Conselheiro diz que Papa está ‘determinado’ a reformar Igreja

Redação PH

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Conselheiro diz que Papa está ‘determinado’ a reformar Igreja

O papa Francisco está "determinado" a avançar com as reformas na Cúria romana após o vazamento de documentos que revelam deslizes financeiros no Vaticano, assegurou nesta quarta-feira (4) o número três da Santa Sé, o arcebispo Angelo Becciu, de acordo com a agência France Presse.

Após as novas revelações, referindo-se particularmente aos desfalques de fundos destinados aos pobres ou doentes para financiar o estilo de vida luxuoso de alguns cardeais, o substituto na secretaria de Estado revelou em seu Twitter as palavras de Jorge Bergoglio: "Sigamos em frente com confiança e determinação".

Pouco antes, aqueles que se encontraram com o Papa nos últimos dias o consideraram "muito amargo", mas também "perplexo e irritado", segundo comentários divulgados pela imprensa italiana.

O secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana, Dom Nunzio Galantino, comentou sobre o caso no canal TV2000, de acordo com a AFP. "Eu me coloco em seu lugar. Todo o filho da Igreja, diante de tais ataques concêntricos, não pode ficar indiferente".

"Alguém certamente tem medo do processo de renovação que o Papa está travando", considerou Dom Galantino, próximo do papa Francisco.

"Eu acredito que algumas pessoas têm medo de uma Igreja que está começando a ser inatacável em certos pontos, que começa a ser também credível aos olhos dos não-crentes, e isso faz com que alguns percam a razão", acrescentou.

Vazamento

Dom Galantino denunciou o padre Lucio Anjo Vallejo Balda e a assessora Francesca Chaouqui, suspeitos de roubar documentos confidenciais, e os dois jornalistas italianos autores dos livros que trarão revelações sobre o Vaticano, Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi.

"Estas quatro pessoas, se realmente disserem que estavam agindo para o bem do Papa, só disseram besteiras. Elas sabem que estão mentindo, porque não ajudamos alguém esfaqueando-a por trás ou roubando conversas privadas, e criando problemas à Igreja", insistiu.

Francesca Chaouqui afirma que foi o padre espanhol que gravou as conversas privadas do Papa, segundo revelou o jornal La Repubblica nesta quarta. Os dois foram detidos, mas ela foi liberada porque o Vaticano considerou que ela está colaborando com as investigações.

"Foi monsenhor Balda que fez as gravações do Papa Francisco, eu não sabia nada. Foi ele que mostrou uma gravação aos membros da Cosea", disse Chaouqui a comissão criada para estudar a estrutura econômica e administrativa da Santa Sé, da qual ambos participaram.

Chaouqui afirmou ao jornal La Repubblica que estava envolvida no caso, a pedido do sacerdote, que era seu amigo e que foi quem a recomendou para participar da comissão.

No entanto, após a publicação da entrevista, a publicitária denunciou em sua página no Facebook que o jornalista havia utilizado suas declarações sem o seu acordo.

Livros

Os livros, "Mercadores no Templo”, de Gianluigi Nuzzi, e "Avareza", de Emiliano Fittipaldi, estarão nas livrarias já na quinta-feira. De acordo com a imprensa italiana, os livros revelam sobretudo a forte oposição interna às reformas financeiras do papa Francisco.

Neles se denunciam as irregularidades atávicas que por décadas foram cometidas com as finanças do Vaticano, como o desvio de 400 milhões de euros do "Óbolo de São Pedro", com doações provenientes de todo o mundo, para a Cúria Romana, ou seja, a gestão da máquina.

Os livros citam e-mails, atas de reuniões, conversas privadas gravadas e notas que demonstram o excesso de burocracia, a má gestão, o desperdício, e fastos milionários com aluguéis.

O Vaticano disse na segunda-feira que os livros "geram interpretações confusas, parciais e tendenciosas", em um comunicado em que anunciou a prisão do padre Lucio Anjo Vallejo Balda e da leiga Francesca Chaouqui.

Livro

Um dos destaques do livro de Nuzzi, entregue para a Reuters antes da publicação, é a transcrição de uma gravação do papa em uma reunião em julho de 2013– quatro meses após sua eleição –, na qual ele reclama com altos oficiais do Vaticano sobre a falta de transparência nas finanças.

"Temos que esclarecer melhor as finanças da Santa Sé e torná-las mais transparentes", disse ele, segundo a transcrição da gravação citada no livro, que o autor diz ter sido feita secretamente por alguém na sala.

"Cla-re-za. Isso é o que é feito nas empresas mais humildes, e temos de fazer também", disse ele, acrescentando que "não é exagero dizer que a maioria de nossos custos estão fora de controle", segundo o livro, citado pela Reuters.

Nuzzi chegou à fama em 2012 com o livro "Sua Santidade", escrito em grande parte com base em documentos vazados pelo mordomo do papa Bento XVI, Paolo Gabriele, que roubou o material da mesa do pontífice.

Esse escândalo, que levou à detenção e prisão do mordomo, ficou conhecido como "Vatileaks" e acredita-se que o alvoroço que causou tenha, em parte, motivado a decisão do papa Bento de renunciar no ano seguinte.

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