Os últimos dias de 2024 marcaram o vazamento de imagens de novos aviões de combate chineses, que revelariam atualizações na frota militar do país e colocariam em xeque a hegemonia dos Estados Unidos na produção de aeronaves militares. Embora as tecnologias utilizadas não tenham sido divulgadas, especialistas em aviação militar especulam que a China tenha dado início à sexta geração de aeronaves de combate.
A atual geração de caças está em vigor desde 1990, com os norte-americanos F-22 e F-35 e os chineses J-35 e J-20, que se destacam pela alta capacidade furtiva e sistemas automáticos de controle.
Uma das filmagens divulgadas mostra uma aeronave sobrevoando a sede da Chengdu Aircraft Corporation (CAC) em Chengdu, província de Sichuan, China. A CAC faz parte da rede AVIC (Aviation Industry Corporation of China), que produz os caças militares da força aérea chinesa.
Entre as três aeronaves flagradas, duas possuem um design muito semelhante a um projeto apresentado no show aéreo de Zhuhai, em 2022. Os modelos, entretanto, possuem quase o dobro de tamanho do caça de quinta geração J-20 que aparece nas imagens acompanhando os novos jatos. Segundo analistas do site The Aviationist, os caças apresentam três motores, posicionados na fuselagem central, e uma configuração de asas em formato delta, otimizadas para desempenho e manobrabilidade.
O formato sem cauda pode estar atrelado ao uso de computadores em vez de estabilizadores verticais para manter o curso da aeronave, avaliam especialistas ouvidos pelo jornal britânico The Sun. Projetos sem cauda são muito mais difíceis de serem detectados por radares, indicando que o jato provavelmente será usado para missões furtivas.
A terceira aeronave revelada ao público foi um KJ-3000, um avião radar de alerta antecipado. Essa aeronave é projetada para operar como um sistema de detecção de ameaças voador, além de coordenar operações e compartilhar informações com outros aviões em pleno voo.
A tecnologia de radar do KJ-3000 integra sistemas de matriz digital em fase, aprimorando ainda mais as capacidades de detecção e rastreamento. Este design reduz o peso e melhora a eficiência de combustível, a velocidade operacional e o alcance da aeronave. As primeiras avaliações sugerem que o radar pode detectar, identificar e rastrear aeronaves furtivas avançadas, como os bombardeiros F-22 e B-21 dos EUA.
Os voos de teste ocorreram em 26 de dezembro, data que celebra o aniversário de Mao Tsé-Tung, comunista chinês que fundou a República Popular da China.
Reações do Ocidente
Após a divulgação das imagens, as ações da Lockheed Martin, fabricante dos caças F-35, apresentou queda de 0,8% em meio às ameaças de modernização chinesa. O modelo representa 25% das vendas totais da Lockheed Martin.
Ao site de notícias financeiras Barron’s, o especialista Scott Deuschle, do Deutsche Bank, revisou suas perspectivas para a Lockheed Martin no curto prazo. Ele mudou a classificação de “comprar” para “manter”, além de ter rebaixado a meta dos preços das ações de US$ 611 para US$ 523.
O analista argumentou que os novos modelos chineses podem estar bem à frente das aeronaves dos Estados Unidos, já que os norte-americanos estão desenvolvendo em ritmo mais lento o programa de domínio aéreo, conhecido como NGAD (Next Generation Air Dominance).
No início do ano, o Pentágono disse que a força aérea e a aviação naval da China formam a “maior força de aviação na região Indo-Pacífica”. O Pentágono também descreveu a China “como o principal desafio do departamento” norte-americano.
Outras potências ocidentais também demonstraram preocupação e devem acelerar os programas de modernização militar. O Reino Unido, a Itália e o Japão estão trabalhando em conjunto para fazer uma aeronave de sexta geração para o projeto “Global Combat Air Program”. Na Força Aérea Real Britânica (RAF), a aeronave é chamada de Tempest, que deve substituir o jato Typhoon em 2035.