Turquia diz que 161 morreram em tentativa de golpe, militares seriam 104

Redação PH

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Turquia diz que 161 morreram em tentativa de golpe, militares seriam 104

A tentativa de golpe de Estado conduzida durante a noite de sexta-feira (15) na Turquia fez 161 mortos e 1.440 feridos, sem contar os golpistas, declarou neste sábado (16) o primeiro-ministro Binali Yildirim. Entre as vítimas estão civis, policiais e militares que apoiam o governo.

O golpe foi conduzido por militares contrários ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Pouco antes, Umit Dundar, chefe interino do exército havia informado sobre 104 golpistas mortos. O número de mortos pode chegar a 265, somando as vítimas listadas pelo governo e pelo chefe do exército.

Apoiadores do governo de Erdogan comemoram impedimento da tentativa de golpe na Turquia (Foto: REUTERS/Tumay Berkin)

O presidente turco anunciou neste sábado (16) que seu governo resistiu à tentativa de golpe militar. Ele também pediu a seus partidários para que permaneçam nas ruas prontos para qualquer "nova onda".

O primeiro-ministro turco, que falou com a imprensa em Ancara, indicou que 2.839 militares foram presos em conexão com esta tentativa que ele chamou de "mancha" na democracia turca. O governo turco declarou que permanece firmemente no controle após a tentativa de golpe militar.

A situação está "inteiramente sob controle", garantiu o primeiro-ministro. "Estes covardes vão sofrer o castigo que merecem", insistiu .Yildirim acusou o partido curdo PPK de participar da tentativa de golpe.

O presidente turco estava de férias em um resort no balneário de Marmaris e retornou a Istambul ainda na sexta para combater a ação dos militares. Em uma entrevista por telefone ao serviço turco da rede CNN, ele afirmou que o ato foi uma "traição" e que fará uma "limpeza" no Exército.

O consulado francês apelou neste sábado aos seus cidadãos em Istambul a "permanecerem em casa".

Asilo na Grécia

Nas primeiras horas da manhã, oito homens a bordo de um helicóptero militar turco que aterrissou no aeroporto de Alexandroupolis, no leste da Grécia, pediram asilo político e foram detidos.

O helicóptero Black Hawk pousou pouco depois do anúncio em Ancarax do fracasso da tentativa de golpe militar contra o governo islâmico-conservador turco. Segundo a televisão ERT TV, os homens a bordo estavam uniformizados, exceto um.

A Turquia imediatamente pediu à Grécia a extradição dos oito.

Policiais turcos leais ao governo, sobem em tanque abandonado por rebeldes na Ponte de Bosphorus, em Istambul (Foto: AP Foto/Emrah Gurel)

Fethullah Gulen

Assim como o presidente Recep Tayyip Erdogan, Yildirim acusou o pregador exiladonos Estados Unidos Fethullah Gulen de estar por trás desta iniciativa sangrenta.

O regime turco considera que Gulen, um ex-aliado de Erdogan, lidera uma "organização terrorista". Ancara já pediu a Washington a expulsão do clérigo, o que os americanos recusaram.

"O país que ficar ao lado de Fethullah Gülen não é nosso amigo", disse Yildirim, sem mencionar diretamente os Estados Unidos, aliados de Ancara no âmbito da Otan.

"Eu rejeito categoricamente essas acusações", reagiu o imã Fethullah Gülen em um comunicado. "Sofri vários golpes de Estado militares nos últimos 50 anos e considero insultante ser acusado de ter alguma ligação com esta tentativa".

'Donos das ruas'

Pouco antes de Yildirim, o general Ümit Dündar, chefe interino do Exército, anunciou que "a tentativa de golpe foi frustrada". Apesar desta declaração, a presidente Erdogan, muito criticado nos últimos anos por suas tendências autoritárias, escreveu em seu Twitter que "devemos continuar a ser os donos das ruas (…) porque uma nova onda é possível".

Os confrontos, com aviões e tanques, resultaram em cenas de violência em Ancara eIstambul. Milhares de pessoas, muitas das quais agitando bandeiras turcas, enfrentaram os soldados rebeldes, subindo nos tanques implantados nas ruas ou recebendo Erdogan no aeroporto de Istambul.

Pouco antes da meia-noite (18h de Brasília), um comunicado das "forças armadas turcas" anunciou a proclamação da lei marcial e um toque de recolher em todo o país, após a mobilização de tropas em Istambul e na capital Ancara.

Os líderes do golpe justificaram a "tomada do poder", pela necessidade de "garantir e restabelecer a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos e as liberdades e deixar a lei prevalecer".

'Traição'

Em Marmaris (oeste), onde estava de férias, o presidente Erdogan lançou imediatamente um apelo à população para se opor ao golpe, em um discurso transmitido ao vivo na televisão a partir de um celular.

"Há na Turquia um governo e um presidente eleitos pelo povo (…) e se Deus quiser, vamos superar este desafio", afirmou.

"Aqueles que foram às ruas com tanques serão capturados", garantiu em sua chegada a Istambul, denunciando "uma traição" liderada por soldados golpistas, a quem ele acusa de estar ligados a Fethullah Gülen.

Muitos líderes militares criticaram publicamente durante a noite os golpistas, denunciando "um ato ilegal" e apelando os rebeldes a retornarem às suas casernas.

Cerca de 200 soldados, que estavam entrincheirados na sede do Estado-Maior, renderam-se. E o general Dündar prometeu "limpar o exército de membros de estruturas paralelas", em uma referência óbvia aos partidários de Fethullah Gulen.

Desde a chegada ao poder de Erdogan, a hierarquia militar foi purgada várias vezes.

O exército deste país membro da Otan, com 80 milhões de habitantes, realizou três golpes de Estado (1960, 1971, 1980) e forçou um governo de inspiração islâmica a deixar o poder sem violência em 1997. No início da tarde deste sábado, os tiros esporádicos tinham cessado em Istambul e Ancara, onde o Parlamento turco se reuniu em sessão extraordinária.

Na capital, aviões de caça haviam voado durante à noite a baixa altitude, e o Parlamento foi alvo de uma série de ataques aéreos. Mais tarde, um avião lançou uma bomba perto do palácio presidencial.

As condenações internacionais se multiplicaram. O presidente americano Barack Obama pediu apoio ao governo turco "eleito democraticamente", a União Europeia exigiu um "rápido retorno à ordem constitucional" e Israel expressou seu apoio "ao processo democrático".

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, elogiou, por sua vez, o "forte apoio" à "democracia" demonstrado pela sociedade política e civil na Turquia, e Moscou considerou que a tentativa de golpe aumentava "os riscos para a estabilidade regional e internacional".

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