Safra de grãos é recorde em MT, mas com qualidade comprometida

Redação PH

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Safra de grãos é recorde em MT, mas com qualidade comprometida

Com quase 95% das lavouras colhidos, Mato Grosso produziu uma safra recorde, com 31 milhões de toneladas. Muitas lavouras produziram mais e algumas renderam acima de 70, 80 sacas por hectare e ajudaram a compensar os talhões mais fracos. A produtividade média ficou em 55 sacas por hectare, mais de 10% superior à da última temporada e a melhor já registrada no estado.

Ainda assim, a qualidade do grão ficou comprometida por causa do excesso de chuvas em fevereiro, que prejudicou a produtividade em muitas áreas e a colheita. Alguns agricultores chegaram a abandonar lavouras. Mais de 37,4 mil hectares de soja deixaram de ser colhidos em Mato Grosso nessa safra. O prejuízo passa dos R$ 238 milhões.

Na fazenda de Luiz Carlos Ciarini, em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, não houve abandono, mas sobrou gasto extra. Além da chuva na hora da colheita, ele ficou alguns dias sem caminhões pra carregar os grãos. Os veículos não conseguiam seguir viagem pela estrada que dá acesso à fazenda, A MT-358. Para não perder de vez a safra, um malabarismo.

“Quando eu me deparei com essa situação, eu fui obrigado a comprar um equipamento para colocar esse produto em silo-bolsa, mas também esse equipamento na hora que você vai comprar, você não acha do dia pro outro. Então, eu consegui comprar um equipamento novo e consegui achar um usado para poder socorrer o resto da safra”, disse o produtor rural.

Só na compra dos oito bolsões e das máquinas para enchê-los e esvaziá-los, foram mais de R$ 90 mil. E a despesa pode ser considerada pequena se comparada aos prejuízos com a perda de qualidade da soja.

“Esses grãos estão praticamente 100% ardidos e avariados. Tristeza. A gente fez tudo certinho, a produtividade estava boa, e na hora da colheita, acontece isso. Se não tivesse tido os problemas de colheita, de transporte e a chuva também contribuiu muito, teria uma receita de R$ 600 mil a R$ 800 mil a mais”, disse Luiz Carlos.

Quinze mil sacas ficaram nessas condições, ou seja, 1/4 de tudo que o agricultor colheu. Grãos assim não servem para a indústria e vira apenas complemento para a ração animal, e vale bem menos.

“Comparando com soja ele fica muito depreciado, né. Vai valendo bem menos, em torno de 40%, 30% do valor da soja”, disse Luiz Carlos. Ele acha que conseguiria vender entre R$ 23 e R$ 25", disse o produtor.

Na fazenda de Wellington Formigoni, que fica na mesma região, a lavoura não sofreu tanto mas também produziu menos que o previsto. “Devido ao clima acabamos fechando uma média de 58 sacas por hectare, três a quatro sacos a menos que o ano passado”, disse o produtor rural.

O agricultor agora tentar olhar para a frente. Ainda há a safrinha de milho para cuidar e a torcida para que o mercado da soja reaja.

“A gente tem uma parte dessa produção comercializada já anteriormente, e a outra parte está para ser vendida, mas o mercado caiu bem o preço, em vista do que a gente vendeu na faixa de R$ 65, R$ 67, até R$ 70, hoje estão falando em R$ 52, R$ 53 a saca aqui na nossa região. É um preço que vai ficar apertado para fechar as contas. A gente depende das exportações. Então, se a China, que hoje é o maior consumidor, entrar com apetite no mercado, então com certeza a gente tem esperança desses preços voltarem um pouco, disse Formigoni.

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