Coronavírus x Economia

Coronavírus x Economia

Nos últimos vinte dias eu procurei ler artigos e ouvir as opiniões técnicas de abalizados médicos, pesquisadores residentes no Brasil e no exterior – a maioria dedicada aos estudos das viroses, a respeito do coronavírus e seus efeitos, todos eles com vasta experiência no enfrentamento de endemias e pandemias em seus respectivos países. Ensinamentos dos mais valiosos para todas as pessoas que atuam em outras áreas do conhecimento, sempre são extraídos das explicações prestadas por esses dedicados profissionais da saúde.

As chamadas epidemias ou pandemias de um modo geral, quando penetram no território de um determinado país provocam óbitos notadamente de pessoas idosas muitas destas acometidas de doenças crônicas e portanto mais vulneráveis aos efeitos do vírus. É sempre necessário que as recomendações dos médicos especializados sejam devidamente acatadas, permanecendo as pessoas dentro de suas residências, evitando sair às ruas para proteger-se ao máximo da contaminação, lavar as mãos com sabão diversas vezes ao dia, manter sempre as pessoas mais jovens distantes das mais idosas mesmo dentro da própria família.

No caso específico da COVID 19, ela vem se alastrando nos últimos três meses por muitos países, transtornando a vida das pessoas e interrompendo o fluxo da produção e do comércio e conseqüentemente afetando a economia de todos eles. No início deste ano os efeitos do coronavírus foram nefastos na população de uma determinada região da China na qual o vírus teria surgido conforme revelaram os estudos, penetrando em países da Europa oriental e prosseguindo até chegar na região norte da Itália. Em pleno inverno europeu com temperaturas em torno de zero graus celsius, o coronavírus encontrou ambiente propício para se propagar, afetando violentamente a população idosa do norte da Itália. Explica-se ainda que naquela região residem cerca de 200.000 chineses os quais, no final do ano, visitaram os parentes na China retornando à Itália, alguns já contaminados.

É sabido pelos estudos que o coronavírus prolifera com facilidade, todavia os seus efeitos letais são considerados baixíssimos nas crianças e nos jovens, exceto quando atingem pessoas idosas de alto risco. Nas crianças, quando contaminadas, os dados científicos mostram que a mortalidade é ínfima, da ordem de 0,2% aumentando na medida em que a idade das pessoas avança, chegando a 15% nos idosos a partir de 60 anos. Em um país ou região de clima quente com temperaturas acima de 23 a 25 graus celsius, os estudos demonstram que o coronavírus não resiste, enquanto o maior ou menor número de óbitos neste ou naquele país ou mesmo região de países, têm explicações específicas.

Nos países localizados no hemisfério Sul o coronavírus penetrou somente a partir dos festejos do carnaval, razão pela qual as autoridades sanitárias puderam se antecipar tomando as providências cabíveis o que representa um fator positivo no preparo da nossa estratégia de defesa contra as ações do vírus. Transcorrido o mês crítico de março quando inúmeras providências foram tomadas pelas autoridades de muitos destes países para contrapor-se à chegada do vírus, as restrições impostas afetaram sobremaneira o cotidiano da população, fazendo com que a economia sinalizasse declínio, exigindo outras providências dos governos.

No caso específico do coronavírus no território brasileiro, devemos ter em mente que o nosso clima costuma ser quente por quase todo o outono excetuando a região Sul, e muito quente em toda a região amazônica e nordeste. Esta realidade deveria nos dar uma relativa tranquilidade comparativamente ao que ocorreu no último mês em muitos países frios. Decorridas três semanas em que os brasileiros estão recolhidos em suas residências, em acatamento às ordens superiores, a economia apresentou sinais de alerta a todos nós em que pese as ações desencadeadas pela equipe de economia do governo federal. As providências aliviarão o arrocho financeiro já perceptível nos lares das pessoas humildes, a maioria autônomos e desempregados, as quais sempre sobreviveram com ganhos decorrentes de serviços esporádicos conquistados nas ruas, agora inexistentes.

Sabe-se que a economia de um país é expressa pelo contínuo fluxo de produção, do transporte dos produtos, da comercialização destes, do recolhimento dos impostos aos diversos cofres públicos e da

destinação de parte dos impostos como empréstimos aos setores de produção momentaneamente debilitados, investimentos em pesquisas, etc. A diminuição do ritmo deste fluxo é nociva ao país – já passamos por isso no passado recente, enquanto a interrupção do fluxo constitui uma catástrofe nacional. O coronavírus ceifará a vida de muitos de nós. A ruptura da economia do país ceifará a vida de quase todos nós. Esta é a nossa cruel realidade no momento!

É óbvio que um colapso na nossa economia ocorrerá se as pessoas afastadas dos seus afazeres temporariamente, não voltarem aos seus postos de trabalho paulatinamente consoante um planejamento rigoroso a ter início neste mês de abril. Tenhamos ainda em nossa mente que o país, surpreendido com o surto do coronavírus, vinha se recuperando dos efeitos de uma profunda recessão face às ações dos nefastos dirigentes dos governos federais que antecederam ao atual, exatamente quando este, depois de um ano de intensos trabalhos, vinha apresentando índices positivos da economia brasileira, decorrentes de suas ações.

Por outro lado, o coronavírus não pode e não deve constituir-se em motivo de bloqueio das ações da equipe ministerial no esforço de avançar nas providências objetivando a aprovação das reformas estruturantes pelo Congresso Nacional. Mais que nunca, é nesta fase delicada da vida nacional que os poderes constituídos têm que demonstrar as razões de sua existência, cada qual redobrando os seus esforços no cumprimento de suas enormes responsabilidades perante a população, há muito esperançosa das mudanças prometidas.

Como dar início, paulatino e bem planejado, ao processo de retorno da força de trabalho aos seus devidos postos nas empresas e instituições? A meu ver esta é uma tarefa dos governos constituídos, cada qual em suas esferas de ação agindo de forma harmoniosa, aliados aos representantes das instituições representativas dos mais diferentes setores da economia, as quais, estou informado, já estão se reunindo com a equipe econômica do governo federal buscando definir as estratégias para o retorno paulatino do país à normalidade.

É no momento crítico de uma nação que os seus líderes têm que demonstrar a capacidade de dialogar para necessariamente chegar ao entendimento, este indispensável para levar o país a romper a presente “tempestade” e garantir segurança à população para a mesma voltar as suas rotinas de trabalho garantindo a sustentação da economia nacional. Chegaremos lá com certeza. Eu acredito.

Cuiabá, abril de 2020

Otacílio Borges Canavarros – cidadão brasileiro consciente. Email: [email protected]

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