Setas viabiliza empregos para garantir permanência digna de imigrantes

Redação PH

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Setas viabiliza empregos para garantir permanência digna de imigrantes

A expectativa de recomeçar a vida de forma digna em um novo lugar passa pela oportunidade de emprego e garantia de renda. Esse é o serviço prestado pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), por meio do programa Emprega Rede, que atende os imigrantes haitianos interessados em vagas de trabalho. O atendimento é feito todas as quintas-feiras, das 13h às 16h, na Casa do Migrante, no bairro Carumbé, em Cuiabá.

A coordenação do Emprega Rede comemora os resultados obtidos, somente no mês de setembro desse ano, 22 imigrantes conseguiram emprego com o auxílio do programa.Desde maio desde ano o Emprega Rede já fez 393 atendimentos para esse público, sendo 85 encaminhamentos para vagas de trabalho.O haitiano Choisilme Wilguens foi até a Cada do Migrante nessa quinta-feira (13.10). Ele está há um mês em Cuiabá e procurou o atendimento acompanhado da cunhada Dana, que o auxilia na comunicação com as pessoas.

Wilguens é fluente em francês e inglês. Agora ele aprende português nas aulas para imigrantes oferecidas na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O jovem procura uma oportunidade no setor de serviços ou hotelaria. Na bagagem, ele traz a experiência de trabalho em hotel, restaurante e supermercados, locais que trabalhou no país natal.“Um dia vim visitar uns amigos e vi o trabalho que fazem com os imigrantes. Então, decidi trazê-lo. Ele quer reconstruí a vida. Por mais que o Brasil esteja em crise, com poucos empregos, lá (no Haiti) sempre é mais difícil conseguir trabalho. Aqui aparecem algumas oportunidades”, afirma Dana, cunhada de Wilguens.

Com experiência na área da construção, Melanor Eluis, de 39 anos, retornou a Cuiabá há cerca de um mês. O haitiano retornou ao país onde nasceu, depois de três anos no Brasil, para ver a esposa e os filhos. Em Cuiabá, ele trabalhou em um restaurante, depois se mudou para o estado de Santa Catarina. O trabalhador conta que a situação sempre foi difícil, já que todos os ganhos são divididos entre as necessidades dele e da família que ficou no Haiti. Mesmo com as dificuldades, não desiste e acredita que novas oportunidades irão aparecer.

Enquanto Melanor não consegue uma colocação no mercado de trabalho, ele aproveita o tempo para fazer um curso de pedreiro e assim aumentar as chances de ser recontratado. “Ainda não tive como trazer minha família. Não consigo ficar lá (no Haiti) porque não tem emprego. Por isso, vim procurar uma oportunidade de emprego e de curso”, explicou à reportagem.

Malanor é um dos atendidos pelo Emprega Rede e possui cadastro ativo no Sistema Nacional de Emprego (Sine). O programa é voltado para pessoas em situação de vulnerabilidade. As ações são voltadas para ofertas mudanças efetivas na vida dos imigrantes.

Rede de atendimento

A coordenadora da Casa do Migrante em Cuiabá, Eliana Aparecida Vitaliano, reforça a importância do atendimento específico. Ela conta que desde a chegada dos primeiros haitianos, a casa procurou os serviços públicos para formar uma rede de atendimento. Eliana explica que com atendimento na casa, os imigrantes veem o serviço como um parceiro e não como um estranho. “É importante que essa atitude solidária se entenda aos empregadores, e também que eles vejam os imigrantes como trabalhadores e não aventureiros. Eles só querem ganhar o dinheiro para mandar para casa, ou trazer a família pra cá”, afirma a coordenadora da Casa do Migrante.

Os haitianos que estão há mais tempo no Brasil acabam atuando como intérprete e isso facilita os encaminhamentos. A servidora do Sine, Juciane Marta de Aguiar, explica que o atendimento é feito na Pastoral para que os imigrantes se sintam mais a vontade. “Nos últimos dois meses surgiram vagas de trabalho específicas para os imigrantes. Percebemos que na sede do Sine eles ficam tímidos, envergonhados. Na Pastoral já se sentem mais livres, acolhidos, com os amigos e irmãos de pátria por perto. Fazemos o possível para deixa-los a vontade”, explicou a servidora.

Os imigrantes recebem acolhimento igual ao público brasileiro e tem acesso as mesas vagas que seriam ofertadas no Sine. O secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social, Valdiney de Arruda, acredita que é fundamental a mobilização da sociedade para promover a inclusão desses novos moradores. “Conseguimos um feito inédito que é a captação de vagas exclusivas para imigrantes. Essas oportunidades de emprego apareceram depois que começamos a divulgar a necessidade dos haitianos serem de fato inseridos no mercado de trabalho. O empresariado, ainda que timidamente, tem respondido à demanda. Ainda precisamos colocar muitos imigrantes para trabalhar e conquistar de fato a dignidade e assim reconstruírem as suas vidas e de suas famílias”, reforçou o titular da Setas-MT.

Emprega Rede

Lançado pelo Governo do Estado em junho do ano passado, o programa garante atendimento diferenciado e aumenta o número de inserções no mercado de trabalho. Tem como público-alvo todo cidadão mato-grossense, do jovem ao idoso, em especial os que se encontram em situação de vulnerabilidade.

As principais portas de entrada do programa são os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), que encaminham o cidadão a uma unidade do Sine, para atendimento de uma equipe especializada (psicólogo e assistente social).

O trabalhador também pode ser encaminhado ao Sine por meio de Delegacias de Polícia e do Programa Ação Integrada (PAI) e, assim, ter acesso a cursos de qualificação, oportunidades no mercado de trabalho e também ao programa de microcrédito.

“Todo cidadão será beneficiado, mas temos uma missão especial de atender os egressos de medidas socioeducativas, pessoas com deficiência, egressos do trabalho escravo e infantil, trabalhadores acima de 45 anos, jovens e mulheres vítimas de violência”, observa o secretário da Setas, Valdiney de Arruda.

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