A Arena dos mato-grossenses

A Arena dos mato-grossenses

A Arena dos mato-grossenses

Desde a Copa de 2014, o governo de Mato Grosso e, principalmente, o povo deste Estado tem à disposição uma arena esportiva multiuso com padrão internacional. Não tenho dúvida alguma de que esse é e continuará sendo o maior legado do evento.

A Arena Pantanal, também chamada de Arena Multiuso Governador José Fragelli, recebeu este ano mais de 102 mil pessoas nos primeiros oito meses de 2019. Esse número representa 66,5 mil torcedores, 10.540 pessoas em eventos externos, 2.665 nos auditórios, 4 mil no Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM) e 20 mil pessoas no mutirão de Conciliação da Prefeitura de Cuiabá. No Ginásio Aecim Tocantins, foram 64.884 pessoas.

Esses dados não levam em conta as mais de mil pessoas que frequentam diariamente o entorno da Arena durante a semana e mais de 4 mil pessoas aos sábados e domingos, além dos frequentadores da nossa única Piscina Olímpica e o Palácio das Artes Marciais Iusso Sinohara.

Esses números devem aumentar com o projeto “MT Mais Saudável”, que lançamos recentemente para levar à população, gratuitamente, atividades físicas em dois horários diários de segunda a sábado, com orientação de profissionais habilitados.

Todos sabem, no entanto, das dificuldades que o Poder Público vem enfrentando no país inteiro. Estados tradicionais como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul não conseguiram nem quitar salários dos servidores. Esse quadro de falta de dinheiro obrigou a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) a realizar um trabalho baseado no esforço individual e coletivo dos servidores, além de termos que recorrer à criatividade para garantir condições satisfatórias para os usuários.

Para piorar, recebemos a Arena em janeiro sem condições de uso. Não tínhamos alvará do Corpo de Bombeiros, nem para a Arena e nem para o Ginásio Aecim Tocantins, mas já solucionamos esse problema de ambos. Já liberamos para uso os telões e estamos concluindo todo o sistema de som. O Centro Oficial de Treinamento da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que estava parado, já tem previsão de ser concluído ainda este ano e estamos fazendo um estudo para retomada das obras do COT Barra do Pari.

Ao aceitar o convite do governador Mauro Mendes para assumir a Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, já sabíamos dessas dificuldades, porém, somente quando estamos dentro do processo é que realmente conhecemos a fundo a realidade.

Conseguimos avançar nesses últimos meses, mas reconhecemos que ainda precisa ser feita muita coisa no Complexo da Arena. Implantamos o projeto de iluminação com base em parcerias com a iniciativa privada, limpeza com ajuda de voluntários e reeducandos do projeto Nova Chance, além de usar o espaço como sede da Secretaria-adjunta de Esporte e Lazer e do Conselho Estadual de Desporto, além de ser o único estádio do país a abrigar uma escola pública estadual com mais de 300 alunos.

Temos cada vez mais certeza que podemos e devemos realizar parcerias com a iniciativa privada na exploração comercial de restaurantes, bares, lojas, camarotes. Dividir a marca principal da Arena com uma empresa também seria uma possibilidade, mas sempre deixando a gestão para o governo.

A Arena é o único estádio com condições de uso na Baixada Cuiabana, recebendo regularmente o futebol masculino, feminino, Brasileirão da série B e o futebol americano. Isso mostra a importância do estádio para Mato Grosso, um dos três da Copa que continua sendo administrado pelo poder público. E assim deve continuar, pelo menos por enquanto, pois é inconcebível a privatização da Arena enquanto o povo ainda nem terminou de pagar o empréstimo de R$ 628 milhões para a sua construção por meio do ProCopa Arenas. Se for interessante para uma empresa assumir esse empreendimento, por que não pode ser também para o Estado?

Não devemos concentrar nossa atenção pensando em qual empresa deve assumir a gestão da Arena, mas de que forma o Estado pode dar uma melhor utilização inclusive para os Centros Oficiais de Treinamento. Temos exemplos de privatizações de serviços públicos que deram certo no país, como a telefonia, mas também temos bons exemplos de gestão pública eficiente.

Governos passados optaram por realizar a Copa em Mato Grosso com recursos exclusivamente públicos mediante empréstimos em nome do Estado ao invés de buscar parcerias público-privadas, como ocorreu em 9 das 12 sedes do país. Agora, nos cabe a missão de lutar pela melhor utilização por parte dos verdadeiros donos da Arena: o povo mato-grossense.

ALLAN KARDEC BENITEZ é deputado estadual licenciado, atual secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso, mestre em Estudo de Cultura Contemporânea e doutorando pela UFMT.

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