Principal causa de mortes e incapacidade no país, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi tema de audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) nessa quinta-feira (26). Por ano, segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 70 mil pessoas morrem vítimas da doença no Brasil e para chamar a atenção da população para a importância da prevenção e do tratamento adequado, o evento reuniu profissionais da saúde, agentes públicos, estudantes, pacientes e representantes da sociedade.
A audiência foi requerida pelo deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), autor doProjeto de Lei 410/2017para instituição do Dia Estadual de Prevenção do AVC, no dia 29 de outubro, Dia Mundial do AVC. A audiência e a data atendem uma demanda da Associação Mato Grosso do AVC, que busca a implantação de políticas públicas para prevenção da doença e tratamento às vítimas. O PL 410/2017 está em análise na Comissão de Saúde da ALMT e aguarda ser apreciado pela relatoria.
O presidente da Associação, Orlando Serafim, se emocionou ao falar sobre as necessidades de investimentos na rede pública de saúde para atendimento adequado às vítimas de AVC. “Essa audiência é uma grande vitória para todos nós que lutamos para chamar a atenção par ao AVC. Agora nossa batalha será para salvar vidas e para isso precisamos de um centro de tratamento especializado”.
Entre os convidados, a reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Mirian Serra, foi uma das palestrantes e contou que sua total recuperação é conseqüência do socorro imediato e um intensivo tratamento multidiscilpinar. “O fato de ter sido atendida por um médico e ter tido contado com uma equipe especializadas é considerado um diferencial”.
Mirian sofreu um AVC em dezembro de 2016, durante uma apresentação no Teatro Universitário. Ela foi atendida por um médico intensivista que assistia à apresentação e encaminhada para um hospital particular onde uma junta médica foi mobilizada. Fora isso, durante quatro meses fez tratamento para reabilitação com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros e psicólogos.
O fisioterapeuta Jaime Figueiredo destacou que o tratamento multidisciplinar é muito importante para a reabilitação, prevenção de doenças decorrentes e para garantir o mínimo de qualidade de vida para o paciente.
O deputado Guilherme Maluf, que também é médico, afirmou que a falta de recursos na saúde pública é um fator agravante para as vítimas, que têm o tratamento comprometido e a recuperação prejudicada. Mas ele também falou sobre a importância da prevenção, com a adoção de hábitos saudáveis, realização de exames periódicos e investimento em educação e medicina preventiva.
O AVC pode ser provocado por fatores comportamentais, sociais e fisiológicos. “Cuiabá é uma das capitais com maior número de obesos, elevado índice de ingestão de álcool e de tabagismo, hábitos que contribuem muito para a AVC. Se com o Dia de Prevenção do AVC uma pessoa for conscientizada, este projeto já será válido”, ressaltou Maluf.
Para dona Miguelina Almeida, 55, a doença foi um divisor que trouxe sequelas, mas que também proporcionou uma mudança de vida. Depois do popular “derrame”, dona Miguelina não pode mais trabalhar, tem dificuldades de locomoção e não tem mais a vida independente que tinha. Por outro lá, ela conseguiu parar de fumar e passou a se alimentar melhor. Desde 2015, quanto ela teve o AVC, sua rotina foi de auxiliar de serviços gerais foi substituída por tratamento para reabilitação e um novo jeito de viver.