As pessoas fazem de tudo para perder peso: dieta Atkins, dieta Paleo, sucos detox e assim por diante. Que tal tentar cápsulas feitas com cocô liofilizado? Um ensaio clínico, programado para este ano, irá testar o palpite dos investigadores de que os micro-organismos intestinais podem influenciar sobre o peso das pessoas. Segundo o site Ars Technica, o ensaio contará com a participação de 20 pacientes obesos, que tomarão cápsulas elaboradas com bactérias extraídas de fezes de doadores saudáveis.
“Não temos a menor ideia de como serão os resultados”, admite a líder da pesquisa, Elaine Yu. No entanto, os pesquisadores têm alguns casos que apoiam a ideia de que introduzir micro-organismos saudáveis em uma pessoa pode realmente afetar seu peso. Um estudo, citado pelo Ars, revela que os pesquisadores extraíram bactérias da flora intestinal de dois irmãos gêmeos e as introduziram em ratos. Um dos gêmeos era magro, o outro era obeso. Os ratos que receberam os micro-organismos do garoto obeso engordaram.
A técnica de restaurar o equilíbrio da flora intestinal através de transplantes de fezes tem sido usada para tratar infecções intestinais provocadas pela bactéria Clostridium difficile, informa o New York Times. Segundo um caso relatado pelo Ars, uma mulher recebeu um transplante de fezes de sua filha; a jovem era saudável, mas estava com excesso de peso. A infecção da mulher foi curada, mas ela começou a engordar.
O maior desafio de todo esse empreendimento consistia em criar uma cápsula que pudesse fazer o trabalho de maneira adequada, observa o Times. As cápsulas normalmente se dissolvem na matéria fecal, de modo que quando elas contêm fezes, se dissolverão de dentro para fora. No entanto, uma organização sem fins lucrativos, chamada OpenBiome, conseguiu desenvolver uma cápsula que permanece sólida em temperatura ambiente e se dissolve ao chegar ao intestino delgado. O Times salienta que os pesquisadores estão estudando o uso de fezes no tratamento de outras doenças, tais como a doença de Crohn. “Sem as cápsulas”, afirma um médico, “nós jamais conseguiríamos fazer esse tipo de trabalho.” (Falando de matéria fecal, ela também está presente na carne moída.)
