Estudo recria malformações da zika em cobaias pela primeira vez

Redação PH

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Estudo recria malformações da zika em cobaias pela primeira vez

Um estudo liderado por brasileiros publicado nesta quarta-feira (11) pela prestigiada revista “Nature”, pela primeira vez mostra como o vírus da zika atravessa a placenta e causa problemas de desenvolvimento — incluindo a microcefalia — em fetos de camundongo.

Para chegar aos resultados, os cientistas isolaram amostras do vírus da zika encontrado na Paraíba e as introduziram nos animais. Os filhotes nascidos desses camundongos infectados foram analisados logo após o nascimento. Eles apresentavam atraso no desenvolvimento do corpo e a presença do vírus em vários tecidos, mas em quantidade significativamente maior no cérebro.

"Fizemos testes em dois tipos de camundongo. Num deles, o vírus consegue atravessar a membrana e atingir o feto. Esse feto nasce com defeito congênito. Num outro tipo, há uma resposta imunológica muito forte. Nesse camundongo o vírus não conseguiu atravessar a placenta, então os filhotes nasceram sem problemas. A conclusão importante do estudo é que isso depende da condição imunológica do paciente. Por isso nem toda pessoa infectada com zika vai gerar uma criança com microcefalia”, explica Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego. O que dá proteção contra a infecção viral para algumas pessoas e não para outras ainda precisa ser pesquisado.

“A importância de você trabalhar com um vírus brasileiro é porque esse é o vírus que está circulando no Brasil. Os trabalhos anteriores são focados no vírus da zika africanos. O vírus da zika africano e o brasileiro são 87-90% semelhantes, mas eles têm 10% de alinhamento genético que são distintos entre eles. Veja só, entre nós e um chimpanzé, nós somos 99% idênticos — então 1% dessa diferença tem impacto significativo”, acrescenta Muotri.

A pesquisa também expôs células-tronco humanas que virariam neurônios ao vírus, e verificou que a variedade brasileira do vírus causa maior mortalidade, ou seja, que é mais agressivo com as células humanas.

Outros estudos

Outra pesquisa divulgada esta semana, mas ainda não publicada em revista científica com revisão, mostra que neurosferas ( espécie de "minicérebros" criados em laboratório) feitos com células humanas e atacadas pelo zika tiveram seu ciclo celular alterado. A replicação do vírus afetou a transcrição e tradução de proteínas nesses neurônios, antes de induzí-los à morte.

Em outro estudo, publicado nesta quarta-feira na revista científica Cell, pesquisadores americanos também usaram camundongos para mostrar como vírus da zika é transmitido da mãe para o feto pela corrente sanguínea e a sua multiplicação dentro da placenta, antes de atacar as células cerebrais. Neste experimento, no entanto, os fetos tiveram o crescimento prejudicado e danos neurológicos, mas não desenvolveram microcefalia.

"Na maioria das vezes, a placenta funciona como uma barreira entre a mãe o feto, mas o zika foi capaz de superar isso", disse Indira Mysorekar, coautora do estudo e pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade de Washington, à agência France Press.

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