Dólar nas alturas, como afeta a economia

Marcello Casal JrAgência Brasil

Dólar nas alturas, como afeta a economia

O dólar alto deve permanecer por muito tempo no Brasil, pelo menos, até 2022. Isso é o que indica as últimas declarações do ministro da economia, Paulo Guedes, que chegou a declarar que o dólar baixo estava permitindo que empregadas domésticas viajassem para a Disney e que o dólar baixo era uma farra.

A alta do dólar deve impactar em tudo o que fazemos analistas de casas de análise apontam que este não é melhor momento para realizar investimentos e sim de se preparar para a recessão que está por vir. O valor da moeda americana sempre serviu de termômetro para o mercado brasileiro e a alta do dólar tende a interferir em nosso poder de compra.

Valorização do dólar afeta os preços de muitos produtos no Brasil

O dólar é a moeda mais usada no mercado internacional e a sua valorização perante o real tende a encarecer produtos comprados em outros países. A compra de produtos importantes com o dólar muito alto não é aconselhável, já que mesmo não sendo produzidos nos EUA, estes produtos tendem a ficar mais caros para o consumidor brasileiro.

Até mesmo produtos com fabricação no Brasil podem ficar mais caros com a alta do dólar. Isso acontece porque muitos produtos nacionais, mesmo que fabricados aqui, dependem de matérias-primas importadas. Você pode sentir, por exemplo, um aumento no preço do pão, já que a farinha usada na produção geralmente é importada de países mais frios.
A alta dos preços ainda chegar nas commodities como o café, por exemplo. Mesmo que produzido inteiramente no Brasil, o café é precificado em dólares e isso interfere no preço do produto que chega às prateleiras dos supermercados do país.

Inflação parece controlada mesmo com a alta do dólar

A inflação parece continuar controlada mesmo com a alta do dólar. O valor da moeda americana vem crescendo desde o início de 2018, e mesmo assim o IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo) continua estabilizado.

O IPCA é usado como uma das principais métricas da inflação. O índice se baseia na cesta dos principais produtos consumidos no Brasil e em suas variações de preço. A média é obtida, de acordo com os resultados de todo o país. Isso indica que os impactos da alta do dólar podem ser maiores ou menores em diferentes regiões do país.

Com a recuperação econômica muito mais lenta do que o esperado, o Brasil já não vinha com uma boa estabilidade econômica, mesmo antes do surto do coronavírus. Especialistas apontam que um fator essencial para a manutenção dos preços dos principais produtos foi a desaceleração produtiva do país nos últimos anos.

Com uma produção menor, uma taxa de desemprego e menor percentual de consumo das famílias, a maior parte do empresariado brasileiro decidiu manter os preços dos produtos, evitando repassar a valorização do câmbio para os consumidores para tentar estimular as vendas.

A Reforma Trabalhista também ajudou empresas a evitarem o repasse da alta do dólar para os consumidores. Com leis mais “frouxas”, houve uma maior flexibilização para contratação e demissão de funcionários, o que reduz custos de operação e aumenta o percentual de lucro das empresas.

Exportadores devem ser os principais beneficiados com a alta do dólar

Em tempos de alta do dólar, os exportadores devem ser os maiores beneficiados. Com a confirmação da manutenção do dólar em alta pelo ministro da economia, os setores responsáveis pela exportação de produtos para países estrangeiros devem lucrar bastante no longo prazo.

A expectativa de muitos economistas é que o dólar se mantenha, pelo menos, acima da casa dos R$ 4,50 até o fim deste ano. Atualmente, o dólar está acima da casa dos R$ 5, alcançando suas maiores cotações da história.

Mesmo com o provável benefício da alta do dólar para exportadores, o presidente da Abit, Fernando Pimentel explica que a valorização da moeda americana tem impacto duplo. Se por um lado, aumenta a competitividade da indústria e o valor das exportações, por outro encarece a compra de insumos e a realização de investimentos nestes setores.

Setor de viagens deve ser o mais atingido com a alta do dólar

O setor da economia que mais deve sofrer nestes tempos do dólar em alta é o setor de viagens. Obviamente, o preço das viagens internacionais está mais caro com a valorização do câmbio. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens apontam que mesmo com a alta, as viagens internacionais respondem por 40% das procuras dos viajantes.

Em contrapartida, dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) indica que os brasileiros viajaram menos para o exterior em 2019. Em comparação com 2018, as empresas aéreas transportaram cerca de 9,1 milhões de passageiros em voos internacionais, o que representa uma queda de 2,6% em 2019.

Com o real ainda mais desvalorizado em 2020, a expectativa do setor é que as viagens internacionais diminuam ainda mais neste ano, o que deve se agravar ainda mais com a pandemia do coronavírus.

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