O vírus da zika ainda é novo, por isso, estudos estão sendo feitos para desvendar essa doença. Dados preliminares de uma pesquisa com, aproximadamente, 300 gestantes mostram que 11 bebês nasceram com microcefalia na região de Jundiaí (SP) entre março e julho deste ano. Os exames também apontaram a presença do vírus da zika em três bebês e uma mãe.
Segundo a pesquisa, o grupo está sendo monitorado no Hospital Universitário. Elas são voluntarias, moram em Jundiaí e nas cidades da região. Consideradas grávidas de alto risco por terem diabetes, hipertensão, entre outras doenças, 165 mães já tiveram bebês, 11 deles com microcefalia. "Se você multiplicar por número de bebês da nossa região, nosso Estado, você vai ver que estamos bem no meio da epidemia", disse o coordenador Saulo Passos.
Dos casos com microcefalia, os exames indicaram a presença de vírus da zika em três bebês e uma mãe. Não é possível dizer se há relação entre as doenças. Ainda assim, pesquisadores mantêm o trabalho para saber o que causa a microcefalia.
"Várias infecções podem causar a microcefalia. Por exemplo, toxoplasmose, a sífilis. Vários vírus e bactérias. O vírus da zika é visto como um provável causador também", afirmou a professora e pesquisadora Márcia Borges Machado.
A pesquisa tem previsão de cinco anos de trabalho e vai acompanhar o desenvolvimento de todas as crianças. "Em relação a elas, a grande preocupação não é com sua saúde física, mas como elas vão se comportar e a comunidade vai reagir, se souber que ela tem o diagnóstico de zika", afirmou coordenadora de saúde mental Margareth Arilha.
Outra coisa que chama a atenção é o desenvolvimento do projeto sem financiamento. Eles estão em órgãos de pesquisas, que avaliam e liberam recursos. Mas até agora, o dinheiro não foi pago. "Isso dificulta, mas a gente vê isso como desafio. Se você me perguntar o que mais me surpreendeu como pesquisador, foi a resposta que a sociedade deu a esse projeto. Sem voluntariado, não conseguríamos fazer esse projeto", finaliza.
