Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, foi assassinado por Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, com mais de 70 golpes de faca e machado, conforme apontou o laudo necroscópico da Polícia Científica. A informação foi repassada pelo delegado Victor Oliveira. Anteriormente, a suspeita era de que a vítima tinha sido morta com 15 facadas e um golpe de machado. De acordo com o responsável pelas investigações, o documento foi encaminhado à Justiça.
O crime aconteceu no dia 7 de setembro, após discussão sobre política. O autor defendia o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), enquanto a vítima apoiava o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). Os dois trabalhavam juntos no corte de lenha em uma propriedade rural de Confresa, a 1.160 km de Cuiabá.
Rafael responde por crime triplamente qualificado por motivo fútil e meio cruel. Na quinta-feira (22), a Justiça determinou que ele passe por testes de sanidade mental. A decisão do juiz substituto Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes, da 3º Vara de Porto Alegre do Norte, atende pedido apresentado pelo Ministério Público para que o assassino seja avaliado por equipe especializada.
Em 2020, a família solicitou à Justiça a internação compulsória dele em unidade psiquiátrica. Segundo laudo apresentado à época, Rafael apresentava atitudes “agressivas e descontroladas” causadas pela esquizofrenia. Porém, em abril de 2022, o pedido foi negado. Na decisão, o juiz responsável escreveu que seria “imprudente” mantê-lo em clínica durante a pandemia da Covid-19.
Ao g1, o advogado de Rafael, Matheus Roos, havia informado que também pediria o incidente de sanidade mental à Justiça na expectativa de que, “se comprovasse doença mental, substituir eventual pena por medida de segurança”. Procurada, a defesa não quis se manifestar sobre a conclusão do laudo necroscópico.
O inquérito da Polícia Civil foi concluído no dia 16 de setembro.
O caso
Benedito, de 42 anos, foi assassinado com golpes de faca e machado, durante uma discussão por questões políticas. O crime aconteceu em uma chácara em Agrovila, zona rural de Confresa, na noite de 7 de setembro. Segundo o delegado, os dois homens trabalhavam juntos no corte de lenha na propriedade.
Segundo a Polícia Civil, Benedito deu um soco no rosto de Rafael, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, e, em seguida, pegou uma faca. O autor do crime, então, partiu para cima da vítima e tomou para si a arma branca.
Ainda, segundo a versão apresentada pelo delegado, Benedito teria corrido e Rafael o perseguiu e começou a golpeá-lo pelas costas. A vítima teria ficado caída no chão, momento em que o autor aproveitou para acertá-la com golpes no olho, no pescoço e na testa.
De acordo com o delegado, Rafael foi até um barracão pegar um machado, foi até Benedito, que ainda estava vivo, e o acertou no pescoço, na tentativa de decapitá-lo.
O autor escondeu as armas do crime e foi andando até a cidade de Confresa, chegou ao hospital e solicitou atendimento médico, pois estava com um corte na mão e outro na testa. Ele alegou que tinha sido vítima de uma tentativa de roubo.
O suspeito foi encaminhado para a delegacia para prestar depoimento e confessou o crime.
Os policiais encontraram a faca, o machado e outros elementos que apontavam para o suspeito no local do crime.
Gravação
Segundo a Polícia Civil, Rafael gravou um vídeo do corpo da vítima e formatou o celular antes de entregar o aparelho para um amigo.
“Ele [Rafael] falou que tinha praticado uma besteira, mostrou o vídeo e deixou o celular com essa testemunha. O celular foi apreendido só que ele estava formatado e não tinha mais nada. Vamos tentar com a perícia para ver se recupera alguma coisa mas, até então, não tivemos acesso ao vídeo”, disse Oliveira.
O amigo disse para a polícia que o vídeo mostra o corpo da vítima no chão, informou a polícia.
De acordo com o delegado, além da testemunha que informou sobre o vídeo e que estava com o celular de Rafael, outras seis pessoas também foram ouvidas.
“Para nós, ele estava lúcido e ciente do que estava fazendo, então foi autuado como uma pessoa normal”, disse o delegado.
Repercussão
Pelas redes sociais, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou o assassinato, a facadas, de um simpatizante petista durante discussão com um bolsonarista.
“É com muita tristeza que soube da notícia do assassinato de Benedito Cardoso dos Santos, na zona Rural de Confresa. A intolerância tirou mais uma vida. O Brasil não merece o ódio que se instaurou nesse país. Meus sentimentos à família e amigos de Benedito”, disse Lula por meio de uma rede social.
O candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, não se manifestou sobre o crime.
Já a diretora para as Américas da ONG Human Rights Watch, Juanita Goebertus Estrada, declarou que “todos os candidatos deveriam condenar energicamente o assassinato de Benedito Cardoso dos Santos e quaisquer atos de violência política, intimidação ou ameaça no período eleitoral”.