Produtores brasileiros e franceses trocam experiências sobre o sistema de produção de cada país

Redação PH

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Produtores brasileiros e franceses trocam experiências sobre o sistema de produção de cada país

Proporcionar a troca de experiências com produtores rurais de outros países é também um dos objetivos das missões técnicas realizadas pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT). Na Missão França, que acontece até o dia 25 de junho, esse intercâmbio foi realizado no sábado (17/06) no distrito francês de Aveyron.

Enquanto o Brasil é um grande exportador de commodities em que os produtores têm a necessidade de produzir em larga escala e aumentar a produtividade sem abrir novas áreas, a França, devido principalmente às questões históricas, culturais e territoriais, é um país onde a produção familiar, a agregação de valor e a transformação da matéria-prima são predominantes.

“Por não terem condições de expandir a produção, os produtores franceses partem para a transformação de produtos e a integração da agropecuária com outras atividades, como o turismo. O momento de desenvolvimento da agricultura e pecuária na França é o de buscar a lucratividade com a aproximação com o consumidor final ou com indústrias especializadas”, destacou o gerente do departamento Técnico do Senar-MT, Carlos Augusto Zanata.

O gestor de Projetos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) Paulo Ozaki apresentou os principais números da agropecuária de Mato Grosso ao grupo de quatro produtores de Aveyron. As experiências bem-sucedidas das fazendas destaques do Prêmio Sistema Famato em Campo edição 2016 também foram apresentadas aos franceses.

O bate-papo informal entre produtores brasileiros e franceses começou com uma quebra de paradigmas. Os franceses acreditavam que aproximadamente 50% do território mato-grossense era utilizado para agricultura. A área usada para produzir todos os grãos no estado é de 11%. Apesar de reconhecerem que Mato Grosso produz em larga escala, eles ficaram surpresos ao saber que o rebanho bovino do estado é de quase 30 milhões de cabeça, três vezes a população estadual. “Aqui na França temos quase a mesma quantidade de pessoas e animais”, comentou o produtor Olivier Garry.

Outra particularidade da agropecuária mato-grossense que chamou a atenção dos produtores de Aveyron é o fato de os produtores de Mato Grosso conseguirem ter duas safras ao ano. “Aqui na Europa isso não é possível devido ao inverno rigoroso que enfrentamos. Trabalhamos ainda mais pesado durante o verão para garantir que não falte alimento para os nossos animais durante o período mais frio do ano”, contou Garry.

O aumento da produtividade das safras de grãos nos últimos anos no estado e a preservação de 62% do território deixou os franceses surpresos. O produtor francês Jean Charles Raymond disse que a apresentação foi importante para desfazer alguns mitos que eles possuem sobre a produção agropecuária brasileira. “Muitas vezes o que chega para nós não é verdade absoluta. Ter a oportunidade de conhecer a realidade totalmente diferente da nossa nos deixa feliz e nos permite olhar o Brasil com outros olhos”.

O produtor rural Romeu Ciochetta, um dos premiados no Prêmio Sistema Famato em Campo no ano passado, disse ter ficado feliz em poder mostrar aos franceses os projetos de sustentabilidades que são desenvolvidos em sua propriedade localizada em Campo Novo do Parecis.

“Tão importante como apresentar nossos números é mostrar que trabalhamos e crescemos respeitando o meio ambiente e aproveitando tudo aquilo que ele nos oferece. Nós, por exemplo, temos um sistema que reaproveitamos toda água da chuva. Nós a reutilizamos para lavar o maquinário, na lavoura e também fizemos um pesqueiro”, contou Ciochetta.

Produção agropecuária na França– Na França e em grande parte da Europa as propriedades rurais, além de produzirem alimentos, são mecanismos para a manutenção da cultura, das tradições, do estilo de vida e do ecossistema. Vinte e cinco por cento das propriedades francesas possuem produtos com selo de qualidade, os chamados label. Isso significa que um quarto das propriedades rurais agregam valor à matéria-prima e entregam produtos prontos para o consumo final. As propriedades francesas são pequenas e diversificadas.

Cerca de 54% do território francês é usado para produção agrícola. A produção de cereais ocupa 40% da área agrícola do país, que é um grande produtor de trigo ocupando o 5º lugar no ranking mundial. O país é o primeiro no ranking de produção agrícola do continente, sendo responsável por 20% de tudo o que é produzido na Europa.

A França tem o maior rebanho bovino da Europa, com quase 20 mil cabeças de gado. Também é o maior produtor de leite do continente. Com um território de pouco mais de 640 mil km², o país é 14 vezes menor que o Brasil, entretanto é responsável por 6% das exportações de produtos agrícolas do mundo. Vinhos e outras bebidas se destacam nas exportações.

Existem no país cerca de 500 mil propriedades agrícolas que contam com uma população rural de aproximadamente um milhão de pessoas. O país possui 67 milhões de habitantes.

Por ser considerada uma potência agrícola, quase 100% das discussões de políticas agrícolas da União Europeia precisam passar pelo governo francês.

Missão Técnica- A Missão Técnica na França começou dia 12 de junho e segue até o dia 25. O objetivo da viagem é conhecer a produção agropecuária da França, trocar experiências e adquirir novos conhecimentos que poderão inspirar e auxiliar o desenvolvimento da produção mato-grossense.

O grupo já conheceu a Escola de Engenharia de Purpan, a fazenda da escola, o sistema agropastoril nos Pirineus e a agropecuária em Aveyron. Nesta segunda-feira vai conhecer a Cooperativa Terrena, uma das maiores da França e por último o Ministério da Agricultura do país.

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