A Educação no Sistema Penitenciário é tema de formação em Cuiabá

Redação PH

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A Educação no Sistema Penitenciário é tema de formação em Cuiabá

Os desafios da educação no sistema penitenciário de Mato Grosso foram debatidos, nesta terça-feira (03.10), no Curso de Formação dos Profissionais da Educação no Sistema Penitenciário, realizado pela Escola Estadual Nova Chance, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc).

Ao todo, profissionais das 48 unidades da Nova Chance – presentes em 42 municípios – participaram do evento, que só termina na próxima sexta-feira (06). De acordo com o diretor da escola, Paulo de Oliveira Júnior, debater a educação ofertada nas prisões é uma necessidade.

“Há pouca discussão, já que é uma área discriminada no processo e isso acontece porque o detento é uma pessoa marginalizada. Mas, nós professores já temos esse olhar diferenciado e os vemos apenas como nossos alunos”, lembrou Paulo.

O diretor, que está há dois anos atuando nessa modalidade de ensino, lembrou que a educação tem papel fundamental na ressocialização. “De fato, a escola tem papel importante nesse processo, fazendo com que o aluno se reconheça e seja reconhecido por meio da educação. Não é uma tarefa fácil, já que são adultos e já tiveram seu caráter moldado, mas a escola faz com que eles reflitam sobre as práticas que tiveram”.

O desafio principal, segundo o educador, é mostrar que há um mundo diferente e que ele pode ser útil. “Quando fui chamado para o trabalho, fui por curiosidade. Hoje sou apaixonado. É desafiador, mas foi a melhor decisão que fiz, já que nenhum dia é como o outro. Precisamos ser um camaleão dentro da sala de aula”.

A Nova Chance conta com 3.740 alunos e 148 professores, além disso possui 12 funcionários na parte administrativa, três coordenadores pedagógicos e nove orientadores.

Uma das professoras é Elza Amaral. Ela atua há quatro anos na Escola Estadual Nova Chance, instalada dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE), a maior unidade prisional de Mato Grosso. Elza é professora da Educação de Jovens e Adultos – Fundamental I.

“Eu trabalhava no município, até que conheci os trabalhos da escola. No primeiro momento tive medo e quis desistir. Mas, fui persistente. O ambiente mexe muito com o nosso emocional, mas a gente busca fazer um bom trabalho. Somos um agente de ressocialização, temos uma missão nobre”, disse.

A professora conta que atualmente se dedica de forma exclusiva à escola. Para ela, a decisão de ficar só no local se deve à identificação com seus alunos. “Eu me identifico muito com eles, vejo a mudança de comportamento, percebo o crescimento deles na sala e na convivência, e isso me motiva e os motiva também. Trabalhamos com uma metodologia diferenciada, visando essa ressocialização”.

Referência

O secretário adjunto de Política Educacional da Seduc, Edinaldo Gomes, participou do evento e falou sobre os desafios do educador dentro do sistema penitenciário.

“É uma modalidade muito discriminada, mas é garantida na constituição, já que a educação é um direito de todo cidadão. Mato Grosso é uma referência nessa modalidade e hoje atendemos mais de 30% da população carcerária, somos o estado que mais atende essa demanda”.

Edinaldo lembrou que o encontro reúne profissionais que atuam em todas as escolas e o debate vai possibilitar ainda a troca de informações e de metodologias de ensino. “E o melhor, daqui sairá a construção das políticas educacionais para o sistema prisional”.

Para o adjunto, o trabalho é desafiador, mas que a Seduc e as secretarias de Estado de Segurança Pública (Sesp) e a de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) estão trabalhando em conjunto para melhorar a realidade dos profissionais que atuam dentro de uma sala de aula instalada em unidades prisionais.

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