Assembleia realiza 1º Simpósio Estadual de Saúde da Pessoa Surda

Assembleia realiza 1º Simpósio Estadual de Saúde da Pessoa Surda

A Assembleia Legislativa realiza, durante toda esta quinta-feira (26), o 1º Simpósio Estadual de Saúde da Pessoa Surda, em comemoração ao Dia Nacional dos Surdos.

O evento é uma iniciativa em conjunto dos deputados estaduais Eduardo Botelho (DEM), Paulo Araújo (PP) e Wilson Santos (PSDB) e tem como objetivo chamar atenção para o tema em Mato Grosso.

Ao final, os representantes do Centro Estadual de Atendimento e Apoio ao Deficiente Auditivo (Ceada), entregou um projeto de lei para o deputado Wilson Santos a fim de que seja encaminhado ao Poder Executivo,  para a construção de uma escola bilíngue com professores e funcionários bilíngues.

“Não podemos ficar escondidos, temos que colher sugestões e ideais para, posteriormente, fazermos requerimentos e saber como anda a situação [dos surdos] em Mato Grosso. Será um pontapé com a presença da Assembleia e Ministério Público juntos com outras instituições e entidades, defendendo políticas públicas de inclusão aos surdos no processo de desenvolvimento do Estado”, afirmou Wilson Santos.

Dados da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) mostram que  Mato Grosso possui 4.391 pessoas que não conseguem ouvir 100% e outras 127 mil com algum nível de deficiência auditiva.

“O surdo pode, perfeitamente, desenvolver sua linguagem pelo sistema de Libras e pode se comunicar tranquilamente chegando a um curso superior. Temos que entender que cada ser humano é individual e o Estado tem que se adequar a eles e não excluí-los”, explicou Santos.

Para a diretora do Centro Estadual de Atendimento e Apoio ao Deficiente Auditivo (Ceada), Gláucia Inês Paes de Barros, o evento vai revelar para a população o que é a “educação de surdo”, o que são as escolas bilíngues, e a inserção da pessoa com esse tipo de deficiência no mercado de trabalho, “fazendo com que a comunidade entenda um pouco mais da educação de surdo”.

“Hoje o surdo é descriminado e até humilhado em muitas ocasiões. Não podemos construir uma sociedade dessa maneira. Atualmente não temos pessoas fluentes em Libras para estar trabalhando. No Ceada, temos 82 alunos matriculados na escola desde a educação infantil -do primeiro ao nono ano -e educação de jovens e adultos com oficinas de amparo. Temos bastante surdos nas redes municipais de Cuiabá”, colocou ela.

Na ocasião foram debatidos vários temas ao longo do dia. Um dos assuntos foi a lei federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que “entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil”.

O consultor educacional do Ministério da Educação, André Reichet, foi o primeiro palestrante do simpósio. Ele fez uma explanação com intérprete sobre a lei explicando que a Libras foi reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil.

“Ela reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais/Libras e outros recursos de expressão a ela associados, é uma língua de natureza visual-motora, com estrutura gramatical”, disse ele através do intérprete Alex Santos.

Outro ponto abordado por ele consultor foi direcionado para a importância do respeito a condução do surdo na sociedade. “A primeira língua do surdo é a de sinais. Temos que saber como colocar os estudos com a motivação nos profissionais de intérprete, que são muito carentes nesta área. Esse profissional precisa ser bem qualificado, e não pode ser qualquer pessoa para desenvolver esse tipo de trabalho”, apontou ele.

De acordo com os participantes, o tema central do simpósio foi o compartilhamento do resultado de pesquisas e palestras produzidas nos últimos anos, para auxiliar estudantes e professores no processo de reflexão sobre o ensino e aprendizagem da Libras.

O presidente do Conselho Estadual de Pessoas com Deficiência (Conede), Luis Carlos Grassi, defendeu a iniciativa da Assembleia Legislativa, pois ele entende que, todo movimento envolvendo as pessoas com deficiências, é de extrema relevância.

“Os surdos vivem no nosso meio como ‘alienígenas’, porque são considerados estrangeiros. A língua brasileira deles de sinais, ninguém sabe, e acabam vivendo sem comunicação. É uma vida muito difícil, porque eles precisam de um intérprete para vários setores, e hoje não temos essa demanda de profissionais”, definiu Grassi.

Uma das propostas lembradas pela superintendente de Promoção e Articulação das Políticas Públicas para as Pessoas com Deficiência da Casa Civil, Tais Augusta de Paula é auxiliar na formação de profissionais de diversas áreas da escola para surdos a terem conhecimentos teóricos e práticos a respeito de como interagir e comunicar com as pessoas e profissionais surdos.

“As pessoas com deficiência auditiva estavam muito atrás e sem oportunidade em todos os aspectos. O simpósio vai dar vez e voz para as pessoas surdas no estado de Mato Grosso, como está trazendo a importância da educação inclusiva para todos. Temos muitas leis, porém, elas não estão sendo colocadas em prática”, deliberou a superintendente.

Confira os palestrantes:

André Ribeiro Reichert. Tema: Política Linguistica da Educação em Bilíngue de Surdos e Cegos).

Nelson Goettert. Tema: Movimento de Povos Surdos da Escola Bilingue.

Flaviane Reis. Tema: Direitos Humanos e Direitos Linguísticos das Crianças Surdas.

Patrícia Luíza Ferreira. Tema: Políticas Públicas em Educação de Surdos.

Riguel Brum de Paula. Tema: Importância da Escola Bilingue de Surdos do Direito à Prática (1ª parte).

Elizabeth Novaes. Tema: Importância da Escola Bilingue de Surdos do Direito à Prática (2ª parte).

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