A CPI das Fake News ouviu, em reunião na tarde desta terça-feira (03.12), as experiências de cinco jornalistas convidados. Eles apontaram a educação e o fortalecimento da democracia como formas de combater a desinformação.
Autor dos requerimentos que resultaram nas oitivas, o deputado federal Dr. Leonardo (Solidariedade-MT) justificou que a ideia foi discutir uma medida prática já adotada pelos veículos de comunicação contra a repercussão das notícias falsas: o “Fact Checking”, uma checagem de fatos, histórias, dados, pesquisas e registros.
“Tão importante quanto debatermos aqui medidas para coibir as Fake News, é ouvir os profissionais da área. Isso porque nossas ações precisam estar conectadas com a realidade. A divulgação de histórias falsas pode causar prejuízos financeiros, eleitorais, constrangimentos, injúria e difamação de pessoas, empresas e organizações. Estamos vendo exemplos disso a cada encontro nosso. Por isso, precisamos de um esforço legislativo para solucionar tudo o que estamos mapeando aqui”, explicou Dr. Leonardo.
Para o jornalista Arnaldo Cesar Ricci Jacob, representante da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), as fake news corroem a democracia, pois confundem a formação da opinião pública e desestabilizam o estado democrático de direito. Ele afirmou que a ABI tem 111 anos de fundação e sempre teve um papel importante na trajetória democrática do país. Ele considerou que as fake news hoje em dia deixaram de ser amadoras e alertou para o risco do deep fake, quando vídeos são adulterados para a inserção de rostos em uma situação alheia.
Jacob ainda sugeriu ao Congresso a criação de mecanismos que apoiem e financiem instituições que pesquisam informação digital e podem ajudar a combater a disseminação de notícias falsas.
Democracia – O vice-presidente regional Centro-Oeste da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Gésio Passos, ressaltou que a estratégia da desinformação não é nova. Ele apontou, porém, que a ampliação do acesso à internet favoreceu a disseminação das notícias falsas. Na visão de Passos, a desinformação é uma aliada da estratégia de grupos políticos extremistas.
Gésio Passos também criticou a desregulamentação da profissão de jornalista, prevista na Medida Provisória (MP) 905/2019, em análise no Congresso. Para Passos, com a falta de regulamentação, a qualidade profissional do jornalista pode cair e a falta de cuidado ético com a veracidade da notícia pode prosperar. Ele disse que a solução para o problema passa pelo fortalecimento da democracia, inclusive nos meios de comunicação.
Saúde – Diretora executiva do portal Aos Fatos, a jornalista Tai Nalon disse que o fenômeno da desinformação deve se prolongar e que não existem receitas prontas para vencer essa cultura. Ela apresentou ferramentas tecnológicas do Aos Fatos que podem auxiliar o leitor a conferir a veracidade de uma informação.
Educação – A repórter da Agência Lupa Natália Levien Leal apresentou as principais rotinas de checagem da agência. Ela informou que a Lupa checa cerca de 40 notícias por mês. Na visão de Natália, quanto mais informação, mais transparência e mais poder de decisão. Ela disse que a solução para a questão das fake news passa muito mais pela educação do que pela criminalização. Na mesma linha, o jornalista Thiago Reis, do serviço Fato ou Fake, do Portal G1, informou que 70 jornalistas trabalham hoje no processo de checagem dentro do Fato ou Fake.
A CPI – A CPI foi criada para investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições 2018. A prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores e sobre agentes públicos, o aliciamento e a orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio também estão entre os objetos de investigação da CPI, que tem até o dia 13 de abril de 2020 para concluir seus trabalhos.
Com informações da Agência Senado