Dizem os antigos, que o paladar tem memória. E é a partir da memória que mulheres pescadoras de Miracema do Tocantins estão regatando os ensinamentos dos antepassados e encontram no peixe a saída para sair da linha da pobreza.
Doze mulheres da Colônia de Pescadores Profissionais, Artesanais Z16 de Miracema do Tocantins e Tocantínia (Copemito) se uniram e tornaram o hábito alimentar tradicional em negócio promissor.
Por meio da Copemito, as pescadoras idealizaram a Festa do Pescador e da Pescadora em Miracema do Tocantins. Este ano, a 9ª edição do evento, aconteceu recentemente, no Ponto de Apoio, local turístico da cidade, às margens do rio Tocantins.
O cardápio à base de peixe foi de encher os olhos e dar água na boca: quibe, tortas, pizza, escondidinho, lasanha, bolos, caldos, peixe frito e ao molho, foram algumas opções oferecidas a preços populares. O evento mobilizou a população.
A Dona de casa, Maria de Jesus da Silva levou a família e experimentou vários sabores. “Além de ser uma comida saudável a gente vem para prestigiar essas mulheres guerreiras”, afirmou.
Empoderamento
Maria do Socorro é um dos exemplos de empoderamento das associadas da Copemito. Pescadora desde criança, herança recebida do pai, ela é uma das organizadoras e participantes da festa. “Minha vida mudou muito. O peixe trouxe mais renda. Hoje, eu vendo peixe para a população, na feira e para o comércio da cidade,” contou com entusiasmo.
Ercivane Pereira Campos, pescadora e criadora de peixe, há 42 anos, conta que foi inspirada no pai pescador que ela decidiu se unir às outras mulheres. “Minha condição melhorou e desde que entrei na colônia minha vida e dos meus quatro filhos mudou para melhor”, destacou.
Ercivane Pereira mostra com orgulho o produto que mudou renda familiar – Foto: Mariah Soares/Governo do Tocantins
Tocantins
A técnica da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), lotada na Diretoria da Agricultura Familiar (DAF) e articuladora da campanha Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, Patrícia Rezende, conheceu a festa e o trabalho das mulheres, além de promover a campanha, a qual pode ser forte aliada à visibilidade das pescadoras.
Patrícia Rezende explica que, “a campanha busca dar visibilidade ao poder transformador das mulheres rurais, afrodescendentes e indígenas e sua contribuição para os desafios estabelecidos nos objetivos do desenvolvimento sustentável. Permite, ainda, visibilizar conquistas, desafios e prioridades para construção de políticas públicas adequadas às mulheres extrativistas agricultoras familiares, mulheres de assentamentos rurais, indígenas e quilombolas”, destaca.
Para o segundo semestre, a Seagro elaborou um calendário de ações para o Dia Internacional das Mulheres Indígenas (05/09), Semana Mundial da Alimentação (outubro), Dia Internacional das Mulheres Rurais (15/10) e Dia Internacional da não-violência contra as Mulheres (25/11).
Como parte integrante, o Tocantins segue os temas centrais da campanha regional (América Latina e Caribe), que são a segurança alimentar e nutricional e a redução da pobreza rural.
Brasil
No Brasil, a campanha Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos é organizada pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que atua de forma articulada, em nível nacional, com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a ONU Mulheres, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (REAF) e a Diretoria Geral de Desenvolvimento Rural do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (DGDR-MGAP) do Uruguai.
A campanha é colaborativa, sem fins lucrativos e pessoas físicas ou jurídicas podem ser colaboradores.
Fonte: Mariah Soares/Governo do Tocantins