Estudantes debatem sobre mulher e mídia durante Caravana da Transformação

Estudantes debatem sobre mulher e mídia durante Caravana da Transformação

‘O lugar de mulher é na cozinha’. ‘Mulher nasceu para casar e ter filhos’. Quando digo para minha namorada trocar a roupa curta por outra maior é para ela obedecer.’ Essas foram algumas das inúmeras frases identificadas como machistas por estudantes da Escola Estadual Governador José Fragelli, localizada nas dependências da Arena Pantanal, em Cuiabá.

 

O grupo de 37 alunos, a maioria deles homem, 27, e cinco mulheres, todos com idade entre 15 e 17 anos, destacaram essas falas durante uma palestra sobre “Estereótipos da mulher na mídia”, realizada nesta quinta-feira (26.04) pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) como parte da Caravana da Transformação.

 

Os estudantes confessaram que, sem perceber, reproduzem esse tipo de frase no dia a dia. Eles também disseram que sempre tem um longo debate sobre isso em sala de aula, mas garantem que após a palestra entenderam melhor a situação do homem e mulher na sociedade.

 

Durante a palestra, ministrada por pesquisadoras e as integrantes de um coletivo feminino, o Publicitárias Com A, foram discutidas a culpabilização midiática da vítima de violência sexual, o discurso masculinizante e a cultura do estupro.

Representatividade

As integrantes do Coletivo Publicitária com A, Débora Nunes e Célia Regina Barbosa Alves, explicaram que as mulheres não se sentem representadas na mídia porque existe uma diversidade de beleza e não só aquela exposta nas propagandas. Mas elas contam que essa realidade já está mudando devido a um novo formato adotado por algumas marcas de produtos como cosméticos, bebidas, que perceberam que não existe um padrão ideal de beleza e comportamento.

 

O aluno do 1º ano do Ensino Médio, Rayan Vitor, 15 anos, entendeu que a exposição do corpo da mulher na mídia é muitas das vezes mal representada, já que nem todas as mulheres são iguais àquelas dos comercias de TV. “Para mim, isso também é machista”, diz Rayan, que finaliza seu ponto de vista acrescentando que a igualdade entre homem e mulher é fundamental.

 

Victor Lucas de Oliveira, 16 anos, do 2 º ano, convive com quatro mulheres em casa: a mãe, duas irmãs e a avó. Ele espera que elas tenham os mesmos direitos que os homens. “Sempre temos um debate sobre isso em sala de aula, mas agora, com essa explicação, pude entender melhor o tema e não quero jamais que minha irmã seja diminuída só por ser mulher”, deseja o adolescente.

 

Feliz com a discussão, a estudante Solene Cristina Mendes, 15 anos, diz que está cansada de ver a mulher sendo representada na mídia como aquela que lava, passa, sorri e cozinha. “Não é isso que quero para mim e estar aqui com a maioria do público sendo meninos é ótimo, porque eles precisam desse espaço para entender que não somos limitadas apenas às funções domésticas, como sempre é mostrado na TV”.

 

A advogada e pesquisadora Tais Brasil conta que desde que as pessoas nascem elas já são estereotipadas. A maioria das meninas ainda quando bebês tem a orelha furada para colocar brincos. Conforma os anos vão passando elas começam a brincar de bonecas, de fazer maquiagem e comidinhas com os utensílios domésticos comprados pelos pais. Enquanto isso os meninos brincam de carrinho e futebol. “Tudo isso induz a criança desde cedo a pensar que a mulher é responsável pelas atividades domésticas e cuidar dos filhos”, pontua.

Cultura do estupro

 

A cultura do estupro foi um assunto que gerou uma extensa discussão no evento. ‘A final, a culpa da violência sexual é ou não da mulher?’ Questionou a mestrando em sociologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Danielle Maiby Rodrigues. Ela trouxe fatos que foram veiculados na mídia e comentários realizados nas redes sociais. “Na internet as pessoas comentam que a mulher não deveria estar naquele local naquela hora. Isso não justifica a violência. Não é por vestir determinada roupa ou estar em determinado lugar que a mulher deve ser estuprada”, acredita Danielle.

 

A superintendente de Política para Mulheres da Sejudh, Mariluci Delgado, parabenizou a participação dos alunos no debate e acha o tema extremamente valioso nessa fase em que os adolescentes estão formando opinião.

Cidadania

Na área do direito do consumidor, o Procon-MT oferta orientações sobre os direitos e deveres dos consumidores, distribuição de materiais informativos e educativos e auxílio à população para registro de reclamações na plataforma on-line www.consumidor.gov.br.

Caravana da transformação

 

O projeto do Governo do Estado tem como carro-chefe os atendimentos oftalmológicos e os serviços de cidadania. A programação segue até o dia 10 de maio. Na área da saúde, o atendimento funciona durante os 24 dias de evento. Os serviços de cidadania são oferecidos até o sábado, 28 de abril: emissão de documento, como RG (Documento de Identidade), CPF, Carteira de Trabalho, 2ª via das certidões de Nascimento, Casamento, Óbito e plastificação de documentos.

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