O terceiro dia do julgamento do caso Daniel Alves, que aconteceu em Barcelona, na Espanha, nessa quarta-feira (7), foi marcado pelo depoimento do jogador de futebol, acusado de estuprar uma mulher em uma boate em boate de Barcelona, em dezembro de 2022. O atleta chorou, ressaltou que estava muito alcoolizado e negou que o ato sexual tenha sido sem consentimento.
“Encontrei com meus amigos para almoçar na Taberna del Clínic. Chegamos por volta das 14h30. No início, a gente ia apenas comer, mas a gente não se via há muito tempo e acabamos ficando até 1h da manhã. Pedimos cinco garrafas de vinho e uma garrafa de uísque japonês. Fomos ao Nuba e tomamos uma rodada de gim. O Bruno (amigo do jogador que prestou depoimento nesta terça) dirigiu, porque eu tinha bebido muito e não podia dirigir”, contou.
Daniel discordou do testemunho dado pela amiga e prima da acusante, que disse que ela não sabia quem era o jogador. “Acredito que elas sabiam quem eu era, afinal muitas pessoas pediam para tirar foto comigo”, justificou. “Primeiro vieram duas garotas e elas ficaram lá dançando por um tempo. Depois convidaram as três garotas, a reclamante e suas amigas”, continuou.
O atleta também disse que ao contrário do que disseram as testemunhas da acusante, ele não sentiu nenhum desconforto da parte delas durante a aproximação dele. Em depoimento, elas disseram que ele estava pegajoso e tentando intimidade com elas. “Elas não se sentiram nem um pouco desconfortáveis.”, ressaltou.
DANÇA E IDA AO BANHEIRO
Daniel ainda afirmou que a acusante teria esfregado suas partes íntimas nele durante a dança e que teria ido consciente ao banheiro após a aproximação.
“Ela começou a dançar mais perto de mim, esfregando suas partes contra as minhas. Era uma dança típica de boate, uma dança que era um pouco mais íntima. Ela colocou a mão para trás e começou a tocar minhas partes. Ela disse que sim para ir ao banheiro, não precisei insistir. Disse a ela que iria ao banheiro primeiro e esperei um pouco, achando que ela não viria, que não queria ir. E quando abri a porta, praticamente esbarrei nela”, disse.
O ato sexual teria sido iniciado pela jovem, segundo Daniel, que ainda imitou no tribunal a posição que teria feito no momento. “Ela se ajoelhou na minha frente e começou a me fazer sexo oral. Abaixei a calça e sentei no vaso sanitário”, detalhou.
Na declaração de 20 minutos, Daniel ainda disse que a jovem poderia deixar o local a qualquer momento, negando a versão dada pelo lado da acusante, de que ele teria impedido a jovem de deixar o local e sido violento. A jovem saiu do banheiro com uma ferida no joelho, que foi tratada no local com funcionário. “Ela podia sair a qualquer momento, não estava obrigada a estar ali. Não sou um cara violento”, afirmou ele, negando que tenha dado uma bofetada na jovem e a atirado contra o chão para praticar a penetração vaginal.
Ele chorou ao contar sobre o momento em que recebeu a notícia de que estava sendo acusado de estupro. “Recebi a notícia de que estava sendo acusado de estupro pela imprensa. O mundo desabou sobre mim. Eu estava praticamente arruinado, porque minha conta no Brasil havia sido bloqueada e todos os meus contratos haviam sido quebrados”, disse, chorando.
TESTEMUNHO DE PSICÓLOGA E ESPECIALISTAS
O julgamento da quarta-feira ainda teve testemunhos de especialistas que atenderam a suposta vítima, como uma psicóloga forense, que relatou ter encontrado a jovem com sintomas pós-traumático. A defesa de Daniel levou dois especialistas que disseram que o estado de ansiedade dela poderia derivar de outros fatores, como o impacto midiático do caso.