Previsão de tarifa do VLT a R$ 6,00 é ‘ilação’, diz ex-governador

Redação PH

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Previsão de tarifa do VLT a R$ 6,00 é ‘ilação’, diz ex-governador

O ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) reagiu nesta quinta-feira (12) às críticas e ao diagnóstico divulgado na última segunda-feira pela nova equipe de governo sobre as obras atrasadas da Copa em Cuiabá, especialmente o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Entre outros contrapontos, o peemedebista rebateu a previsão de encarecimento da obra e afirmou tratar-se de apenas uma ilação o cálculo segundo o qual a tarifa cobrada no novo modal de transporte coletivo ficará entre R$ 6,00 e R$ 10,00.

"Isso é tudo ilação. Isso não existe. Não há um estudo nosso em que a tarifa saiu mais cara que a tarifa de ônibus de Cuiabá", declarou por telefone o ex-governador nesta quinta-feira sobre um dos pontos mais polêmicos do relatório divulgado pelo novo Gabinete de Projetos Estratégicos e pela Secretaria de Cidades.

Conforme o levantamento da atual gestão do estado, um estudo deverá apontar a viabilidade de uma tarifa do VLT equiparada à atual do transporte coletivo na Grande Cuiabá, mas uma série de fatores têm apontado para "uma tarifa de mais de R$ 6,00 por viagem". Este cálculo, segundo a nova equipe de governo, foi obtido em levantamentos prévios, mas deverá ser reavaliado em estudos mais robustos com base na integração das linhas de ônibus.

Segundo Silval Barbosa, o VLT foi concebido como um modal de transporte subsidiado pelo poder público e para ser administrado visando unicamente o fornecimento de serviço de transporte coletivo à população, sem qualquer retorno financeiro. Por isso, em estudos encomendados pela antiga Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), a tarifa sempre foi calculada numa estimativa de preço equiparado ao já praticado no sistema de transporte coletivo de ônibus na Grande Cuiabá.

Em setembro de 2014 a Secopa afirmou que a previsão de tarifa do VLT era de R$ 2,99. Esta tarifa também seria única, permitindo integração com as linhas do transporte coletivo em Cuiabá e Várzea Grande, cidade da região metropolitana.

À época, a secretaria também esclareceu que, assim como qualquer outro sistema ferroviário de transporte coletivo urbano, o VLT de Cuiabá também teria uma gestão financeriamente deficitária – motivo pelo qual foi concebido como um modal subsidiado pelo estado, um dos principais argumentos de Silval a respeito da tarifa.

Obras

Silval Barbosa também negou que as obras tenham sido conduzidas sem o embasamento dos devidos projetos de arquitetura e engenharia, uma das principais críticas feitas no diagnóstico da nova equipe de governo. Segundo ele, é válida a discussão sobre qualidade da execução das obras, mas falar que ela foi realizada sem projeto “não é verdade”.

Outro ponto rebatido pelo ex-governador foi o alarme do diagnóstico sobre os defeitos de execução nas obras do VLT, como nos viadutos da Sefaz e da UFMT, em Cuiabá.

Segundo ele, todas as intervenções foram contratadas com previsão de cinco anos de garantia. Por isso, todos os reparos necessários após a constatação de defeitos não custarão um centavo ao estado, assegurou.

Ele também lembrou que os contratos foram firmados após licitações dentro do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), o qual não permite aditivos de valor, apenas suplementação por conta de ajustes e correções contratuais. “Não tem nada escondido, está tudo nos contratos”, insistiu o ex-governador, acrescentando que a mesma lógica vale para a obra do estádio Arena Pantanal.

Ainda sobre a implantação do VLT, o peemedebista afirmou que os alagamentos na região do viaduto da UFMT não são decorrentes da construção, mas problemas que deverão ser sanados quando forem realizadas obras de drenagem previstas no projeto do modal. “Eu moro há doze anos ali naquela região e sempre alagou”, relatou.

Atrasos

Já sobre o atraso nas obras, Silval explicou que resolveu retirar o VLT da matriz de responsabilidades assinada com a Fifa assim que o estado tomou consciência da impossibilidade de concluir o projeto até a Copa do Mundo de 2014, sob risco de perder financiamento federal.

Logo, o prazo de conclusão foi adiado para o final daquele ano, mas problemas na execução – sobretudo desapropriações judiciais e remoção de interferências como adutoras de água e fiação elétrica – levaram o governo a iniciar negociações com o consórcio responsável a fim de prorrogar o andamento dos trabalhos até o final de 2015. Para Silval, este foi o último prazo válido para a conclusão do projeto.

Devido aos transtornos provocados pelas obras do VLT, Silval Barbosa foi alvo de ação do Ministério Público, que cobra indenização por danos morais coletivos. Além dele, foram acusadas as empresas do consórcio responsável e o ex-secretário da Secopa, Maurício Guimarães. O processo tramita na Justiça Federal de Mato Grosso.

“Essas polêmicas todas existem porque nós fizemos muitas obras em Cuiabá. Nunca tinham visto tanta obra. E toda notícia negativa é ruim para o estado. Parece que estão começando um estado novo e que tudo o que os outros governantes fizeram antes nunca existiu. Não podemos menosprezar esse ganho de mobilidade urbana que nós tivemos aqui na capital. O VLT é uma coisa boa, já tem 65% dos trabalhos prontos, com carros pagos, trilhos pagos, sinalização paga”, concluiu o ex-governador.

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