Com liminar concedida há mais de 40 dias, idoso aguarda transferência para Hospital do Câncer

Com liminar concedida há mais de 40 dias, idoso aguarda transferência para Hospital do Câncer
Foto: Arquivo pessoal

Com liminar concedida há mais de 40 dias, idoso aguarda transferência para Hospital do Câncer

Sebastião Gonçalves Ferreira, 65 anos, aguarda transferência para o Hospital do Câncer (ou outro hospital de referência) para realizar tratamento de câncer em estado avançado, com hipótese de neoplastia e metástase óssea.

Apesar de liminar deferida no dia 3 de maio, e não cumprida até hoje pelo Estado de Mato Grosso (gestor estadual do Sistema Único de Saúde – SUS) e pelo município de Cuiabá (gestor municipal), o idoso segue internado no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC) desde o dia 9 abril.

Hoje (14), a juíza Gabriela Carina Knaul de Albuquerque e Silva determinou a transferência de Sebastião para o Hospital do Câncer em 24 horas sob pena de multa de R$ 30 mil para cada ente requerido (estadual e municipal) em caso de não cumprimento. No dia 7, a Defensoria Pública de Mato Grosso já havia peticionado o descumprimento da liminar e o Estado foi intimado a cumprir a decisão judicial sob pena de multa de R$ 10 mil. Mesmo assim, o idoso ainda não foi transferido.

“Ele já pediu para morrer. Isso rachou o meu coração. Quantas vidas ele já salvou e está perdendo a dele desse jeito? Ele está desiludido com a situação. Está magoado, sentindo muitas dores”, afirmou Noemilson, um dos filhos de Sebastião, referindo-se ao período em que o pai trabalhou no Corpo de Bombeiros da capital – foram cerca de 30 anos atuando como bombeiro, segundo o filho.

O idoso chegou ao Pronto-Socorro com quadro de dorsalgia (dor nas costas – que já dura cerca de quatro meses), associada ao cansaço e à perda ponderal importante – ele emagreceu cerca de 20 kg nesse período. Como já tinha histórico de câncer renal (de acordo com o filho, foram removidos um rim e a tireoide), ele foi submetido à avaliação especializada, que chegou à hipótese diagnóstica de nova neoplasia, talvez com metástase óssea.

Diante de tal quadro, considerando a gravidade da patologia, houve orientação de transferência imediata para o Hospital de Câncer de Cuiabá (ou outro hospital de referência) para melhor definição diagnóstica e tratamento especializado, sob pena de morte prematura.

Sebastião não está tomando medicação específica para o tratamento do câncer, pois, segundo informações dadas pelos funcionários à família, não há oncologista no PSMC.

De acordo com o filho, o idoso estava caminhando quando chegou ao PSMC. “Até então, ele estava vivendo normalmente. Certo dia, ele machucou a coluna. Sentia dores muito fortes. Fomos ao médico e nada de achar o que era. Um dia, levamos ele à Policlínica do Planalto e a médica disse que poderia ser um tumor na coluna. Então, fomos ao Pronto-Socorro”, relatou.

Além de Noemilson, Sebastião também tem uma filha (Benedita) e cinco netos. Atualmente, os dois filhos estão desempregados. Foi a esposa dele, dona Benedita, quem procurou a ajuda da Defensoria Pública. O idoso é natural de Alto Paraguai (178 km de Cuiabá) – os filhos nasceram na capital.

Noemilson reclama da demora para a realização da biópsia. “O hospital demorou para colher a biópsia. O tumor está entre a sexta e a oitava vértebra. Apareceu também um problema no pulmão. No começo, eles nos disseram que só faltava a biópsia porque já havia oito vagas. Aí, fez a biópsia e as oito vagas sumiram. Fica um ‘jogo de empurra’”, desabafou.

O estado de saúde do idoso vem se agravando rapidamente desde que foi internado no Pronto-Socorro. “Ele já está definhando, não está comendo. Toma suplemento, toma caldo, mas alimento sólido ele não come”, contou Noemilson.

“Se é para não cuidar dele, se é para morrer, é melhor morrer em casa”, disse, revoltado ao ver o pai nessa situação.

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