Contas externas têm rombo de mais de US$ 10 bilhões em janeiro

Redação PH

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crise econômica pode trazer oportunidades de investimento, avalia especialista

Contas externas têm rombo de mais de US$ 10 bilhões em janeiro

Nas operações do Brasil com outros países, foi registrado um déficit de US$ 10,6 bilhões em janeiro deste ano, informou o Banco Central nesta terça-feira (24).

O resultado das contas externas, que mostra despesas maiores que as receitas, leva em conta a balança comercial (importações e exportações), os serviços (como gastos em viagens e transportes) e as rendas (como juros e remessa de lucros, entre outros), um dos principais indicadores do setor externo.

Mesmo em patamar ainda elevado, houve queda em relação ao mesmo mês de 2014, quando o déficit em conta corrente somou US$ 11,58 bilhões, o maior valor apurado em todos os meses pelo BC.

Em todo o ano passado, o déficit em transações correntes somou R$ 90,9 bilhões, o maior valor desde o início da série histórica, em 1947. Na proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador considerado mais adequado por economistas, somou 4,17%, a maior marca em 13 anos.

Acima de 4% do PIB, o déficit brasileiro, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), é um dos maiores do mundo.
Para 2015, o BC prevê um resultado negativo de US$ 83,5 bilhões neste ano, o equivalente a 3,79% do PIB – patamar ainda elevado para padrões internacionais.

Componentes das contas externas

A melhora nas contas externas, em janeiro, está relacionada, principalmente, com o resultado da balança comercial brasileira.
No primeiro mês de 2014, o déficit comercial (importações maiores do que vendas externas) foi de US$ 4,06 bilhões. No mesmo mês deste ano, o saldo das transações comerciais com o exterior ainda permaneceu negativo, mas em menor proporção: -US$ 3,17 bilhões.

Além da balança comercial brasileira, dentro da conta de transações correntes também estão as rendas, que incluem, por exemplo, as remessas de lucros e dividendos (parcelas de lucros) ao exterior, e os serviços, que englobam as viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos, entre outros.

No caso das rendas, o BC informou que foi registrado um déficit de US$ 3,96 bilhões em janeiro deste ano, contra um resultado negativo de US$ 4,37 bilhões no mesmo mês de 2014.
A conta de serviços, por sua vez, que engloba os gastos de brasileiros no exterior, registrou um déficit de US$ 3,61 bilhões no mês passado, contra o resultado negativo de US$ 3,33 bilhões no mesmo mês de 2014.

Investimento estrangeiro direto

O Banco Central informou ainda que o ingresso de investimentos no Brasil somou US$ 3,96 bilhões em janeiro. Com isso, os investimentos recuaram em relação ao mesmo mês de 2014, quando somaram US$ 5,11 bilhões, e não foram suficientes, novamente, para "financiar" em sua totalidade o déficit das contas externas do período.

Para 2015, a previsão do BC é de que os investimentos estrangeiros somem US$ 65 bilhões, não sendo suficientes, outra vez, para financiar o déficit em conta corrente do próximo ano – previsto em US$ 83,5 bilhões.

Financiamento do déficit externo

Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.

Economistas alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB, de indicadores ruins das contas públicas e externas brasileiras, a atratividade da economia brasileira também é menor, o que pode significar um pouco mais de dificuldade no financiamento do déficit das contas externas.

O governo tem lembrado que as reservas internacionais brasileiras, acima de US$ 370 bilhões, conferem tranquilidade na administração das contas externas brasileiras.

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