Dia de Campo mostra benefícios de ILPF no oeste paulista

Redação PH

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Dia de Campo mostra benefícios de ILPF no oeste paulista

Solos arenosos, temperatura alta praticamente o ano todo e irregularidade de chuvas não têm sido barreiras para a implantação da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no oeste de São Paulo. O Dia de Campo realizado, em 20 de abril, na Fazenda Campina, do Grupo Carlos Viacava (CV), em Caiuá (SP), mostrou que é possível ter sucesso nessa região. O IV Dia de Campo e a III Reunião Técnica, que ocorreu na véspera (19), foram promovidos pela Embrapa, Cocamar (Cooperativa Agroindustrial), Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) e Rede de Fomento ILPF, com apoio do Grupo CV. Os dois eventos reuniram cerca de 800 pessoas, entre agricultores, pecuaristas e estudantes.

A Fazenda Campina, uma das três fazendas do Grupo CV, iniciou ILP (Integração Lavoura-Pecuária) em 2013 com 177,5 hectares de soja em Sistema de Plantio Direto. Atualmente, a soja cobre 1.200 hectares da propriedade. As condições ambientais da região não permitem alta produtividade da soja, mas isso não é o mais importante para o Grupo CV. Como trabalha com melhoramento genético de animais da raça Nelore, o grupo investiu nos sistemas integrados com o objetivo de reformar os pastos, melhorar a qualidade do solo e de oferta de alimento e, consequentemente, aumentar o desempenho dos seus animais.

O rebanho da Fazenda Campina aumentou em torno de 20% desde que se iniciou a ILP e houve melhora na precocidade sexual das bezerras. As bezerras de 10 a 14 meses estão sendo submetidas à estação de monta por meio de inseminação. Na estação de monta 2015-2016 chegou-se a 54% de bezerras prenhas. Na estação 2016-2017, a taxa de prenhez foi de 66%. “Esse trabalho com as bezerras precoces possibilita fazer toda a reposição de fêmeas da fazenda com bezerras de um ano, acelerando o progresso genético e diminuindo os custos de recria com o encurtamento do ciclo produtivo”, ressaltou Viacava.

Outro resultado que deixa o presidente do Grupo CV satisfeito com a ILP é a formação do pasto de inverno. É justamente na época seca (inverno) que ocorre o desmame dos animais e, portanto, precisa ter alimento disponível no campo. “Temos tido pasto abundante e de qualidade. Para garantir comida para os animais no inverno todo, produzimos também silagem de soja, de milho e outros grãos”, explicou Viacava ao destacar que o aumento de ganho de peso dos animais é uma consequência da melhoria das pastagens. Esse aumento de ganho de peso dos animais fica evidente quando se compara o peso a desmama com um ano de idade. Em 2011, o peso dos machos foi de 53 kg, e em 2015, 82 kg. O peso das fêmeas, em 2011, foi de 43 kg e 72 kg, em 2015.

Estações –o Dia de Campo contou com três estações. O pesquisador da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) Luiz Adriano Cordeiro falou sobre a recuperação de pastagens degradadas com produção de silagem. Ele ressaltou que a produção de silagem é uma forma de fazer agricultura e após a colheita se obter uma pastagem recuperada. A vantagem da recuperação da pastagem por meio de cultivo agrícola é amortização de custos pela renda da colheita e pelos resíduos da adubação deixados pelas lavouras.

Cordeiro apresentou os sistemas Santa Fé e Santa Ana, que são consórcio de milho ou sorgo com capins. O pesquisador listou as formas de implantação desses sistemas, as espécies mais utilizadas, os benefícios dos sistemas e as recomendações como colheita, altura de corte, adubação e uso da área para iniciar o pastejo dos animais.

Os resultados do consórcio de gramíneas e leguminosas e desempenho animal na ILP foram apresentados pelo gerente da Fazenda Campina, Juliano da Silva. Alguns dos benefícios, apontados por ele, foram sobre as leguminosas servirem para pastejo com grande valor nutritivo; promoverem a fixação de Nitrogênio no solo; terem alto volume de matéria seca de alta qualidade; além das vantagens da diversificação de espécies forrageiras e graníferas no sistema.

