Longe de ser um valor acessível, a quantia de R$ 100 mil faz com que o cliente que procura um carro tenha uma série de opções, das mais diversas categorias. Dá pra levar um SUV médio, em sua versão básica, ou uma picape de cabine dupla. Para os que gostam de sedãs, a conta praticamente fecha com o Toyota Corolla na versão topo de linha, a Altis, de R$ 99.990.
Porém, se o sonho do ascendente consumidor é ter um modelo considerado “premium”, não é preciso investir mais do que isso para ter um modelo que, além de oferecer requinte, também acomode de forma aceitável passageiros e suas bagagens. Só não espere muito luxo.
O competidor da vez é o Audi A3 Sedan. O três-volumes, atualmente importado da Hungria, parte de R$ 97.990, na versão 1.4. São 122 cavalos e transmissão automatizada de dupla embreagem e 7 marchas.
Na prática, o cliente que quer um sedã médio e “só” tem R$ 100 mil, precisa escolher: ou leva o A3 Sedan, e ganha o refinamento alemão, ou opta por um Corolla Altis, ganha um pacotão de equipamentos, mas perde em prazer ao dirigir. O G1 avaliou o A3 Sedan por uma semana, e mostra se vale a pena encarar um modelo premium “basicão”.
Banco de tecido
Entre os principais equipamentos do modelo alemão, há ar-condicionado, direção elétrica, vidros e travas elétricos, controle de estabilidade, 7 airbags (frontais, laterais, de cabeça e de joelho, para motorista), faróis bixenônio com ajuste automático de altura, e rádio.
A lista de ausências é proporcional: não há bancos de couro, volante multifuncional, conexões USB ou Bluetooth, navegador, controle de tração, ar-condicionado digital ou de duas zonas, bancos com ajustes elétricos e sensores de luz, chuva e ré.
Interior tem boa qualidade e montagem cuidadosa (Foto: Divulgação)
Cavalaria valente
Ao olhar para a ficha técnica e encontrar o número de 122 cv na potência, o internauta pode até achar que o A3 com motor 1.4 é “manco”. Porém, na prática, os cavalos são “valentes”, e fazem com que o sedã de 1.215 kg se mova com desenvoltura.
O motor, além do turbo, conta com injeção direta de gasolina, e comando variável de válvulas na admissão. A transmissão, de 7 velocidades, proporciona trocas rápidas. Os 20,4 kgfm de torque estão disponíveis em uma ampla faixa de rotação, entre 1.400 e 4.000 rotações por minuto, o que proporciona ao motorista uma boa dose de força de maneira quase imediata.
Na época do lançamento do modelo, em maio do ano passado, o modelo se saiu muito bem em estradas. Em uma avaliação de maior duração, e sobretudo na cidade, o A3 Sedan revela outro talento: o baixíssimo consumo de combustível para o seu porte.
Rodando majoritariamente em ciclo urbano, ele registrou média de 10,6 km/l. Em situações de ruas vazias e velocidade constante, na casa dos 60 km/h, o computador de bordo chegou a marcar mais de 15 km/l.
Motor 1.4 do Audi A3 Sedan desenvolve até 122 cv (Foto: Divulgação)
Espaço limitado
Com 4,46 metros de comprimento, o A3 Sedan é consideravelmente menor do que o Corolla, que tem 4,62 m. Em porte, o modelo alemão se equivale ao HondaCity, posicionado um segmento abaixo do Toyota.
Os 16 cm a menos no comprimento sobre o Corolla são refletidos na distância entre-eixos, ou seja, no espaço que os ocupantes terão, sobretudo para as pernas. Enquanto o A3 de três volumes possui 2,64 m, o modelo japonês conta com 2,70 m. Mesmo assim, quatro adultos não passam aperto noAudi.
Quem irá sofrer, é o quinto passageiro, acomodado na posição central do banco traseiro. Além de ter o túnel central sob as pernas, há um teto baixo para fazer com que a cabeça raspe. E nem adianta tentar colocar alguém mais baixo nesta posição. Qualquer um com mais de 1,70 m irá reclamar.
O porta-malas acomoda 425 litros, ou apenas 45 litros a mais do que oA3 Sportback. Em um comparativo com outros sedãs, a diferença de porte do Audi fica mais evidente: o Corolla pode carregar até 470 litros, enquanto o City acomoda 536 litros.
Óleo de R$ 67
Diz o ditado popular que “não existe almoço grátis”. Pois bem, ter um carro premium com preço de sedã top de marca generalista é uma vantagem. A conta fica cara, literalmente, na hora de realizar a manutenção do A3 Sedan.
O plano de manutenção da marca prevê paradas a cada 7,5 mil km. Com isso, oG1cotou, junto à Audi, o custo das quatro primeiras revisões, ou seja, até os 30 mil km. Confira o valor de cada uma na tabela ao lado.
Somadas, elas saem por R$ 3.808,72, contra R$ 1.706,20 dos quatro primeiros serviços da Toyota para o Corolla.
Na hora de destrinchar a conta da revisão na Audi, pesaram a mão de obra (R$ 300 por hora) e principalmente, o litro do óleo (R$ 67), sendo que, em cada revisão, são utilizados 5 litros.
Se o motorista se envolver em um acidente, ou precisar trocar algumas peças, melhor preparar o bolso. O farol dianteiro, por exemplo, custa R$ 2.970,83, o para-choque dianteiro, R$ 2.546,83, e o conjunto de amortecedores dianteiros, R$ 1.961,40.
Como comparação, o farol dianteiro do Corolla sai por R$ 2.399, o para-choque frontal, por R$ 759,29 e o conjunto de amortecedores dianteiros, por R$ 563,50.
Preço alemão
Por aqui, além do Corolla, o A3 Sedan se aproxima em preço da versão Titanium Plus do FordFocus sedã. O modelo tem motor 2.0 de 178 cv e itens como estacionar sozinho, bancos com regulagens elétricas, sensores de luz, chuva e estacionamento, dianteiro e traseiro, seis airbags, bancos de couro e acesso e partida sem chave. Ele custa R$ 96.990.
Pelo mesmo preço, é possível levar um sedã grande, o Nissan Altima. O modelo tem motor 2.5 de 182 cv, e conta com ar-condicionado digital de duas zonas, acesso e partida sem chave, central multimídia com GPS, bancos do motorista elétrico com aquecimento, teto solar elétrico, 6 airbags e bancos de couro.
Para arrematar, o custo dele no Brasil é praticamente o mesmo do modelo vendido na Alemanha. Lá, uma unidade com motor idêntico e pacote de equipamentos semelhante ao A3 Sedan básico custa 29.630 euros, ou o equivalente a R$ 96.700, na cotação desta data.
Conclusão
Porta de entrada para os sedãs premium, o A3 Sedan 1.4 é um modelo de extremos: se custa caro para manter e tem uma lista de equipamentos limitada, por outro lado, tem preço de compra competitivo, espaço e desempenho razoáveis e consumo de carro popular, além de um visual interessante.
“Colocando na balança”, os pontos positivos se sobressaem, e fazem valer a pena a investida em um modelo menos equipado do que os pares de marcas generalistas. O único senão é o dono se preparar na hora de encarar a manutenção do modelo.
Vale lembrar que o modelo se torna nacional em setembro deste ano. Sob o capô, haverá mais mudanças. A versão 1.4 passa a ter o motor produzido também em solo nacional. Ele será feito na fábrica de São Carlos (SP), em parceria com a Volkswagen, e "beberá" etanol. O motor será compartilhado com o Golf e o Jetta.
Audi A3 Sedan 1.4 (Foto: Divulgação)