Depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolver à Presidência a medida provisória que reduz o benefício fiscal de desoneração da folha de pagamentos de empresas, o dólar registrava alta de 2,41% e rompia a barreira dos R$ 3 às 12h50 nesta quarta-feira (4). Ontem, a moeda americana fechou no maior valor em dez anos, a R$ 2,92.
Ontem, o presidente do Senado recusou a MP encaminhada ao Congresso na última sexta-feira (27). O texto altera a alíquota de contribuição previdenciária sobre a receita bruta, aplicada principalmente para setores da indústria, de 1% para 2,5%. Já a alíquota para empresas de serviços, como do setor hoteleiro ou de tecnologia da informação, subirá de 2% para 4,5%.
Renan recorreu ao regimento interno para basear a decisão, que foi aplaudida em plenário por integrantes dos partidos de oposição.
Investidores têm mostrado menor apetite por ativos brasileiros diante da perspectiva de que, mesmo se o ajuste for bem-sucedido em resgatar a credibilidade da política fiscal, a inflação no Brasil deve fechar 2015 acima de 7% e o País deve mostrar contração econômica.
Anteontem, o relatório Focus, feito pelo BC (Banco Central) com analistas de mercado, indicou que a inflação deverá encerrar o ano em 7,47% e uma retração de 0,58% da economia brasileira.
O escândalo de corrupção na Petrobras investigado pela operação Lava Jato também contribuiu para o menor apetite por ativos brasileiros.
Ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregou ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma lista com 54 nomes que se tornaram alvo de inquérito. Não houve apresentação de denúncia.
O Supremo é competente para julgar parlamentares com mandato e ministros de Estado, que têm foro privilegiado. Outros casos de pessoas sem foro podem ser encaminhados à Justiça Federal do Paraná, onde estão os casos ligados ao escândalo como de executivos das empreiteiras investigadas que estão presos em Curitiba.