Capoeira promove integração e inclusão social em Rondonópolis

Capoeira promove integração e inclusão social em Rondonópolis

Capoeira promove integração e inclusão social em Rondonópolis

A capoeira é uma arte marcial genuinamente brasileira que por muitas décadas ficou no anonimato no país. A resistência, a persistência e o amor de muitos capoeiristas, transformou a luta proibida em esporte e em um dos maiores símbolos da identidade brasileira.

Ela é praticada de norte a sul e de leste a oeste do Brasil, e está presente em mais de 160 países. Em Rondonópolis há muitos grupos de capoeiras que fomentam a prática, a divulgação e a promoção desse esporte que promove a diversidade.

Capoeira promove integração e inclusão social em Rondonópolis

É exatamente essa expansão da capoeira que a associa à diversidade. Não só pelo aspecto da sua origem, da sua constituição, mas também das pessoas que a praticam e das razões pelos quais adota-se a capoeira como prática esportiva, cultural ou como filosofia de vida. Um dos ensinamentos da capoeira é o convívio entre os diferentes e o respeito pelas diferenças.

“Esse é um dos pilares da capoeira: o respeito! Foi justamente com muito respeito e mais resistência que a capoeira vem ganhando cada mais adeptos e admiradores. Nós continuamos o trabalho começado há anos por muitos mestres que por um tempo jogavam capoeira escondido, porque era proibido na época da escravidão”.

“Mas eles conseguiram mostrar que a essência da capoeira e os valores transmitido por ela tem muito a contribuir com a formação do cidadão, com a saúde e com a melhoria de qualidade de vida”, explica Mestre Adão Moreno, capoeirista há mais de 30 anos e há mais de 20 anos é professor de capoeira.

A capoeira agrega todo o tipo de diversidade. Nos grupos de capoeira de Rondonópolis há pessoas de diferentes etnias, cor, gênero, classe social, idade, crenças e características físicas.

Elas se encontram no mínimo duas vezes por semana para aprender os golpes da capoeira, treinar os movimentos, ensaiar as canções que dão ritmo à ginga e participar das rodas de capoeira.

Dois exemplos dessa diversidade incorporada pela capoeira são: Flávia Botelho, de 42 anos de idade e Vitor Luís Martins dos Santos, de 7 anos. Ela joga capoeira há 25 anos e ele há dois anos. Cada um com seu jeito e suas experiências, eles entram na roda e gingam.

“A capoeira é meu esporte preferido. Desejo que mais mulheres também possam sentir os inúmeros benefícios dessa prática esportiva que melhora a saúde, a qualidade do sono, dá mais força e melhora o raciocínio”, disse Flávia.

A inspiração do Vitor é o pai. “Sempre achei muito bonito. Tenho muito orgulho do meu pai ser capoeirista. Eu também quero ser como ele.”

Outros fatores da diversidade que a capoeira agrega é que ela foi formada a partir de elementos derivados de danças, lutas e ritos de diferentes regiões da África.

Esses elementos juntaram com outros do Brasil, provenientes dos costumes e da cultura indígena. Dessa forma, a capoeira foi sendo desenvolvida de maneira diversificada em várias partes do Brasil. Não há um só jeito de jogar a capoeira.

“A capoeira é herança da cultura afro-brasileira, é símbolo da luta pela libertação do povo negro que foi escravizado no Brasil, é também arte, música, esporte, é dança e é filosofia de vida. É uma das mais importantes manifestações populares. Honro tudo que aprendi na capoeira e difundo com muita honra todos esses ensinamentos”, destaca Mestre Adão.

Quem partilha do mesmo respeito e amor por esse esporte é Silvano José de Freitas, conhecido na capoeira como “Ninja”.

Há 29 anos ele dedica-se a essa prática que para ele significa saúde, vida, esporte, respeito, humildade, família e educação.

“A capoeira é fonte de energia para tudo na vida. Sou muito grato por tudo que aprendi e aprendo na capoeira. Há também que se destacar a importância da capoeira com projetos sociais, onde muitos jovens tem oportunidades de praticar um esporte e ter mais motivação para ser cidadão do bem, com muito respeito pelas pessoas”, aponta Mestrando Ninja.

João Gabriel, de 13 anos, é exemplo de que a capoeira inspira a pessoa ter mais vontade de “fazer acontecer” na vida. Ele relata que há três anos ele é outra pessoa, que tem mais motivação para acordar e fazer suas atividades de casa e escolares. “A capoeira mudou a minha vida. Ela me move e me dá mais energia para fazer o que eu preciso fazer. Eu era muito parado, desanimado, não fazia nada. Agora tenho muito mais energia. Sou muito feliz fazendo capoeira.”

As adolescentes Julya Lopes, de 12 anos de idade, e Kinnerly Kailanny Vieira Pondé, de 14 anos, também sentem o embalo do berimabau ecoar em suas rotinas diárias. Elas são prova do legado deixado pelo Mestre Pastinha (1889/1981), um dos grandes doutrinadores da capoeira angola: “capoeira é para homem, menino e mulher, e só não aprende quem não quer”.

Júlia relata que já tinha começado outros esportes mas não deu continuidade. “Com a capoeira está sendo diferente. Eu gosto muito, de verdade.” Kinnerly conta que a cada aula tem vontade de aprender mais e mais. “Eu vejo os mais velhos fazendo os golpes e penso que um dia vou fazer bem bonito como eles.”

Melhoria da qualidade de vida é apontada por Robson Frank, de 25 anos de idade, como benefício pela prática da capoeira.

De acordo com o mestre Adão, esse esporte contribui para melhoria da elasticidade, ajuda no aumento da massa muscular, auxilia a circulação sanguínea, no desenvolvimento da coordenação motora, estimula a criatividade, dentre outros benefícios.

“Eu me sinto mais saudável. E os meus exames comprovaram que minha saúde está muito boa depois que comecei a fazer capoeira”, reforça Robson.

Aulas – Mestre Adão coordena o grupo de capoeira Guerreiros de Ouro. As aulas acontecem na Escola Estadual Santo Antônio e na Associação dos Amigos da Fundação MT (AMI).

“Agraço os diretores dessas entidades que abriram as portas para a capoeira e assim podemos continuar difundindo esse lindo esporte e também promovendo a inclusão social em nossa cidade”, finaliza Mestre Adão.

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