Agentes Mirins são referências para implantação de projeto em Cuiabá

Agentes mirins de Campo Novo do Parecis conhecem instituições de segurança, em Cuiabá - Foto por: Reinaldo Lima / PJC-M

Agentes Mirins são referências para implantação de projeto em Cuiabá

Cerca de 80 jovens de Campo Novo do Parecis (385 km ao Norte de Cuiabá) estão conhecendo as instituições de segurança do Estado, durante visita realizada à capital. Eles integram o projeto Agente Mirim, desenvolvido pela Associação dos Servidores Penitenciários de Campo Novo do Parecis desde 2016. A intenção também é apresentar a iniciativa às forças de segurança, visando parcerias para implementar o projeto em Cuiabá já em 2020.

Nesta quinta-feira (12.09), eles estiveram na Escola Penitenciária, Corpo de Bombeiros Militar (CBM-MT) e Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). O juiz da Vara de Execuções Penais de Mato Grosso, Geraldo Fidelis, foi convidado a conhecer os jovens. “Eu já tinha conhecimento do projeto, mas nesta visita o instrutor me falou minuciosamente sobre ele. Queremos implantar em Cuiabá, porque é brilhante, e estarei empenhado para auxiliar no que for possível. Tudo o que queremos são crianças e adolescentes profícuos, com noções de cidadania e envolvidos em atividades esportivas e culturais”.

Atualmente, o projeto conta com 280 participantes fixos. De acordo com o agente penitenciário e coordenador da iniciativa, Fábio Aguiar, o foco é a prevenção da criminalidade e uso de drogas. “A ideia surgiu em 2016, por iniciativa voluntária dos agentes penitenciários, via associação, que se dedicam aos trabalhos do projeto nos dias de folga. Ao longo de um ano, os jovens participam de atividades dentro de uma grade curricular, que conta com a parceria de outros órgãos e instituições locais”, explica.

Além dos jovens de 12 a 17 anos de idade (feminino e masculino), também participam crianças de oito a 11 anos, os chamados lobinhos. Realizado paralelamente ao trabalho de ressocialização feito com os recuperandos, o projeto visa evitar que estes jovens ingressem no sistema penitenciário futuramente. “Temos filhos ou parentes de reeducandos que frequentam as atividades e sentimos melhora no comportamento deles próprios dentro da unidade, porque veem que estamos cuidando dos seus familiares”, acrescenta Fábio Aguiar.

O projeto é aberto a sociedade de uma forma geral, via publicação de um edital anual. As escolas de Campo Novo fazem a seleção e encaminham os que necessitam, e também há indicações do Conselho Tutelar, Centro de Referência em Assistência Social (Cras), Fórum, entre outros órgãos parceiros. “É importante que estes jovens conheçam as instituições para entenderem desde pequenos a importância da colaboração da sociedade para a segurança pública do Estado, até porque o projeto envolve a família também”.

Na via oposta do encarceramento, a iniciativa trabalha a prevenção a fim de quebrar o ciclo do sistema penitenciário. “Estamos habituados a ver o sistema encarcerando e este projeto faz o contrário. Ele faz com que as crianças conheçam disciplina, normas, regras, consigam desenvolver, por meio disso, a educação, a integração com os pais, com a sociedade”, frisa a superintendente penitenciária da região Oeste, Simone Lira.

Integração cultural

A integração também contempla os indígenas da região. O cacique da Aldeia Quatro Cachoeiras, de Campo Novo do Parecis, Narciso Cazuza, participou da visita, juntamente, com a esposa, Inês. “Estou muito feliz com o trabalho do projeto porque aprendemos muito, as coisas estão mudando e temos que conhecer a parte política do homem branco, mas sempre valorizando a cultura e a vivência do nosso povo”, avalia o cacique.

Também morador da aldeia, o jovem Arilson Azumaré, de 15 anos de idade, participa do projeto há dois anos e meio e considera a visita uma boa oportunidade de conhecer melhor a capital. “Eu não tinha um bom comportamento em casa, fazia muita bagunça, então eu vi o vídeo do Agente Mirim, gostei e falei para a minha mãe. Nesse tempo eu mudei e quero continuar até quando puder”, afirma ele, que cursa o 1º ano do Ensino Médio.

Aos 17 anos de idade, Ketlin Nunes Pires impressiona pela disciplina. Há quase três anos como agente mirim, atingiu o último curso avançado e hoje atua como xerife. “Desde os cinco anos de idade eu sou apaixonada pela Polícia Militar, com o projeto eu fui conhecendo mais as operações, os batalhões e o sonho foi crescendo. Futuramente eu quero entrar no Bope (Batalhão de Operações Especiais), eles são uma inspiração”.

Nesta sexta-feira (13.09), eles passarão pelo Exército e Penitenciária Central do Estado (PCE), no sábado (14.09) o grupo visitará a Gerência de Operações Especiais (GOE) da Polícia Judiciária Civil (PJC-MT) e Bope da Polícia Militar (PM-MT). No domingo, pela manhã, está prevista visita à Arena Pantanal e, após o almoço, o retorno à Campo Novo.

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