmo aposentada, e também é palestrante na área de acessibilidade no turismo, Especialista em Planejamento e Marketing Turístico.

A conexão entre o turismo e a educação, na vida da turismóloga, veio com a docência realizada por sete anos em instituições de ensino superior como a Estácio. Transmitir o conhecimento de forma inovadora era sempre um objetivo constante.

“Sempre busquei ajudar a transformar o conhecimento em algo útil na vida de meus alunos. Ao final do curso de graduação, os estudantes não faziam um TCC por fazer. Eram projetos viáveis de serem implantados, que foram até apresentados ao Banco do Nordeste e Sebrae. Era muito bom ver os alunos realizarem desde o inventário da oferta turística até elaboração de Planejamento turístico e projetos específicos para cada destino”, conta orgulhosa.

Aumento da informalidade

Apesar da intenção, muitos idosos encontram dificuldade para se manterem no mercado de trabalho. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua sinalizou um aumento da informalidade.

As vagas com carteira assinada representavam 27,6% do total nesse grupo populacional no primeiro trimestre de 2016, índice que diminuiu para 26,6% no primeiro trimestre de 2018. Ou seja, os trabalhos sem registro da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), ou por conta própria, ganharam mais espaço. A pesquisa mostrou ainda que o desemprego entre os idosos passou de 18,5%, em 2013, para 40,3%, em 2018.

Com o envelhecimento da população, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma projeção que revela que o percentual de pessoas idosas deve chegar este ano a 9,52% e, em 2060, a 25,5%. Com o aumento da expectativa de vida, a geração mais nova tem muito que aprender com a geração mais velha,

principalmente a desacelerar e ter mais paciência. “O jovem hoje quer que tudo aconteça rapidamente. Se um idoso demora em acessar ou teclar um botão para fazer algo… Nossa!!! Vem logo a frase: você é lerda. O que não concordo. Essa “pressa” de hoje relacionada à tecnologia, gerou pessoas individualistas e impacientes para com o outro. Conheço idosos que estão muito bem integrados com o uso da tecnologia no dia a dia. Eu mesma, melhorei 95% com esse curso”, relata Kika.

Qualificação e Mercado de Trabalho

Para o público idoso, a qualificação é um dos desafios desta tentativa de retorno ao trabalho. Percebendo a carência no mercado de turismo na parte de mídias sociais e digitais, Kika resolveu investir em uma bolsa de estudo do Educa Mais Brasil para o curso de MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais.

“Minha escolha foi muito em função da área que atuo, turismo. E já estou contribuindo, desde o começo do curso. Nas consultorias, mostrando a importância do uso das mídias sociais e digitais para as empresas, municípios que querem desenvolver a atividade, mas ficam investindo erradamente em folhetos nas feiras de turismo, como se isso fosse atingir o público alvo de cada um”.

A consultora de turismo está sempre investindo em conhecimentos que tragam retorno tanto pessoal, quanto profissional. “Amo o que faço e não me sinto velha, fora do mercado. Enquanto tiver saúde estarei em alguma sala de aula, aprendendo para agregar valor aos trabalhos que realizo. Isso só aumenta o meu valor profissional. Porque está mais que comprovado que, nós “idosos”, conseguimos”.

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