Serial killer de Goiás pega 25 anos por morte de estudante

Redação PH

Redação PH

temer concede reajuste de 12,5% no bolsa família

Serial killer de Goiás pega 25 anos por morte de estudante

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 28 anos, foi condenado, nesta quarta-feira (18), a 25 anos de prisão pela morte da estudante Taynara Rodrigues da Cruz, de 13 anos, assassinada com um tiro nas costas no dia 15 de junho de 2014, no Bairro Goiá. O júri popular considerou que ele cometeu homicídio qualificado, por recurso que impossibilitou a defesa da vítima e motivo torpe. A defesa já recorreu da sentença.

Taynara Rodrigues da Cruz, 13 anos, foi morta em
junho de 2014 (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

Essa foi a 8º condenação por homicídio contra Tiago Henrique, que responde por mais de 30 assassinatos. Preso desde outubro de 2014, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, ele também já cumpre pena por roubo e porte ilegal de arma.

O júri ocorreu no 1º Tribunal do Júri e foi presidido pelo juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva.

Segundo a denúncia, Taynara conversava com uma amiga, na Praça da Bandeira, que fica em frente à escola na qual ela cursava o ensino fundamental, no Bairro Goiá, quando um motociclista chegou e atirou. O criminoso mandou a outra garota correr para também não ser baleada e ela escapou ilesa. Taynara não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

O promotor de Justiça Rodrigo Félix, responsável pela acusação, concordou com a sentença. Já o advogado que defende Tiago Henrique, Hérick Pereira de Sousa, recorreu da decisão. Eles não se pronunciaram após o julgamento.

A mãe de Taynara, a aposentada Dalvanir Rodrigues Barbosa, de 59 anos, espera que ele pague por todos os crimes que cometeu. "A gente fica com o coração partido. Ela morreu e levou um pedaço de mim. Ele matou por pura maldade. Ele é o demônio em forma de gente. Espero que ele pague por tudo, porque fez muita gente sofrer, muitas famílias", desabafou.

Julgamento

O júri começou por volta das 8h50. Tiago Henrique não compareceu ao julgamento a pedido da defesa. “Eu o convenci a não ir por causa da agressão que ele sofreu no último julgamento, quando levou um soco. Queremos evitar esse tipo de situação", disse Sousa.

Inicialmente foram escolhidos os sete jurados, sendo quatro homens e três mulheres. Depois, prestou depoimento o irmão de Taynara, Marcos Paulo. “Ela [vítima] não tinha nenhum envolvimento com drogas. Eu a considerava um ‘bebezão’. Era muito tranquila, linda e tinha o sonho de crescer. Isso foi tirado dela. Tiraram o bem maior da nossa família, era o que tínhamos de melhor na família, que era nossa caçula. O processo de dor é muito difícil", declarou o parente, emocionado.

Em seguida, prestou depoimento Lucimar Masson, que é mãe de uma das amigas da vítima. Ela lembrou como foi o dia da vítima antes do crime e que foi uma das primeiras e encontrá-la morta.

"A Taynara passou o dia no portão de casa com minha filha e algumas outras amigas. Quando foi de noite, ela e outra amiga, a Sara, foram para a praça e minha filha ficou em casa. Foi quando recebemos a ligação falando da morte e minha filha pediu para eu levar ela até lá. No local, a Taynara já estava sem vida e a Sara, desesperada, falando que um homem chegou mandando ela entregar o celular", relatou.

Também prestou depoimento Valdir Rosa da Silva, que é pai de outra amiga de Taynara. “Ele e minha filha eram amigas de igreja desde os 4 anos. No dia, eu estava próximo da praça onde aconteceu o crime, a uns 50 metros. Eu escutei um estampido e já olhei. Vi o cara guardando a arma calmamente, subir na moto vermelha e sair sem pressa. Era de noite, mas quando ele passou em um poste de luz e eu vi a postura dele. Eu posso falar com toda certeza que quem matou a Taynara foi o Tiago”, garantiu.

Após as oitivas das testemunhas, o promotor Rodrigo Félix começou a expor as teses da acusação. Ele disse que a investigação “vasculhou” a vida de Taynara para saber se ela tinha algum envolvimento com ação criminosa, o que poderia ter motivado o homicídio, mas nada foi encontrado. “Buscaram saber se ela tinha envolvimento com droga, se estava grávida, se tinha namorado, se tinha desavença, pois era um crime inexplicável, a princípio. E nada disso foi encontrado”, disse.

Félix ressaltou que a vítima foi morta sem motivo e não teve chance de se defender. "Tiago Henrique matava para satisfazer o seu prazer mórbido. Essa é a primeira qualificadora que o júri vai julgar. A segunda é a falta de chance de defesa. E isso é provado quando ele cutucou a vítima pelas costas com a arma e atirou logo em seguida. A Taynara não pôde fazer nada", sustentou.

O promotor destacou, ainda, que as provas da autoria do crime são contundentes. “O vigilante confessou [a morte de Taynara] duas vezes, temos exame de balística, ele passou por exames psicológicos, então eu não precisaria nem fazer toda essa explanação mostrando como foi a investigação. Mas isso é para mostrar que a acusação tem todo embasamento necessário, todos os fundamentos para a condenação do réu, como vem acontecendo nos últimos julgamentos", ressaltou o promotor.

Após pouco mais de 1 hora das falas da acusação, foi a vez da defesa apresentar sua tese. Inicialmente, o advogado Hérick Pereira de Sousa apresentou seus argumentos sobre contradições na denúncia e pronúncia.

"No início da denúncia falam que o Tiago matava por ódio. Já mais pra frente, no mesmo documento, falam que era para satisfazer o prazer mórbido dele. Aí começa a confusão. É prazer ou ódio? E o ódio, por si só, não é motivo torpe. Milhares de casos de homicídios simples são por ódio, por emoção forte", sustentou.

Além de não considerar que o crime foi cometido por motivo torpe, o advogado também defende que a vítima teve chance de se defender. Sousa ainda exibiu reportagens que explicam as disfunções no cérebro de pessoas consideradas como psicopatas para mostrar que não foram feitos todos os exames necessários para avaliar a condição de Tiago.

Após 1h30 de argumentação, o defensor encerrou sua fala pedindo que o réu seja mandado para um manicômio judiciário. "Na dúvida, não condenem, absolvam impropriamente. Iisso não é mandar para casa. É mandar para um manicômio para ele ser tratado. Se não optarem por essa saída, que excluam as qualificadoras, porque a acusação está errada. Tem falhas, contradições, dúvidas. Se há dúvida, não se pode condenar", concluiu.

Condenações

Até a tarde desta quarta-feira (18), o vigilante apontado como o serial killer foi condenado por oito homicídios. Preso desde outubro de 2014, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, ele já cumpre pena por roubo e porte ilegal de arma e é acusado por mais de 30 mortes.

+ Acessados

Veja Também