Alta da gasolina pressiona inflação em outubro, e índice fica em 0,82%

Redação PH

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crise econômica pode trazer oportunidades de investimento, avalia especialista

Alta da gasolina pressiona inflação em outubro, e índice fica em 0,82%

Em outubro, os brasileiros tiveram de gastar ainda mais para morar, comer e se locomover. O aumento desses custos acabou impactando a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 0,54% em setembro para 0,82% no mês seguinte, atingindo a maior alta para o período desde 2002.

Os recordes negativos também são vistos em outras bases de comparação. No ano, o IPCA acumula alta de 8,52%, a maior para o período de janeiro a outubro desde 1996, quando ficou em 8,70%. Em 12 meses, o indicador foi para 9,93% e é o mais elevado, considerando o período, desde 2003, quando chegou a 11,02%.

De setembro para outubro, o que mais influenciou a alta de preços no país foram os combustíveis. O aumento foi de 6,09% e representou quase 40% na composição do IPCA. resultado do índice.

No caso da gasolina, que teve seu reajuste de preços autorizado pela Petrobras no final de setembro, ficou, em média, 5,05% mais cara, puxada por São Paulo, onde os postos aplicaram um aumento acima de 6%. Quem costuma abastecer o carro com o etanol teve de desembolsar mais ainda. O preço do combustível subiu 12,29%. Apesar do avanço ter sido maior que o da gasolina, o etanol tem peso menor no cálculo da inflação.

“Com o aumento da gasolina, as pessoas tendem a procurar mais o etanol, então, tem uma pressão de demanda sobre o etanol. Além disso, há notícias de que a exportação do etanol tem aumentado, então tem uma demanda externa também sobre o combustível”, analisou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.

Com o aumento dos preços dos combustíveis, o grupo de gastos com transporte, um dos pesquisados pelo IBGE, registrou a maior variação, de 1,72% em outubro, contra 0,71% em setembro. Ficaram mais caros ainda passagem aérea (4,01%), pneu (0,94%), ônibus intermunicipal (0,84%), conserto de automóvel (0,69%) e acessórios e peças (0,46%).

"O IPCA de outubro foi dominado pelos transportes, que é o segundo grupo de maior peso, logo depois dos alimentos. Eles [juntos] exerceram pressão muito forte [no mês], apesar da maioria dos grupos subir de um mês para o outro. Que a maioria está subindo é um fato, mas dentro dos transportes [o impacto] são os combustíveis, e nos alimentos, é o dólar impactando…e também tem a questão das chuvas”, analisou.

Alimentos e habitação

Depois dos transportes, o maior aumento partiu de alimentação e bebidas (de 0,24% para 0,77%). Isso porque os alimentos consumidos fora de casa subiram 0,93%, e os consumidos dentro de casa, 0,68%.

“Nesse mês, os alimentos consumidos no domicilio ficaram com preço menor do que os consumidos fora. Os preços das refeições fora continuam subindo…Os agricultores têm se queixado bastante dos custos agrícolas que vêm crescendo. Além disso, as chuvas que vêm ocorrendo no sul do país, que são os principais produtores de agricultura, vêm atrapalhando bastante as lavouras. Os produtores de arroz têm apontado prejuízo por excesso de chuva. No geral, a gente tem pressão do câmbio, das chuvas e exportações também."

Os gastos com habitação registraram a terceira maior alta, ainda que a variação tenha sido menor de setembro para outubro (de 1,30% para 0,75%). O avanço do preço do botijão de gás perdeu força, ao passar de 12,98% em setembro, para 3,27%, em outubro – ainda um reflexo do reajuste de 15% permitido pela Petrobras a partir de setembro. Subiram também os preços de energia elétrica, mão de obra para pequenos reparos, aluguel e artigos de limpeza.

Na sequência, estão os grupos de preços relativos a vestuário (de 0,50% para 0,67%), despesas pessoais (de 0,33% para 0,57%), saúde e cuidados pessoais (estável em 0,55%), comunicação (de 0,01% para 0,39%), artigos de residência (de 0,19% para 0,39%) e educação, de 0,25% para 0,10%).

Inflação por regiões

Na análise por região, o maior IPCA ficou com Brasília (1,24%) e o menor, no Rio de Janeiro (0,59%).

Previsões alinhadas

Para 2015, a expectativa dos economistas, segundo o boletim Focus, do Banco Central, é que IPCA feche o ano em 9,91%, se aproximando assim da marca dos 10%. Se confirmada a estimativa, representará o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando ficou em 12,53%.

O BC informou recentemente que estima um IPCA de 9,5% para este ano. Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressionam os preços em 2015.

INPC

O IBGE também divulgou o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de outubro, que ficou em 0,77%, depois de avançar 0,51% em setembro. No ano, o índice acumula alta de 9,07% e, em 12 meses, de 10,33%.

“O INPC nos 12 meses já passou dos dois dígitos. O que isso significa? Como se refere a uma população de renda mais baixa, em que os alimentos tem maior participação, (…) quando os preços aumentam, todo mundo é penalizado. Mas a população com renda mais baixa está sendo mais penalizada do que a da mais alta”, analisou Eulina Nunes, que acrescentou ainda que a alta do botijão de gás, ônibus e energia também impactam o INPC.

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