O envelhecimento natural é uma das principais causas da perda auditiva. A pessoa que passa por essa dificuldade vê sua qualidade de vida diminuir, pois ela deixa de ouvir sons, de forma total ou parcial, e isso interfere radicalmente nas relações sociais. Muitas vezes, a consequência da perda auditiva é um indivíduo triste, excluído da sociedade, irritado, cansado e até com déficits cognitivos.
Sendo assim, é a família que tem um papel fundamental. É ela quem auxiliará a resgatar a autoestima e a confiança do idoso. Entretanto, nem sempre é fácil lidar com os pais, avós e outros conhecidos que estão passando por situação parecida.
É necessário adaptar os programas da família para a nova realidade do idoso. Tente lembrar do que ele gostava de fazer (brincar com bichinhos de estimação, andar na praça, sentar na cadeira de balanço na área de sua casa) e ser companheiro nesses momentos.
Se algum familiar ou conhecido não está ouvindo corretamente, levá-lo a um especialista deverá ser o primeiro passo, pois o mesmo irá avaliar sua audição e apresentar os possíveis tratamentos.
Geralmente, o diagnóstico é feito por um otorrinolaringologista juntamente com um fonoaudiólogo após alguns exames. Cada um dos profissionais têm uma função específica: o Otorrinolaringologista é o médico que fará o diagnóstico e proporcionará o tratamento ao paciente que apresenta a perda auditiva; o Fonoaudiólogo é o responsável pela avaliação e reabilitação auditiva. É ele quem coloca os aparelhos nos ouvidos.
Atualmente com a tecnologia muito avançada dos aparelhos auditivos, está muito mais fácil a adaptação, pois a qualidade sonora está muito pura.
Após a adaptação dos aparelhos auditivos, é chegado o momento de modificar alguns hábitos do dia a dia para que a relação se torne mais agradável. Não é mais preciso gritar ou falar alto demais e, acredite, essa técnica não é nenhum pouco eficaz!
Falar pausadamente, olhando bem no rosto da pessoa que perdeu a audição, conversar em ambientes com poucos ruídos e distrações visuais, são atitudes facilitadoras para a boa compreensão da fala.
O uso de gestos também pode ser bastante eficiente, nesse caso, o local deve contar com uma boa iluminação natural ou artificial. Usar uma fala altamente melódica, que enriqueça as pistas auditivas.
Além dessas, há outras dicas muito úteis a seguir: 1- Evite falar com alimentos na boca (como chicletes, por exemplo); 2- Olhe atentamente para o idoso enquanto ele fala( eles conseguem captar informações por meio da movimentação dos lábios; 3- Seja direto, evitando frases longas; 4- Repita suas idéias principais na conversa usando palavras diferentes com significados iguais; 5- SE preciso for, peça para que a pessoa repita o que você disse para ter certeza que ela entendeu tudo; 6-Use figuras listas de palavras, gestos e outros recursos se achar necessário.
Um estudo feito na Universidade Johns Hopkins, dos EUA, constatou que 57% dos idosos com perda auditiva não tratada estão mais suscetíveis à depressão. Por isso ,é comum eles não sentirem mais vontade de ir a aniversários, participar de almoço de família ou, até mesmo ir à padaria. Esses comportamentos demonstram que elas se sentem incapacitadas, tristes ou que têm receio de passar por situações constrangedoras.
Nestas situações o mais importante é respeitá-la e demonstrar apoio e mais força-la a nada.
É necessário adaptar os programas da família para a nova realidade do idoso. Tente lembrar do que ele gostava de fazer (brincar com bichinhos de estimação, andar na praça, sentar na cadeira de balanço na área de sua casa, jogar baralho, etc) criando ambientes descontraídos e integre-o à família.
Mesmo que ele não sinta vontade de conversar, conte as novidades e pergunte sobre o dia dele também. Isso fará com que ele perceba que ainda é capaz de viver socialmente. E isso não resolvendo, peça auxílio a um psicólogo.
Ter paciência e preferencialmente com carinho é o segredo ao se relacionar com um indivíduo com perda auditiva. Não se irrite se ele falar “hã” diversas vezes. SE preciso, repita a frase quantas vezes for preciso que o idoso entenda. Caso isso não aconteça, recorra a gestos, bilhetes ou outros recursos. O mais importante é que ele compreenda o que está sendo dito e que a comunicação aconteça.
Pode haver resistência quando se propor ao idoso uma avaliação de sua audição, mas neste momento a família tem que ser firme e mostrar como a qualidade de vida pode melhorar com um tratamento adequado.
Antes de comprar os aparelhos faça um teste sem compromisso de alguns dias para que o idoso sinta-se acolhido e não estando boa a adaptação, retorne a clínica da fonoaudióloga para novos ajustes. O que não pode é não usar aparelhos auditivos quando se tem perda auditiva.
Com o uso de aparelhos auditivos, o idoso consegue manter sua independência, afinal, ao estar ouvindo em alto e bom som, ele pode ter mais autonomia para realizar suas atividades cotidianas. Ele vai garantir ainda mais sua privacidade e o perfeito convívio social com todos aqueles que o cercam, é possível que ele tenha uma vida normal e sem grandes mudanças restaurando a qualidade do som e da fala que ouve.
Ouvir é sim, uma necessidade na vida!
Vanessa Moraes é fonoaudióloga e audiologista em Cuiabá (MT)