Após 3 anos de alta, vendas de carros de luxo caem no Brasil

Redação PH

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Após 3 anos de alta, vendas de carros de luxo caem no Brasil

Depois de 3 anos seguidos de alta, as vendas de carros de luxo no Brasil passaram a cair. De janeiro a maio últimos, as 3 marcas líderes do segmento, as alemãs Audi, Mercedes-Benz e BMW, apresentaram queda nos emplacamentos, na comparação com o mesmo período de 2015. Somando o volume das 3, o recuo é de 27,6%.
A baixa nas vendas acompanha um movimento de aumento de preços, inclusive de modelos que passaram a ser produzidos no Brasil. Para analistas, dólar alto, crise econômica e produção local ainda em fase inicial pesaram nesse revés.
Há pouco tempo, as 3 marcas passaram a fabricar no país produtos-chave de seu portfólio.
A primeira foi a BMW, em outubro de 2014, em Santa Catarina, onde já são feitos 4 modelos. No ano passado, a Audi começou a produzir no Paraná o A3 Sedan. No início deste ano, a Mercedes inaugurou sua fábrica de carros no interior de São Paulo, com o Classe C. Há 2 dias, a Jaguar Land Rover juntou-se ao "clube", com a unidade em Itatiaia, RJ, onde produzirá 2 modelos.
Desde que anunciaram a intenção de construir as fábricas, essas montadoras afirmaram que os carros nacionais não seriam mais baratos, ao menos não num primeiro momento, enquanto investimentos não fossem recuperados.
Ano em queda
Após comemorar pela primeira vez a liderança no segmento de automóveis "premium" em 2015, com 40% de alta, a Audi agora tem um recuo de 25,7% nas vendas, conforme dados da associação das montadoras, a Anfavea.
A marca alemã emplacou 4,8 mil carros entre janeiro e maio; nesse mesmo período, em 2015, foram 6,3 mil.
Com 4,1 mil emplacamentos neste ano, a Mercedes-Benz teve queda de 28,5% na comparação com os primeiros 5 meses de 2015, quando vendeu 5,7 mil automóveis.
Entre as líderes, a BMW foi quem caiu mais: 30,2%, sem considerar as vendas marca Mini. A terceira alemã vendeu 4,7 mil automóveis neste ano, até maio. Um ano atrás, somava 6,7 mil emplacamentos.
Escalada dos preços
No início do ano, as 3 marcas aumentaram preços inclusive de modelos mais "baratos", que puxaram vendas em 2015.
A BMW passou a cobrar R$ 30,5 mil a mais pelo Série 1, e R$ 22 mil a mais pela versão mais básica de seu carro mais vendido, o Série 3, que passou por leve reestilização. Ambos fabricados em SC.
Na época, a montadora afirmou ao G1 que "a variação nos preços acompanha o aumento no custo de produção nacional, influenciado por oscilações cambiais e inflação".
A Audi deixou de ter carros abaixo dos R$ 100 mil. O A3, nas carrocerias hatch e sedã, com motores 1.4 flex e 1.8, teve variações na tabela entre R$ 7 mil e R$ 10,8 mil.
Na Mercedes, o sedã Classe C e o SUV GLA, 2 dos modelos mais vendidos pela marca no Brasil, tiveram aumento de até R$ 17 mil. O segundo já foi reajustado novamente, em mais R$ 3 mil, na linha 2016/2016.
"No ano passado, o (valor do) dólar (frente ao real) ainda estava subsidiado. Depois, disparou. Com estoques, as marcas ainda conseguiram administrar (os preços)", descreve Paulo Garbossa, da ADK Automotive, especialista no mercado automotivo. "Hoje há pouco estoque (dos principais modelos), as produções locais ainda estão em fase inicial."
Para Rene Martinez, da Ernst & Young (EY), a alta do dólar pode ainda não ter sido repassada totalmente. "Não tenho certeza se todas estão repassando toda essa diferença. Se fizessem isso, a queda seria muito mais acentuada. Devem estar dando uma segurada", avalia.
Previsões das montadoras
A Audi chegou a prever mais uma alta de dois dígitos nas vendas em 2016 no Brasil, mas, em abril passado, Jörg Hofmann, presidente da filial, afirmou que a marca não esperava crescimento em vendas neste ano.
"Temos que superar a crise política para retomar o crescimento da economia. Acreditamos na recuperação, mas no longo prazo", disse, durante o lançamento mais importante para a marca no ano, da nova geração do sedã A4.
Na inaguração da fábrica, em março último, a Mercedes afirmou que espera manter o volume de vendas no ano (incluindo emplacamentos de vans), mas também apontou a instabilidade política e econômica como principal desafio.
"2016 é muito difícil de programar. Mais cedo ou mais tarde, (o dólar alto) fica no preço. Quando? Depende do mercado", afirmou o presidente da filial brasileira, Philipp Schiemer.

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