Desde o último dia 7, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lideram a Operação Espadas de Ferro em resposta aos intensos ataques do grupo fundamentalista Hamas. O país oficialmente declarou guerra contra os militantes na Faixa de Gaza, algo que não ocorria havia 50 anos. O mundo voltou sua atenção para o conflito no Oriente Médio, desviando o foco do confronto entre a Ucrânia e a Rússia.
Nesse cenário, as redes sociais foram inundadas com imagens da guerra, incluindo as ações da Força Aérea Israelense (IAF), que bombardeia Gaza com seus aviões de combate. Um artigo do jornalista Gabriel Centeno, da Aaeroflap, destaca os principais caças usados pelo país nos conflitos recentes.
Reconhecida por ser uma das Forças Aéreas mais experientes em combate, a IAF também está entre as mais bem equipadas da região. A maior parte de sua frota de caças é composta de F-15 e F-16, de vários modelos. O destaque fica por conta do Stealth F-35, que recebe o nome de Adir no país.
Esses três modelos foram amplamente utilizados no combate contra os jihadistas, contando com o apoio de outras aeronaves de inteligência, transporte e carga, bem como helicópteros de ataque.
O F-16I Sufa, da Força Aérea Israelense, possui tanques de combustível conformados montados na fuselagem – IAAF
F-16 – O mais numeroso
Historicamente, Israel é um dos maiores operadores do F-16, tendo adquirido 362 unidades do modelo desde sua primeira compra, em 1978. Desde então, o F-16 tornou-se uma peça fundamental, sendo empregado tanto em combates aéreos quanto em operações de ataque ao solo.
Nas mãos de Israel, a aeronave americana foi protagonista de uma das operações mais audaciosas da história: o ataque ao reator de Osirak.
Os israelenses são conhecidos por customizar seus equipamentos, e com o F-16 não é diferente. Nas operações contra o Hamas, destacam-se o F-16C/D Barak e o F-16I Sufa. Essas variantes receberam uma série de atualizações em eletrônicos de fabricação local, incluindo computadores de missão e sistemas de guerra eletrônicos.
Além disso, foram incorporadas armas produzidas no país, como mísseis Python e Derby, sistemas de interferência Elta e bombas Spice, utilizadas em conjunto com armamentos dos Estados Unidos.
A Força de Defesa/Força Aérea de Israel encomendou um total de 362 F-16, desde os primeiros F-16A/B até os mais recentes F-16I. Dentre essas aeronaves, 50 eram excedentes da Força Aérea dos Estados Unidos (Usaf) e foram concedidas a Israel pelos EUA como parte de um acordo de compensação por seu papel durante a Guerra do Golfo, de 1991, apesar dos ataques com mísseis Scud.
Todas as aeronaves F-16 israelenses estão equipadas com sistemas eletrônicos personalizados desenvolvidos em Israel.
Os F-16 israelenses têm um extenso histórico de uso em combates, tendo realizado 47 missões até o momento. Além disso, desempenharam um papel crucial no ataque ao reator nuclear iraquiano em Osirak.
Atualmente, a Força Aérea Israelense (IAF) mantém cerca de 224 F-16 Sufa e Barak em operação.
Caça-bombardeiro F-15I Ra’aam, da Força Aérea Israelense – AMIT AGRONOV
F-15 – Caça-bombardeiro pesado
Israel foi o primeiro cliente de exportação a operar o lendário F-15 Eagle e utiliza o modelo desde 1977. Localmente chamado de Baz (Eagle), foi nas mãos dos pilotos da IAF que o caça alcançou sua primeira das 104 vitórias em combate.
A IAF é a única operadora das versões legadas (A, B, C e D) do F-15 empregadas em missões de ataque ao solo, enquanto outros países utilizam essas versões principalmente para combates aéreos.
Além disso, no fim da década de 1990, Israel adquiriu o F-15E Strike Eagle, conhecido como Ra’am (trovão). Assim como o F-16, o F-15 também passou por integração de armamentos e sistemas eletrônicos produzidos localmente.
Atualmente, a IAF mantém 84 aeronaves em serviço, distribuídas entre três esquadrões: Spearhead, Hammers e Twin-Tail Knights, além do Centro de Testes de Voo. Em 2020, a IAF assinou um contrato para a compra de 25 jatos F-15EX, uma versão mais recente do Eagle, e também planeja modernizar seus F-15I para o novo padrão.
Em janeiro deste ano, Israel enviou um pedido oficial aos Estados Unidos para a compra de 25 caças avançados F-15EX para reforçar sua capacidade de ataque ao Irã, como divulgado pelo site de notícias Breaking Defense. O Ministério da Defesa enviou uma carta de solicitação oficial aos EUA, marcando o primeiro passo no processo de aquisição das aeronaves de combate fabricadas pela Boeing.
