Projeto social integra crianças portadoras de deficiência em Rondonópolis

Redação PH

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Projeto social integra crianças portadoras de deficiência em Rondonópolis

O projeto “Arte Suave Caminho da Sabedoria”, da Federação de Jiu Jtsu de Mato Grosso atende hoje 896 crianças e adolescentes com idade entre 7 e 17 anos. No meio da imensidão de atletas, todos vestidos com quimonos iguais nas aulas realizadas em 8 polos de Rondonópolis, cinco são destaques.

E não são destaques por terem sido os melhores em campeonatos nos últimos tempos. Não são destaques por colecionarem medalhas. Eles se destacam por mostrar que mesmo com algum tipo de deficiência, estão ali, para o desafio. O desafio de mostrar capacidade e superação. No Brasil o esporte adaptado surgiu no início do século XX, de forma muito tímida. Tudo começou com as atividades competitivas para jovens portadores de deficiências auditivas, especialmente em modalidades coletivas.

Por volta de 1920, tiveram início as atividades para jovens portadores de deficiência visual, especialmente a natação e o atletismo. Para pessoas portadoras de deficiências físicas, o início do esporte oficialmente se deu ao final da Segunda Guerra Mundial, quando os soldados voltaram para os seus países de origem com vários tipos de mutilações e outras deficiências físicas.

De lá pra cá muitos exemplos o país teve no esporte envolvendo os atletas com algum tipo de deficiência, inclusive no jiu jtsu. No projeto “Arte Suave Caminho da Sabedoria", patrocinado pela empresa petrolífera Petrobras e Ministério dos Esportes, várias mães comemoram o sucesso dos filhos. No polo do Jardim Eldorado por exemplo, Ana Cristina Moura dos Santos diz que a filha Ana Luiza Moura dos Santos de 9 anos, que é autista, mudou totalmente o comportamento depois das aulas. “No início eu até achei que não ia dar certo. A primeira aula não trouxe muita empolgação a ela. Ficou quietinha. Mas com duas semanas de projeto, o professor interagia de uma tal maneira, que minha filha passou a ter mudanças que pra mim foram surpreendentes. Coisas simples do dia a dia que não eram comuns, como calçar um tênis, amarrar o cabelo, passaram a fazer parte da rotina de maneira natural”, conclui.

Ana Cristina diz que tudo graças a persistência do professor e a maneira de tratar a filha, ela passou ainda a ter novo comportamento, além da superação. “Antes até com os familiares ela era acanhada. Mal cumprimentava as pessoas. Agora, chega, conversa, beija e abraça. Sem contar que não anda mais de cabeça baixa e quer fazer as coisas sózinhas pra mostrar eficiência”, finaliza.

No primeiro campeonato em que a filha participou a mãe diz que viu a hora dela desistir. “Tudo o que ela não gostava estava ali, principalmente o barulho e o agito das pessoas que ela não suporta por causa do autismo. Mas ela me empurrou com o braço e disse: agora você fica mãe, porque chegou a minha veze lá se foi pro tatame", afirma a mãe.

A direção da escola onde Ana Luiza estuda até chamou a família para uma conversa. “Me perguntaram se eu tinha mudado a medicação dela, porque foi expressiva a mudança também na escola. Agora está autoconfiante e a cada dia se disciplinando".

Já a mãe Cirleide Soares de Souza vive no Jardim Eldorado e sente os reflexos do projeto na vida do filho Bruno Soares Claudio de 13 anos, deficiente visual. A mãe diz que conheceu o projeto no Centro de Reabilitação Louis Braille em Rondonópolis, onde teve referência. Fez um teste, mas o menino chorava porque não tinha vontade em aprender o jiu jtsu. Porém o professor ajudou muito e fez toda a diferença. “O professor Dilson chegou a estudar o caso do Bruno. Tudo pra saber lidar com a deficiência dele e saber agir na hora necessária”, diz a mãe que hoje até mesmo em casa, afirmaque a família tem nova postura com Bruno. “Agora ele até rebate, retruca se alguém lhe ofender e não lhe agradar. Os amigos por exemplo! Antes, alguém falava alguma coisa e ele não se defendia. Até em casa eu pensava o que dizer o tempo todo e poupava ele. Agora não, sinto meu filho mais maduro”, conclui Cirleide.

No polo 02 (Eldorado) o projeto beneficia entre tantas crianças o João Gabriel Teles Pires que tem déficit de atenção e hiperatividade. A mãe e conselheira tutelar Mari Sanandréia da Costa Telles Pires diz que todos os profissionais de saúdesempre pediam a ela, que o colocasse num projeto parecido, por causa da integração, mas ela nunca tinha achado. “Hoje vejo tantos casos pelosbairros de adolescentes perdidos nas drogas ou em estado de vulnerabilidade. E quando as famílias chegam pra pedir ajuda, é tarde, muitas vezes. Infelizmente o poder público não faz a parte dele em oferecer algo que tire essa criança das drogas, de situações de risco. Por isso, o Arte Suave acaba sendo perfeito, porque consegue trabalhar muito bem a prevenção”, diz.

De acordo com especialistas, o esporte para qualquer ser humano já é indispensável. Para os portadores de necessidades especiais então, nem se fala. Melhora a condição cardiovascular, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora e o equilíbrio. No lado social, dá oportunidade de sociabilização e torna o indivíduo mais independente para a realização de suas atividades diárias e faz com que a sociedade conheça melhor as potencialidades dessas pessoas especiais. No aspecto psicológico, o esporte melhora a auto-confiança e a auto-estima das pessoas portadoras de deficiência, tornando-as mais otimistas e seguras para alcançarem seus objetivos. Para o coordenador geral do projeto, Paulo César Venâncio.“No decorrer do projeto pontuamos para nossos atletas que participar do jiu jtsu, e de tudo que o projeto oferece, como peças de teatro, jogos lúdicos, dinâmicas, dança, é muito importante para que tenham essa autonomia que é tão citada pelas mães. É preciso que eles tenham o sentimento de que tudo é possível, independente de suas limitações", afirma Venâncio.

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