Estreante na Câmara Federal, o ex-prefeito de Rondonópolis Adilton Sachetti (PSB) anunciou que pretende desempenhar o papel de parlamentar representante do setor do agronegócio de Mato Grosso em Brasília. Eleito com 112.722 votos, Sachetti foi o segundo deputado mais votado no estado este ano e defende uma representação efetiva do setor agropecuário no Poder Legislativo devido à sua importância econômica em Mato Grosso.
“Eu sempre fui ligado ao agronegócio. Mesmo tendo começado na construção civil, fui para a construção de silos, armazéns, portos, sempre com um pé dentro do agronegócio, que era o negócio da minha família. Eu venho de um setor, que é o agronegócio, e eu vou ser um representante do agronegócio. Eu tenho o agronegócio no sangue. E, goste ou não goste dele, é entre 70% e 75% da nossa economia. Então, se a gente olhar dentro de conceitos teóricos, nós [deputados federais], somos oito. Setenta e cinco por cento de oito, teria de ser praticamente seis deputados oriundos desse setor. Mas só tem um que vem desse setor, só eu que sou agricultor nato – os outros não têm isso como sua maior atividade”, defendeu o parlamentar eleito.
Setor produtivo
A ligação de Sachetti com o agronegócio resultou na criação de diversas entidades representativas do setor em Mato Grosso e no país. Ele participou da fundação de entidades como a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), para citar algumas.
De acordo com o deputado, defender o agronegócio não consiste apenas numa defesa do empresariado ligado ao setor, mas fortalecer toda a economia do estado.
“Eu não recebi voto só no setor do agronegócio ou só nas cidades do agronegócio. Eu tive voto em todo o estado. Eu tenho que pensar no estado, mas eu começo a olhar o estado e vejo que todos os municípios praticamente têm a ver com o setor, estão interrelacionados. Cuiabá é o único que teoricamente não está, mas tire o agronegócio, vamos dizer que não tenha safra no estado, o que acontece com o estado, com o seu emprego? Como é que o estado vai buscar aqueles outros 75% de arrecadação que ele precisa?”, questiona.
Apesar do foco no agronegócio, Sachetti se diz atento às demandas municipalistas e à necessidade de reformas fiscal e política. Para ele, a Câmara precisa votar reformas e projetos de forma a reduzir o “peso do estado nas costas do cidadão”, tornando o estado menos tutelador e mais provedor. Sobre a linha de atuação que pretende adotar, Sachetti também adianta que deverá agir como ligação entre as demandas da sociedade e o Poder Legislativo.
“Eu não tenho projetos prontos, não vim aqui com 20 projetos desenhadinhos, 'vou trabalhar pra isso, pra isso e pra isso'. Eu vim para que as demandas que a sociedade tiver, os anseios que a sociedade tiver, eu possa levar como um elo entre ela e o Congresso Nacional”, esclarece.
Conheça o deputado
Nascido em Nova Veneza (SC), Adilton Sachetti é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos, em Curitiba, tendo atuado na área com um escritório em São Miguel do Oeste (PR). Mudou-se para Rondonópolis em 1983 para trabalhar com o Grupo Maggi no setor de construção, mas mantendo os negócios da família na área agrícola. Atuou no sindicato rural e ajudou posteriormente na criação de entidades ligadas ao setor produtivo, como a Aprosoja.
O primeiro cargo disputado e conquistado por Sachetti foi o de prefeito de Rondonópolis, cidade a 218 km de Cuiabá, em 2004, pelo PPS. Depois, filiou-se ao PR. Após o mandato na Prefeitura, chegou a ocupar uma secretaria extraordinária de articulação no governo do estado e comandou a extinta Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa (Agecopa) em Mato Grosso. Após deixar a agência, voltou à iniciativa privada e filiou-se ao PDT, mas, por uma questão de “arranjo partidário de campanha” de 2014, filiou-se ao PSB para candidatar-se a deputado federal este ano.
Sobre a mudança de siglas, Sachetti afirma que, atualmente, não existe mais no meio político qualquer critério ideológico para filiar-se a qualquer partido, mas diz que se identifica com ações de promoção da qualidade de vida da população tendo o socialismo como referência. “É trabalhar para a sociedade se focar na qualidade vida, no melhor IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], melhores relacionamentos e bem estar social a todos, não a alguns”, resume.