Apesar da crise, indústria tem projetos de R$ 34 bi em MS, diz entidade

Redação PH

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Apesar da crise, indústria tem projetos de R$ 34 bi em MS, diz entidade

Apesar da crise econômica do país, o setor industrial de Mato Grosso do Sul de olho em oportunidades de mercado e aproveitando a localização estratégica e as condições econômicas, políticas e sociais oferecidas pelo estado, está investindo aproximadamente R$ 34 bilhões em projetos de novas plantas e da ampliação das unidades já instaladas em dez municípios sul-mato-grossenses.

O valor foi revelado na manhã desta quinta-feira (23), pelo presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, ao analisar em entrevista ao jornal Bom Dia MS, da TV Morena, o panorama atual do segmento no estado. Ele comentou que apesar da queda de 21,3% na receita com as exportações de produtos industrializados do estado no primeiro semestre deste ano frente ao do ano passado (de R$ US$ 1,81 bilhão para US$ 1,42 bilhão) que a indústria tem acreditado e investido no estado.

“Não podemos acreditar que tudo está perdido. A direção é de muito trabalho. É nessa linha que temos procurado avançar, trabalhando para consolidar a indústria em Mato Grosso do Sul. Estamos, junto com o governo do estado e com os municípios, procurado apoiar esses investimentos no setor para gerar o equilíbrio necessário para sairmos dessa rota de preocupação. Esses investimentos, que estão ocorrendo de maneira bem regionalizada vão ajudar a levar desenvolvimento para o estado como um todo”, analisou.

Dentro dos investimentos contabilizados pelo presidente da Fiems, um dos principais é o de R$ 16 bilhões da ampliação da capacidade de produção, com a implantação de novas linhas de processamento das duas fábricas de celulose instaladas em Três Lagoas, a Fibria e a Eldorado. O presidente da Associação Comercial e Industrial do município, Atílio D'Agosto, aponta que a expectativa em razão dos empreendimentos é muito positiva.

“Vai puxar uma cadeia produtiva muito grande e vão surgir muitas oportunidades para indústrias menores, seguindo até na contramão da cenário nacional, que é de crise”, destacou o dirigente. O empresário Stevan Falco, dono de uma empresa que oferece alojamentos para pessoas de outras cidades que vêm trabalhar nas indústrias locais, e que está com as estruturas fechadas há sete meses é um dos que tem esperança de melhoria do cenário atual com esses investimentos.

“Estou tendo um prejuízo muito grande. Porque tenho que manter funcionários, manter seguranças e dar manutenção nas estruturas. Fica muito caro para deixá-los fechados”, comentou. Outro que vê perspectivas boas em razão dos investimentos industrias em Três Lagoas é o técnico em segurança no trabalho Vinícius Ferrini, que está desempregado desde 2014. “Estou com uma expectativa boa, para ver se consigo coisas novas para que a situação volte ao normal”, ressaltou.

Já em Campo Grande, o presidente da Fiems destacou o investimento de mais de R$ 750 milhões que vem sendo feito pela Archer Daniels Midland Company (ADM) em uma planta de produção de proteínas complexas que serão utilizadas em vários produtos alimentícios e bebidas. A fábrica, que deve operar no próximo ano, está sendo construída ao lado da unidade de processamento de soja e produção de óleo do grão, que a companhia possui no núcleo industrial Indubrasil.

Sobre a situação do núcleo, o primeiro a ser implantado em Mato Grosso do Sul há 38 anos especificamente para receber empreendimentos industriais, e que atualmente é de responsabilidade do governo do estado, o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, diz que o governo tem planos para revitalizar o local.

A área de aproximadamente 200 hectares, se tornou um retrato do abandono. Várias indústrias fecharam as portas e demitiram os funcionários, abandonando os prédios, que foram depredados e tomados pelo mato. Em algumas destas áreas ocorreram ocupações e a construção de imóveis residenciais. Atualmente, segundo a Fiems, apenas 28 empresas permanecem instaladas na área.

“O cronograma desta empresa [ADM] é para a inauguração no próximo ano. A partir daí nós já temos outras demandas de logística de empresas que vão se instalar ali para utilizar essa matéria-prima. Nesse sentido, em parceria com a prefeitura, já que ali é uma área urbana, precisamos resolver a questão do esgotamento sanitário e do asfaltamento”, apontou Verruck.

O presidente da Fiems, por sua vez, lembrou que o governo do estado também tem retomado as negociações com as famílias que ocuparam as áreas antes destinadas as indústrias no Indubrasil e que a retirada dessas pessoas da área também fará parte do processo de revitalização da área. “Entendo que o panorama atual do Indubrasil, nos moldes em que está, nos próximos meses será uma página virada”, projeta Longen.

Em relação a instalação de outras indústrias em Campo Grande, o presidente da Fiems cobrou da prefeitura e da Câmara de Vereadores a agilização dos processos para a concessão de incentivos fiscais e isenções. “Hoje o empresário protocola o pedido na prefeitura e essa demanda demora de 30 a 60 dias para ser analisada e depois vai para a Câmara, para uma nova análise. E aí não tem prazo. Precisamos agilizar isso, reduzir essa burocracia. Temos conversado com o prefeito e com os vereadores para modernizar esse processo. A cidade tem perdido por causa dessa burocracia”, alertou.

Outro polo de desenvolvimento industrial de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Fiems, é o município de Dourados. Dados da secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável do município apontam que em 2014 houve um aumento de 10% no número de empreendimentos do setor na cidade frente a 2013, atingindo no fim do ano passado um total de 658 unidades de vários segmentos.

“Sentimos que temos atraído novos negócios e a expansão dos que já estão instalados pela credibilidade que o município inspira e pela mão de obra qualificada, tanto que temos um aumento da procura pelo trabalhador com maior qualificação no município. Assim como todo o país, estamos sentindo a crise, mas de modo mais lento”, explicou a secretária de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Dourados, Elizabeth Salomão.

Na região, o presidente da Fiems, diz que o Sistema da Federação das Indústrias do estado investiu somente por meio do Senai, mais de R$ 20 milhões nos últimos anos. Os recursos foram utilizados para melhorar a estrutura de laboratórios, implantação de salas de aula, ampliação de áreas de pesquisa e apoio ao agronegócio, entre outras iniciativas. “Dourados tem uma política de desenvolvimento regional muito clara, com regras muito transparentes. Aliada uma vontade política muito forte está trilhando um caminho que vem consolidando a indústria com uma grande atividade econômica para o município e região”, destacou.

Já em Corumbá, o setor industrial têm 135 unidades instaladas, que juntas movimentam cerca de R$ 587 milhões, o que representa 19,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade. Somente no ano passado, as exportações de produtos industrializados atingiram os R$ 570 milhões, sendo boa parte do setor mineral, que não atravessa um bom momento por conta da redução do preço do minério de ferro no mercado internacional.

Entretanto, a região, acaba atraindo também outros investimentos como o de empresas agroindustriais. Um dos mais recentes exemplos é da construção do primeiro frigorífico para o abate de jacarés do estado. O empresário Weber Girardi diz que começa a construir as estruturas em setembro e que elas devem estar finalizadas em julho do próximo ano. “A expectativa é boa. Temos o projeto de abater ao redor de 10 mil animais por mês, com a geração de 100 empregos diretos na área da indústria e produção e de mais 100 durante a coleta de ovos”, revelou.

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