Contas externas têm em setembro sexto mês seguido de saldo positivo

Marcello Casal JrAgência Brasil

Contas externas têm em setembro sexto mês seguido de saldo positivo

As contas externas registraram saldo positivo pelo sexto mês seguido em setembro, de US$ 2,320 bilhões, informou hoje (23) o Banco Central (BC). Foi o primeiro resultado positivo para setembro desde de 2007 (US$ 482 milhões) e o maior para o mês na série histórica iniciada em 1995.

No ano passado, no mesmo mês, houve déficit de US$ 2,727 bilhões em transações correntes (contas externas), que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países.

“Seguindo a tendência dos meses anteriores, essa reversão decorreu do aumento de US$ 2,1 bilhões no superávit da balança comercial de bens, e das reduções de US$ 2,1 bilhões e de US$ 885 milhões nos déficits em renda primária [lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários] e serviços [viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros], respectivamente”, diz o BC, em relatório.

Em 12 meses encerrados em setembro, houve déficit em transações correntes de US$ 20,7 bilhões (1,37% do Produto Interno Bruto – PIB), ante saldo negativo de US$ 25,7 bilhões (1,66% do PIB) no período equivalente terminado em agosto.

Balança comercial

As exportações de bens totalizaram US$ 18,485 bilhões em setembro, com recuo de 9,1% em relação a igual mês de 2019. As importações somaram US$ 13,130 bilhões, queda de 23,3% na comparação com setembro do ano passado. Com esses resultados, a balança comercial registrou superávit de US$ 5,355 bilhões no mês passado e de US$ 36,969 bilhões, no acumulado de sete meses.

Serviços

O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) atingiu US$ 1,621 bilhão em setembro, ante US$ 2,506 bilhões em igual mês de 2019. Nos sete meses do ano, o saldo negativo chegou a US$ 15,350 bilhões, ante US$ 25,593 bilhões de janeiro a setembro de 2019.

No caso das viagens internacionais, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a US$ 164 milhões, enquanto as despesas de brasileiros no exterior ficaram em US$ 301 milhões. Com isso, a conta de viagens fechou o mês com déficit de US$ 138 milhões. No acumulado do ano até setembro, o saldo negativo é de US$ 2,029 bilhões.

Rendas

Em setembro de 2020, o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou a US$ 1,625 bilhão, contra US$ 3,733 bilhões em igual período de 2019. De janeiro a setembro, o saldo negativo ficou em US$ 30,089 bilhões, ante US$ 42,825 bilhões em igual período do ano passado.

A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 212 milhões, contra US$ 280 milhões em setembro de 2019. Nos sete meses do ano, o resultado positivo chegou a US$ 1,994 bilhão, contra US$ 977 milhões em igual período de 2019.

Investimentos

Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,597 bilhão no mês, ante US$ 6,033 bilhões em setembro de 2019. De janeiro a setembro, o IDP chegou a US$ 28,554 bilhões, contra US$ 52,032 bilhões nos sete meses de 2019.

Nos 12 meses encerrados em setembro de 2020, o IDP totalizou US$ 50 bilhões, correspondendo a 3,31% do PIB, em comparação a US$ 54,5 bilhões (3,52% do PIB) no mês anterior.

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo. Apesar de os investimentos estarem menores neste ano, no acumulado de 12 meses o IDP supera o déficit nas contas externas.

Em setembro, houve entrada líquida de investimento em carteira no mercado doméstico no total de US$ 1,207 bilhão, contra US$ 4,911 bilhões de saída líquida em igual período de 2019. No caso das ações e fundos de investimento, houve saída de US$ 972 milhões. Já os investimentos em títulos de dívida tiveram entrada líquida de US$ 2,179 bilhões.

De janeiro a setembro, houve saídas líquidas de US$ 27,074 bilhões nesses tipos de investimento, contra a entrada líquida de US$ 2,598 bilhões observados em igual período de 2019.

+ Acessados

Veja Também