Estudantes ocupam escola em Rondonópolis em defesa do ensino público

Redação PH

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Estudantes ocupam escola em Rondonópolis em defesa do ensino público

Cerca de cinquenta estudantes secundaristas estão mobilizados na Escola Estadual Ramiro Bernardo da Silva, em Rondonópolis, vinte e quatro horas por dia, em defesa do Ensino Público e de Qualidade. Lá, eles participam de debates, de rodas de conversa, de palestras, de oficinas sobre artes, esporte, história, línguas, meio-ambiente e política. Além dessas atividades, preparam suas refeições, limpam o ambiente e montam cronograma das atividades que ocorrerão na escola.

De acordo com organizadores do movimento, a ocupação na Escola Ramiro se deu, de forma pacífica, após a negativa da equipe gestora em aderir à paralisação. Para os estudantes, a paralisação é uma luta de todos, de alunos, de professores, de pais e da comunidade. Ocupar a escola Ramiro foi, segundo os organizadores, uma forma de esclarecer os motivos da greve, a importância da adesão de todos e também de unir os alunos contra a privatização do ensino em Mato Grosso.

Várias escolas no estado de Mato Grosso estão ocupadas desde a publicação do projeto do governo do estado que prevê as parcerias público-privadas (PPPs) para serviços de merenda, manutenção, limpeza e vigilância. “É o privado investindo no público. Terceirizar as Escolas Públicas e os Centros de Formação e Aperfeiçoamento Profissional, os Cefapros, é vender o ensino público. As PPPs são um retrocesso aos direitos já conquistados pelas classe trabalhadora da educação. As PPPs permite o contrato de trabalhadores sem concurso, desta forma vários direitos dos trabalhadores serão perdidos, dentre eles, a estabilidade no serviço público”, explica Eduardo Henrique Paula dos Santos, de 15 anos de idade, aluno da Escola Estadual Adolfo Augusto de Moraes.

O projeto das PPPs prevê que empresas privadas assumam toda parte administrativa de 76 escolas estaduais e 15 cefapros. Além disso, poderão construir novas escolas com recursos financeiros do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e gerir toda a escola por até 30 anos. Só não poderão cobrar mensalidades dos alunos, mas os contratos da escola serão administrados pelas empresas, que terão autonomia para cobrar aluguel pelo uso da cantina, da quadra esportiva, das salas de aula ou até permitir lojas dentro da escola. “É um absurdo o que o governo de MT está propondo. Nós, sociedade, não podemos permitir que o ensino público acabe e vire ensino privado”, ressalta o estudante Eduardo Henrique.

Outra pauta de reivindicação dos estudantes secundaristas acampados na Escola Ramiro é a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o desvio de R$ 56 milhões da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Esse montante desviado daria para construir 14 escolas padrão com capacidade de atendimento de 1.700 alunos em cada escola.

“É muita coisa errada que está acontecendo em nosso estado, aliás no país todo. Não podemos deixar o comodismo tomar conta de nós. Não podemos ficar passivos aos projetos do governo que tiram nossos direitos, especialmente o de termos uma educação gratuita e de qualidade. Nós, estudantes, merecemos respeito e estamos lutando pelos nossos direitos. Lutamos também pelos nossos professores que se esforçam, apesar dos baixos salários, para nos ensinar”, afirma Amanda Cristina Moraes de Oliveira, de 18 anos, aluna da Escola Elizabeth de Freitas Magalhães.

Os estudantes secundaristas também incluíram na pauta de reivindicação o pagamento do Reajuste Geral Anual (RGA) aos Servidores Públicos do Estado de MT, do qual o governo anunciou que não irá pagar de acordo com a reposição da inflação anual. “Nossa pauta é ampla. Estamos nessa luta por todos: estudantes, professores, pessoal da área administrativa e de limpeza das escolas, enfim, por todos os trabalhadores. Não estamos fazendo vandalismo, mas sim lutando pelo que é nosso, de direito. A escola está aberta para toda comunidade se unir e lutar conosco”, declara a estudante Amanda.

Ambos os estudantes explicam que a ocupação faz parte do movimento nacional intitulado “Primavera Secundarista”, organizado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e conta com as parceria da Associação Matogrossense dos Estudantes (AME). Professores e funcionários de várias escolas estaduais de Rondonópolis estão dando apoio à ocupação com realização de palestras e oficinas; arrecadando alimentos; buscando parceiros; e prezando pela segurança dos alunos.

Nessa semana foram realizadas oficinas de: stencil, cultivo de plantas e hortaliças e utilização do lixo para adubação, roda de capoeira; leitura e interpretação de texto em inglês; desenho e observação; debate sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No final de semana está programado oficina de aprendizagem de orientação e localização geográfica por meio de jogos; e de malabares. Quem quiser contribuir com o movimento dos estudantes secundaristas é só se dirigir até a escola Ramiro, localizada no bairro Pindorama em Rondonópolis.

Na página do facebook “Estudantes Unidos” há uma carta em que conclama a doação de aulas para escola ocupada. “Doe seu tempo e conhecimento para uma escola pública. Engaje sua comunidade a cuidar da escola pública local. Assim construiremos um ensino público com participação democrática.”

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