Obras na Transpantaneira dão novo fôlego ao turismo

Obras na Transpantaneira dão novo fôlego ao turismo

“A Transpantaneira vive seus melhores dias”. É essa a opinião exposta durante entrevista coletiva realizada em Cuiabá, nesta quarta (02.05), por um grupo de empresários do turismo integrantes da Associação de Defesa do Pantanal (Adepan).

A convocação foi motivada porque, de acordo com o grupo, uma matéria veiculada no último sábado (28.04), pelo Jornal Nacional sobre a Transpantaneira, gerou prejuízos aos empresários locais, além da imagem da rodovia que ficou comprometida nacionalmente resultando em questionamentos sobre as condições da estrada por parte dos turistas.

Os associados afirmam que após a transmissão de notícias negativas, o efeito é imediato. “Os clientes ligam para cancelar seus pacotes, muitas vezes, até desistem de vir e nunca mais nos procuram com receio, porque fica parecendo que continuamos na mesma situação do passado e isso não condiz com a realidade que estamos vivendo por lá”, afirmou Eduardo Campos, proprietário da Pousada Piuval, no KM 17 da Transpantaneira.

O secretário adjunto de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento (Sedec), Jaime Okamura, apoiou a manifestação do grupo e ressaltou as obras que estão sendo feitas na região pelo Governo que vêm mudando completamente a realidade local.

Ele explica que a Transpantaneira talvez seja o atrativo turístico mato-grossense mais conhecido no mundo, porque se trata de uma região diferenciada com natureza e características singulares que em nenhum outro lugar tem. “É assim que este Governo enxerga a rodovia e, por isso, os investimentos estão chegando e melhorando o acesso e fomentando o turismo”, apontou.

Okamura defende que haja um planejamento de comunicação e marketing exclusivo para o bioma Pantanal, para elaboração de estratégias de divulgação nacional e internacional. “A Transpantaneira é uma área de complexa atuação, as pessoas precisam levar isso em conta. Foi difícil chegar aonde chegamos, pois há muita questão ambiental, as leis estão mais rígidas, não é assim, chegar na natureza e construir concreto para todo lado.

É preciso respeitar o cenário, tentar mantê-lo em perfeita harmonia com o seu ecossistema aliando isso com novos projetos de acessibilidade que não agridam tanto, é nesse caminho que estamos seguindo, preservação com desenvolvimento sustentável”, ponderou.

Nova fase

A Transpantaneira hoje vive uma outra fase bem diferente daquela de anos atrás. O Governo de Mato Grosso investiu na estrada R$ 12,6 milhões em recursos do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Turismo (Prodeustur), cujos projetos são elaborados e geridos pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e realizados pela Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).

Ao todo, a rodovia que tem 145 km de extensão possui 119 pontes, destas, 30 já foram substituídas por pontes de concreto e aço e das 90 restantes em madeira, 20 delas já foram totalmente recuperadas. E não para por aí.

“As outras pontes antigas estão em constante monitoramento, com equipe alerta e material para fazer os reparos sempre que necessários”, explica um dos pousadeiros mais antigos da Transpantaneira, Ivan Freitas, proprietário da Pousada Porto Jofre.

O empresário ressalta ainda que isso só está sendo possível graças à parceria celebrada entre a Adepan e a Sinfra que aconteceu por meio de um chamamento público, que permitiu o repasse de R$1,5 milhão para maquinários e óleo diesel que permitem realizar obras de reparo ‘in loco’.

Cenário atual

“Se mesmo antes quando estávamos esquecidos mantivemos nossos negócios, agora com as pontes novas, o posto fiscal e a via recuperada o fluxo melhorou, os turistas estão percebendo as melhorias e isso é positivo, porque assim, eles saem daqui com as melhores impressões. Caminhões que antes não trafegavam hoje passam tranquilamente, locais de atoleiros certos já não oferecem risco, tudo vem mudando para melhor e queremos mostrar isso para que todos saibam partindo de quem vive na região, todos os dias”, esclareceu Ivan.

Ivan que atua há mais de 40 anos como pousadeiro no km 45 da Transpantaneira, quase no final da via, contou que a sua propriedade se encontra em um trecho que está com difícil acesso devido ao alagamento causado por uma enchente.

Conforme Freitas, a enchente que ocorreu na região este ano causou grandes danos e vem impossibilitando obras de reparo. “A última enchente foi em 2011, por isso, estávamos conseguindo contornar com paliativos, mas agora, a chuva foi muito intensa e um trecho da estrada está alagado porque ficou embaixo da água por mais de 30 dias”, descreveu.

A ideia é esperar um tempo para que toda a água acumulada escoe, e então fazer intervenções. “Já estamos programados para fazer a elevação do solo e o reforço com cascalho para que esse trecho não volte a sofrer com as enchentes”, adiantou.

Segundo o empresário, mesmo com a área alagada dando acesso direto ao seu estabelecimento, ainda não foi possível perceber alteração de fluxo de turistas. “Mais do que a estrada com condições sensíveis, o que está nos prejudicando são essas reportagens que falam erroneamente sobre a situação da Transpantaneira, instalando um clima de medo e receio nas pessoas em visitarem o nosso Pantanal.

Para se ter uma noção, do trecho do posto fiscal que é no início da estrada, até o km 111 um pouco mais, a estrada é muito boa, sendo possível trafegar até com carro mais baixo”, destacou.

Os empresários do turismo afirmam que das 18 pousadas ao longo da Transpantaneira, apenas cinco estão localizadas após o trecho alagado. De acordo com o grupo, essa área mais afetada pela enchente no final da rodovia (quase divisa com o Mato Grosso do Sul) é de apenas 1,5% da estrada, num percurso de cerca de 15 km no total.

Turismo no Pantanal

O Pantanal é tão peculiar que existem dois tipos de turistas bem distintos, como explicam os pousadeiros. Quase que em sua totalidade é composto por brasileiros os que buscam a região para a prática da pesca, tendo como meses ideiais março, abril e maio. E são fiéis, retornando ano após ano. “Tem turista que está comigo há mais de 10 anos”, explicou Ivan, de Porto Jofre.

Se a intenção é contemplar a natureza, com contato mais intenso com fauna e flora, então os estrangeiros são a maioria, com quase 95%, vindos dos Estados Unidos, Austrália, Europa, inclusive, Japão, Corea, China, entre os meses de julho a outubro.

A média de hospedagem desses visitantes é de no mínimo quatro diárias, e o diferencial, como citam os empresários é que, pelo fato de cada pousada ter um atrativo único, a viagem se torna ainda mais especial. “Tem pousada que você fica para conhecer tal pássaro, se vai descendo pela Transpantaneira, já tem opção de conhecer outros animais e plantas e no final, as onças pintadas que sempre estão no roteiro dos turistas”, explica Leopoldo Nigro, empresário do Pantanal Mato Grosso Hotel.

Conforme Leopoldo, o ideal seria que as pessoas pudessem conhecer o Pantanal tanto na fase de cheia como na de vazante. “Os cenários mudam completamente, cada estação traz seus atrativos, é como se visitasse vários lugares, em um só”.

O segmento do turismo na Transpantaneira gera mais de 600 empregos diretos, segundo informações da Adepan.

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