Agressores gravaram morte de padre, diz freira que fugiu de ataque em igreja

Redação PH

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Agressores gravaram morte de padre, diz freira que fugiu de ataque em igreja

A freira que conseguiu fugir de uma igreja católica de Saint-Étienne du Rouvray, na França, para alertar que dois homens armados com facas haviam feito reféns no local, contou que os agressores fizeram o padre se ajoelhar, o degolaram e gravaram o crime.

O ataque realizado na manhã desta terça-feira (26) foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico. O padre, Jacques Hamel, de 84 anos, foi morto. Outros três reféns ficaram feridos – um deles em estado grave. O atentado terminou após a polícia matar os dois terroristas.

Em entrevista à emissora de rádio "RMC", a irmã Danielle explicou que os assassinos ordenaram aos cinco religiosos que estavam dentro da igreja para ficarem juntos em frente ao altar. Além do padre e de Danielle, outra freira e dois fiéis foram feitos reféns.

Apesar das súplicas para que não cometessem o assassinato, os agressores não hesitaram em nenhum momento, de acordo com o relato da freira. “Na igreja, todo mundo gritava: ‘Parem vocês não sabem o que fazem’ ”, afirmou.

Os homens forçaram o sacerdote Jacques Hamel, de 84 anos, a se ajoelhar, e quando este tentou se defender, "começou o drama", segundo a freira.

"Gravaram em vídeo. Fizeram uma espécie de sermão em árabe em torno do altar. Foi horroroso", disse Danielle, que acrescentou que conseguiu fugir no momento em que os homens atacaram o sacerdote e depois pediu socorro a uma pessoa que passava de carro pela rua da igreja.

“Eu reagi no momento em que ele [o terrorista] atacou Jacques e que ele o colocou de joelho. Eu fugi, saí rápido. Ele estava ocupado em lhe atacar com a faca e não me viu sair. As pessoas gritavam”, disse.

Em relação a Hamel, a freira lembrou que "era um padre extraordinário".

O presidente da França, François Hollande, declarou que os "dois terroristas, que disseram ser do Estado Islâmico", cometeram "um covarde assassinato". Mais tarde, rejeitou os apelos da oposição de direita e de extrema-direita para endurecer ainda mais a legislação antiterrorista. "Restringir nossas liberdades não trará eficácia à luta contra o terrorismo", declarou, em pronunciamento transmitido pela televisão.

Um pouco mais cedo, seu antecessor no governo, Nicolas Sarkozy, reivindicou do Executivo "mudar profundamente (…) a retaliação". Para Hollande, as leis votadas desde 2015 dão "capacidade para agir".

Um dos criminosos já era conhecido da polícia e tinha a chamada ficha “S”, que indica a suspeita das autoridades francesas com relação ao elo com atividades terroristas, segundo o jornal francês “Le Figaro”. Ele tinha tentado partir para Síria e, quando voltou, foi acusado de associação para o crime e foi preso provisoriamente antes de ser liberado com uma pulseira eletrônica.

Ataque

O "Le Figaro" afirmou que os dois homens armados entraram na igreja durante a missa matinal. Fontes policiais informaram que pelo menos um deles usava barba e uma espécie de gorro de lã utilizado por muçulmanos.

Agentes do corpo de elite da Brigada de Investigação e Intervenção (BRI) da polícia local cercaram o imóvel e tentaram negociar com a dupla. O cerco só acabou após 40 minutos, quando agentes de segurança mataram os criminosos. Jacques Hamel, que foi degolado, trabalhava nessa igreja há cerca de 20 anos.

Uma pessoa foi presa durante as investigações do atentado, de acordo com a Associated Press.

Repercussão

O Vaticano condenou o "bárbaro assassinato" do padre. Na avaliação da Santa Sé, o ato se torna "ainda mais odioso" por ter ocorrido em um local sagrado, segundo a Reuters.

O primeiro-ministro, Manuel Valls, expressou "horror" por este "ataque bárbaro contra uma Igreja". "Toda a França e todos os católicos estão feridos. Permaneceremos juntos", escreveu no Twitter. Valls havia advertido há uma semana que a França deveria se preparar para ser alvo de "outros atentados".

O ato é o mais recente em uma série de ataques violentos na Europa. A morte do padre ocorre em um contexto de alerta máximo na França 12 dias após um tunisiano matar 84 pessoas com um caminhão em Nice, em ataque reivindicado pelo Estado Islâmico.

O país foi alvo de três ataques de grande porte nos últimos 18 meses – 17 mortos em janeiro de 2015, 130 mortos em 13 de novembro de 2015 e esse último em Nice.

Católicos

Depois do ataque em Nice, a França estendeu por seis meses o estado de emergência, em vigor desde os atentados terroristas de 13 de novembro de 2015 em Paris. O regime dá à polícia poderes adicionais.

Em sua propaganda e seus comunicados de reivindicação, o grupo Estado Islâmico convoca a atacar os líderes "cruzados" ocidentais e o "reino da Cruz", uma expressão que faria referência à Europa, segundo a France Presse.

A ameaça de um ataque contra um local de culto cristão estava na mente de todos na França, sobretudo depois que um projeto de atentado contra uma igreja católica nos arredores de Paris em abril de 2015 foi abortado.

Após esta tentativa, o governo havia anunciado que adaptaria seu dispositivo de luta antiterrorista aos locais de culto católicos.

Cerca de 700 escolas e sinagogas judaicas, assim como entre 1 mil e 2,5 mil mesquitas, estão protegidas por militares, mas parece difícil aplicar estas mesmas medidas de segurança às 4,5 mil igrejas católicas do país.

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