A Polícia Federal abriu uma nova frente de trabalho para investigar o desvio de R$ 323 milhões. As operações financeiras seriam controladas pela doleira Nelma Kodama e duas empresas paranaenses, a WS Business e a madeireira Analpa Soluções.
Estas duas empresas mantinham vínculo comercial com outras cinco, que teriam atuação no exterior: City Clean, Coferlix, DJJ, Dantas Import e Sena e Franca Distribuição.
Segundo as investigações, a WS Business e a Analpa enviavam dinheiro para a as contas bancárias mantidas pelas cinco empresas no exterior com o pretexto de que estavam adquirindo materiais. Os produtos supostamente comprados, no entanto, nunca chegaram ao Brasil.
Segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo nesta quinta-feira, o Banco Central informou ao juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato, que quatro das cinco empresas ligadas a WS Business e a Analpa não estavam habilitadas para atuar no comércio exterior e a uma teve a habilitação suspensa por inatividade.
De acordo com as investigações, há indícios de que as cinco empresas atuavam apenas como fachada para as movimentações financeiras. A WS Business e a Analpa enviaram para o exterior R$ 323 milhões por meio de contratos de câmbio entre janeiro de 2012 e março de 2014, segundo publicação da Folha.
Lava Jato
Ainda é apurado se as empresas foram usadas para escoar propina de obras da Petrobras ou se faz parte de um esquema paralelo, sem conexão com o escândalo da estatal.
Segundo as investigações da Polícia Federal, o mesmo esquema foi utilizado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos réus da Lava Jato, para enviar US$ 239 milhões para o exterior entre 2009 e 2014. Parte do dinheiro foi enviado ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
A doleira Noelma Kodama é amiga de Youssef. Ela foi presa ao tentar embarcar com 200 mil euros na calcinha e condenada a 18 anos de prisão por crimes financeiros.
Empresas de fachada
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a madeireira Analpa Soluções tem como proprietária uma vendedora de roupas que tem renda mensal de R$ 1,2 mil. Ela disse que havia fornecido os seus dados para a abertura da empresa a pedido de um conhecido, um vendedor de cosméticos.
Localizado pela reportagem, o vendedor de cosméticos disse que participou de uma única participação de importação, de cerca de R$ 100 mil, e que desconhece as outras movimentações da empresa. Ele disse ainda que os seus dados foram usados de forma indevida por corretores de São Paulo.
Os dois já prestaram depoimento à Polícia Federal, que tenta agora descobrir quem são os verdadeiros donos da empresa.