A evolução na qualidade do solo de produtividade agrícola de ILP foi o tema da estação do técnico da Cocamar – unidade Presidente Prudente, Diogo Rojas, e do coordenador do curso de Agronomia da Unoeste, Carlos Tiritan. Foram apresentados os principais parâmetros da fertilidade do solo nas áreas integradas com milho, soja, milheto e braquiária, além dos dados de evolução da matéria orgânica do solo.

Referência –a Fazenda Campina é uma das 97 Unidades de Referência Tecnologia (URT) acompanhadas por equipes técnicas da Embrapa. As URTs são áreas de produtores rurais que servem para avaliar e validar tecnologias, como também, são importantes instrumentos de transferência de tecnologia.

Pensando na possibilidade de instalar uma URT no sul de Goiás, o empresário David Campos, da Sementes Moeda, reuniu um grupo para participar dos eventos no oeste paulista. O grupo foi formado por presidentes de sindicatos rurais, secretários de desenvolvimento rural, secretários de agricultura, consultores técnicos e pecuaristas dos municípios goianos de Quirinópolis, Jataí, São Simão e Paranaiguara.

“Organizei esse grupo para que todos vissem o exemplo do Viacava. Se aqui é viável, com condições ambientais piores que as de nossa região, nós podemos estimular a agricultura e nos tornamos também uma região de referência em ILP”, afirmou Campos.

O exemplo da Fazenda Campina também animou o agricultor João Schneider, de Umuarama (PR). Ele planta soja em região com solos de baixa fertilidade, arenosos como o do oeste paulista. Segundo ele, a produtividade da cultura ainda é baixa e a maior preocupação é aumentar a qualidade do solo. “É muito bom saber o que está sendo feito em regiões com os mesmos problemas que a nossa. Uma coisa é ouvir as orientações dos técnicos e outra é poder ver no local”, disse o produtor.

Reunião Técnica –na III reunião técnica, realizada na noite do dia 19, na Unoeste, a mesa da solenidade de abertura foi composta pelo pró-reitor Acadêmico José Eduardo Creste; pelos presidentes do Grupo CV, Carlos Viacava, e da Cocamar, Luiz Lourenço; pelo chefe-geral da Embrapa Cerrados Cláudio Karia; pelo diretor-executivo da Rede de Fomento ILPF William Marchió; e pelo supervisor do setor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), José Alberto Portugal.

A importância da união das instituições de pesquisa, de ensino e setor produtivo foi enfatizada durante o evento. O chefe-geral da Embrapa Cerrados Cláudio Karia destacou as atribuições das parcerias entre essas instituições. “A pesquisa deve desenvolver tecnologias de acordo com as necessidades dos produtores, para que essas tecnologias cheguem ao campo é preciso o apoio da assistência técnica e das instituições de ensino, que são fundamentais para repassar esses conhecimentos”, ressaltou.

Para o presidente da Cocamar Luiz Lourenço, o maior objetivo da cooperativa e das demais empresas da Rede de Fomento ILPF é transferir tecnologias, que podem gerar renda aos produtores, aumentar a oferta de emprego e garantir a sustentabilidade econômica, social e ambiental da região.

Na palestra sobre adoção dos sistemas integrados no Brasil, William Marchió apresentou os resultados da pesquisa feita pela Rede de Fomento ILPF, em 2016. Os sistemas integrados estão em 11,5 milhões de hectares, dos quais 83% na modalidade Integração Lavoura-Pecuária (ILP). De 2010 a 2015 o incremento foi de 5,96 milhões de hectares, o que significa que o país já superou a meta de aumentar a adoção de ILPF em 4 milhões de hectares até 2020.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Júlio Salton, falou sobre a importância da braquiária para aumento de qualidade de solos em sistemas de ILP. Ele explicou que a braquiária pode interferir no aumento da matéria orgânica no solo formando palhada para sua cobertura e suas raízes são importantes para a estrutura do solo. A palhada proporciona maior taxa de infiltração da água da chuva e reciclagem de nutrientes. Já as raízes são responsáveis pela formação e estabilidade de macroagregados, aporte de carbono, maior disponibilidade de nutrientes e oferta de água.

As outras palestras foram sobre a importância da nutrição para a geração de matrizes superprecoce de bovinos de corte e ILPF na pequena propriedade, apresentadas, respectivamente, por Graciela Quintans, do Unia (Uruguai), e por João Batista Barbi, da Emater do Paraná.

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