F-35IAdir taxia em Nevatim – IAF
F-35 – Estado da arte
O caça mais moderno e capacitado de todo o Oriente Médio está em serviço na Força Aérea Israelense desde 2017. Israel é parceiro do programa F-35 há 20 anos e, em 2018, tornou-se o primeiro país a utilizar o polêmico jato americano em combate.
Assim como nos modelos mencionados anteriormente, a IAF também realizou personalizações no F-35. Além disso, é a única operadora fora dos Estados Unidos a ter recebido um modelo de teste, devido à sua tradição em adaptar aeronaves. Os 36 F-35I Adir são baseados na instalação aérea de Nevatim e operados pelo 117º Esquadrão.
A partir de 2019, um novo esquadrão, composto de 19 jatos F-35, foi incorporado à Força Aérea Israelense, após a confirmação da decisão de adquirir outro lote de aeronaves, de acordo com a IAF e funcionários do governo.
Essas aeronaves recentemente projetadas representam um avanço em relação ao F-16I, especialmente com a inclusão de nova tecnologia furtiva e sistemas eletrônicos de última geração.
O Lockheed Martin F-35 é considerado uma das aeronaves mais avançadas e capazes em produção. Ele se tornou a primeira aeronave com baixa assinatura de radar em serviço na IAF, o que significa que utiliza tanto sua fuselagem quanto seus componentes eletrônicos para se tornar praticamente invisível aos radares inimigos e a outros dispositivos de detecção.
Em muitos aspectos, o F-35 é visto como uma versão moderna do F-16, que já estava em uso pela IAF. Ele foi projetado como uma pequena aeronave monomotor. O Ha-Adir é extremamente versátil, sendo capaz de realizar qualquer tipo de missão, desde apoio aéreo aproximado até operações em qualquer condição climática, além de combates aéreos dentro e fora do alcance visual.
Por que ele é chamado de caça de quinta geração? Isso se deve a duas razões principais: tecnologia furtiva e sistemas eletrônicos avançados. A tecnologia stealth permite que a aeronave voe praticamente indetectável por qualquer inimigo. Durante vários anos, esses sistemas foram considerados muito caros para ser usados em aeronaves menores, sendo empregados apenas em bombardeiros maiores e mais caros, como o B-2 ou o F-117.
O F-35 recém-desenvolvido permite a incorporação dessas características com um custo de manutenção relativamente baixo, de acordo com a própria IAF.
Helicóptero AH-64D Apache – GALIT LUVTZKI – WIKIMEDIA COMMONS
AH-64D Apache
O AH-64 Apache, da Boeing IDS, dos Estados Unidos, é amplamente reconhecido como um dos melhores helicópteros de ataque do mundo, com um histórico de sucesso em operações realizadas em ambientes hostis.
No Exército dos Estados Unidos, destacam-se dois modelos do AH-64: o AH-64A e o AH-64D. Variantes B e C foram produzidas, mas não foram adotadas para serviço ativo. Além disso, outras variantes foram desenvolvidas a partir dos modelos A e D para exportação. O modelo britânico Westland WAH-64 é tem como base o AH-64D e incorpora várias melhorias.
No entanto, em Israel, o modelo enfrentou problemas técnicos que levaram à proibição de voos em maio deste ano. O chefe da Força Aérea Israelense, Tomer Bar, decidiu manter a frota de Boeing AH-64D Apaches — conhecidos em Israel como Seraph — em terra até que uma inspeção técnica minuciosa fosse realizada.
Em junho passado, as autoridades militares aprovaram o retorno do modelo às operações, embora sem entrar em detalhes sobre as falhas técnicas.
O AH-64 Apache foi projetado para operar em ambientes hostis nas linhas de frente, permitindo operações tanto durante o dia quanto à noite e em condições atmosféricas adversas. Ele possui um sistema de capacete integrado e tela que permite a operação noturna.
Além disso, o Apache está equipado com tecnologia avançada em aviônica e eletrônica, incluindo o Sistema de Designação e Aquisição de Alvos (TADS/PNVS, na sigla em inglês), que fornece visão noturna ao piloto, contramedidas passivas de infravermelhos, como o “Black Hole”, e outros recursos, como GPS.
Soldado da IAF verifica um JDAM GBU-31 – FORÇA AÉREA DE ISRAEL (IAF)
Bombas JDAM
Munições Conjuntas de Ataque Direto, ou JDAM, é o nome que representa uma das principais armas utilizadas pelos jatos israelenses em sua contraofensiva contra o Hamas. Desenvolvido pela McDonnell Douglas, o JDAM é um kit que transforma uma bomba convencional em uma arma inteligente, guiada por GPS.
O JDAM pode ser adaptado a todas as bombas da série Mk.80, sendo a maior delas a Mk.84. Quando equipada com o JDAM, a Mk.84 se torna a GBU-31. Este é o modelo utilizado pela Força Aérea Israelense (IAF) para demolir edifícios em Gaza.