Complexo escolar é inaugurado na maior penitenciária de MT

Redação PH

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Complexo escolar é inaugurado na maior penitenciária de MT

A Escola Estadual Nova Chance inaugurou seis salas de aula na Penitenciária Central do Estado (PCE), na manhã dessa terça-feira (16.08). Na unidade, já existiam cinco salas e a ampliação formará um complexo escolar na maior penitenciária de Mato Grosso. A construção permitirá que o atendimento seja dobrado. Atualmente 146 alunos estão matriculados e frequentando as classes dentro da PCE.

A escola estadual funciona em salas anexas nas penitenciárias e trabalha com base na interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e diversidade, com professores contratados pela Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), atendendo as pessoas privadas de liberdade desde a alfabetização até o Ensino Médio.

O diretor Paulo Oliveira Júnior explica que a unidade realiza atualmente a expansão. “Além dessa inauguração, teremos mais cincos ampliações de salas anexas em unidades penitenciárias de Mirassol D´Oeste, Juína, Poconé, Vila Bela da Santíssima Trindade, Campos Novo do Parecis. Com isso, Mato Grosso se torna o Estado brasileiro com maior percentual de atendimento educacional dentro do sistema prisional”, afirma Paulo Júnior.

O diretor agradeceu a colaboração da gestão da PCE, professores, agentes penitenciários e recuperandos envolvidos na reforma e ampliação do complexo escolar. O educador explicou que havia preconceito da sociedade em relação à penitenciária, por ser a maior do Estado e abrigar reclusos considerados perigosos. “Ofertamos a parceria para a ampliação e adaptação de salas de aula em penitenciárias e aqui na PCE a associação abraçou a ideia. O resultado pode ser conferido hoje”, conclui.

Para a professora Rosineide Ferreira Souza que trabalha no Sistema Penitenciário há dois anos, a melhoria no ambiente é um fator humanizador para os internos. As nossas salas além da ampliação do atendimento permitirão a elevação da autoestima de profissionais e estudantes.

Inauguração das salas

A escola estadual funciona há sete anos por meio da parceria entre Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc) e Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), e atende 2.500 alunos. Ao todo, são 119 salas de extensão da Escola Nova Chance em 40 unidades penitenciárias, sendo 11 salas somente na PCE. Essa melhoria de atendimento é resultado do trabalho integrado entre a Escola e a Associação dos Agentes Prisionais da Penitenciária Central do Estado (Aspec).

O conhecimento da rotina da unidade penitenciária e das possíveis melhorias motivou a Aspec nessa parceria. O presidente da associação, Artuhr Rodrigues da Conceição conta que o espaço que abriga as novas salas estava ocioso e o acesso para a sala passava pelo corredor dos raios onde ficam as celas.

“Qualquer operação nos raios comprometia o andamento das aulas e era necessário mudar. Também precisamos destacar que a ampliação do número de salas, aumenta a possibilidade de ressocialização e também demonstra à população a importância social do trabalho que é desenvolvido aqui dentro. O que acontece nas penitenciárias não influencia apenas o andamento interno, mas especialmente o retorno à vida comunitária dos recuperandos”, afirma o presidente da Aspec.

Para a obra, a Aspec investiu na compra de materiais de alvenaria, parte elétrica e hidráulica e banheiros. Já a Escola Estadual Nova Chance realizou o acabamento e inseriu os ventiladores, e materiais pedagógicos como lousas, conjuntos escolares, mobiliários, livros, entre outros. Já a mão de obra da construção foi realizada pelos recuperandos.

“A educação nesse cenário é usada como instrumento para que essas pessoas não estejam mais à margem da sociedade, mas sejam reinseridas”, pontua o secretário adjunto Executivo da Seduc, Luciano Bernart. O gestor ainda destacou que a educação proporciona incontáveis possibilidades, agora ofertadas para os recuperandos da PCE e cabe a eles escolherem os caminhos que lhes serão apresentados. “O caminho do estudo pode parecer longo, mas torna-se prazeroso e se seguido, apresenta as recompensas”.

Caminho percorrido por Welington Amarante de 26 anos. Ele estudou regularmente até o 1º ano do Ensino Médio, quando passou a usar drogas. O vício em entorpecentes deteriorou a as relações do jovem, bem como a sua vida social e escolar. Dessa vez, Wellington cumpre pena há dois anos e deve sair ainda em 2016, formado no Ensino Médio.

“Quando estou na sala de aula me sinto livre e é um incentivo para como devo me comportar na vida em liberdade. Quero ser uma pessoa com quem as minhas professoras daqui gostariam de conviver”, conta o reeducando.

O secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Márcio Frederico de Oliveira Dorilêo, disse que quando assumiu a gestão da pasta, caracterizada por cuidar de setores delicados da administração estadual, como o sistema penitenciário, foi questionado sobre a decisão tomada, diante das faculdades que iria enfrentar. “Disse a eles o que direi aqui: a vida nos propicia a aprendizagem através de desafios, e os quase três mil recuperandos que estão frequentando a sala de aula estão passando por esse desafio, estes cidadãos, que hoje estão provados de liberdade, experimentarão a liberdade, porque a educação liberta”.

O gestor avalia que o trabalho conjunto entre a Sejudh, Seduc e Aspec, a ideia de cooperação, a união de esforços, garantiu o sucesso da ação. “Parabenizo todos os envolvidos, que entendem que a melhor forma de mudança cultural é feito por meio da educação”.

Agentes penitenciários da PCE, do Centro de Ressocialização do Capão Grande, e de Cuiabá, o secretário adjunto do Sistema Penitenciário da Sejudh Fernando Lopes, representantes e técnicos da Casa Civil e da Seduc, e o promotor de Justiça Célio Alves também participaram da inauguração.

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