"Nosso carro parece um de Fórmula 1, com um vermelho muito semelhante ao dos carros da Ferrari", é o que conta um dos estudantes de uma faculdade de Sorocaba (SP) que está se preparando junto com seu grupo para em uma viagem rumo à Michigan, nos Estados Unidos. O motivo é uma competição de automobilismo, que avalia por meio de provas estáticas e dinâmicas os carros de corrida construídos pelos alunos.
O grupo, que aposta na tecnologia dos carros de corrida aliada com a tradição da Ferrari, ganhou a oportunidade de competir depois que conquistou o terceiro lugar na classificação geral da Fórmula SAE Brasil, competição que tem como objetivo propiciar aos estudantes de engenharia a oportunidade de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula.
William Frank, de 21 anos, está cursando o terceiro ano de engenharia mecânica e se interessou pelo projeto extracurricular. Em janeiro, ele participou de uma seletiva interna e passou a integrar a equipe "V8 Racing", responsável por construir o carro. "Hoje a equipe tem 20 pessoas de todos os semestres e engenharias. É uma oportunidade de adquirir mais conhecimento e aplicar até mais do que aprendemos em sala de aula", conta.
Carro foi avaliado durante provas estáticas e dinâmicas (Foto: Divulgação/ V8 Racing Facens)
A equipe trabalha em uma oficina na própria faculdade. Lá os estudantes fizeram os cálculos, desenvolveram o desenho e o software, confeccionaram componentes e, enfim, montaram o carro. "Como a faculdade participa há vários anos, usamos o mesmo carro do ano passado, fazendo adaptações e melhorias. Mas, a cada dois anos, a equipe compete com um novo. É uma regra da competição", explica o estudante.
Competição
A Fórmula SAE Brasil foi realizada no mês passado em Piracicaba (SP) e, durante a competição, vários aspectos dos carros das 39 equipes inscritas foram avaliados por uma comissão de juízes. O veículo passou por uma prova de apresentação, que avaliou o design e também o software. Em seguida, foi submetido a uma inspeção técnica e passou por quatro provas dinâmicas: aceleração, estabilidade lateral, percurso com obstáculos e enduro. Esta última considerada a mais difícil, já que consiste em correr 22 quilômetros com apenas uma troca de pilotos e, posteriormente, ocorre a verificação da integridade do veículo.
Segundo os estudantes, para se preparar para essa bateria de provas, foram meses de trabalho. "Na oficina fazemos a revisão, a troca de peças e o que mais for necessário, mas o teste de rodagem e a simulação das provas acontecem em um espaço no Parque Tecnológico. Isso é importante porque na prova de enduro, por exemplo, a maioria dos carros competidores acabam quebrando", diz William.
Próximos desafios
O custo de todo o trabalho neste ano ficou em torno de R$ 75 mil, de acordo com William. Agora, para segunda etapa, é necessário levantar mais dinheiro. "O carro é montado com ajuda da faculdade e de patrocínio. Agora, classificados para a competição internacional, faremos mais melhorias nele até dezembro. Precisamos de R$ 100 mil para ir para os EUA e conquistar o nosso objetivo, que é de ficar entre os 20 primeiros."
A competição em Michigan será de 11 a 14 de maio de 2016. O desafio de competir com equipes de todo o mundo é grande e também é motivo de ansiedade. "São seis meses para nos preparamos, mas tem toda a burocracia de transportar o carro até lá, então precisamos terminar as adaptações antes. O sonho de todo formuleiro é competir no exterior porque vamos lá e vamos aprender coisas novas. As tecnologias, enfim, é tudo diferente", finaliza.
Equipe conta com 20 pessoas atualmente (Foto: Divulgação/ V8 Racing Facens)