Nokia roubou a cena em feira. 5 detalhes que explicam sucesso do tijolão

Redação PH

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Nokia roubou a cena em feira. 5 detalhes que explicam sucesso do tijolão

Em um ano em que nenhuma marca conseguiu surpreender em seus lançamentos de celular na MWC (Mobile World Congress), maior feira de telefonia do mundo que acontece em Barcelona, quem se saiu melhor foi quem olhou para trás. Isso mesmo, em vez de tentar inovar e criar algo nunca antes visto, a Nokia voltou ao mercado de telefonia com o seu maior sucesso de vendas, o Nokia 3310.

Assim que os rumores começaram, antes mesmo da feira, já havia um grande burburinho. Seria verdade? O celular indestrutível, com bateria longa e teclado físico voltaria? Sim, já no domingo (26), o anúncio foi feito. E não teve para mais ninguém.

O celular ébem parecido com aquele do começo do anos 2000, sem Android ou iOS, sem 3G/4G, e sem apps. É bom lembrar que neste ano completamos dez da apresentação do iPhone, que trouxe os smartphones para o mercado.

Durante esta semana muita gente tentou responder a essa pergunta.

A primeira coisa é que a notíciaimpactoujornalistas, formadores de opinião e moradores de grandes cidades, que costumam ser muito conectados. Os comentários incrédulos de um celular sem internet e, pior, sem WhatsApp em 2017. Ouvi muitos comentários de: "se pelo menos tivesse WhatsApp seria uma ótima para minha mãe". (Falarei do celular para mãe ou simples mais para frente).

Logo veio o ideal dadesconexão. As pessoas estão ultraconectadas e querem voltar "ao mundo real" e ter um celular como antigamente, em que um telefone era para falar e mandar SMS, no máximo. Claro, existe essa parcela da população, mas como o próprio presidente da HMD Global, empresa finlandesa que adquiriu os direitos da Nokia, que eram da Microsoft, Florian Seiche, falou aoUOL, não é só isso.

Anostalgiae o saudosismo também fazem com que aqueles com mais de trinta lembrem com carinho dos primeiros celulares que permitiam falar com qualquer pessoa por telefone fora de casa. O 3310 original vendeu mais de 126 milhões de unidade na época. Esse é um filão de mercado que vem sendo bem aproveitado pela onda vintage. E assim, a um custo muito menor que a produção de smartphones, a empresa atendeu a inúmeros pedidos de fãs.

Mas existe todo um mundo além da vida conectada. Metade da população do mundo ainda não tem smartphones. Segundo pesquisa doStrategy Analyticsem 88 países lançada no final do ano passado, em 2016 eram39% com acesso a celulares com internet, número que deve chegar em 44% só no final de 2017. Essas pessoas ou não têm celular ou usam aparelhos similares ao Nokia de dez anos atrás.

No Brasil, de acordo com oPew Research Center, só41% das pessoas têm um smartphone. Uma pesquisa do Facebook e Internet.org lançada na feira mostra quesão 70 milhões de brasileiros sem conexão com a internet.

Dados da Anatel de janeiro de 2017 indicam que existem 243,42 milhões de linhas móveis em operação no país, número que caiu em relação ao ano passado porque muitas pessoas estão deixando de ter mais de um chip – seja porque a tarifa entre operadoras caiu ou pela crise econômica.

Além disso, nossa rede é composta majoritariamente (67%) porplanos pré-pagosque ou não têm internet ou têm acesso limitado, sendo a maioria dasconexões em 3G(o 4G ainda é uma pequena parcela).

Outro fator que pode influenciar o desejo das pessoas por um aparelho sem internet como o 3310 é atroca da linha fixa pela móvel, para ser o telefone da "casa". A cada mês cai o número de linhas fixas no país, hoje são cerca de 40 milhões. A troca serve para quem quer gastar menos ou vive em áreas em que existe o sinal 2G, mas não o 3G/4G. ParaJosé Otero, diretor para América Latina e Caribe da 5G Americas, as tarifas da telefonia móvel estão caindo e incentivam essa troca.

Uma boa jogada de Marketing

Vamos voltar à sua mãe. O novo Nokia 3310 pode ser um aparelho para pessoas mais velhas que não usem internet no celular e preferem o teclado físico e também para crianças pequenas — ser mais "indestrutível" é um ponto favorável.

Mas se a sua mãe usa (e muito) o zapzap, a Nokia também tem um aparelho para ela. O Nokia 3, por exemplo, é um celular com Android e WhatsApp bem simples e bonito que custa R$ 500 (convertidos do euro).

Junto com o 3310, a empresa lançou três smartphones. Um deles, inclusive já foi sucesso de vendas na China. Com o lançamento do 3310, mesmo que as vendas não sejam uma maravilha, os gastos não são muitos e, com certeza, o retorno em exposição de marca foi um dos melhores dos últimos anos no segmento.

Você pode não comprar o 3310, mas agora que todo mundo só falou nele, talvez você dê uma chance para os outros aparelhos da marca.

O que mais tivemos na feira?

Os lançamentos das demais marcas agradaram, mas nada muito inovador. ALG anunciou uma tela um pouco mais comprida que o usual no G6,a Motorola lançou sua linha de celulares intermediários G5com corpo de metal, aSony trouxe supercâmera lenta para seus top de linhae aSamsung se viu obrigada a atrasar o lançamento de seu celular premium Galaxy S8. AAlcatel lançou uma linha com traseira com luz de LED personalizávele a Sony trouxe ainda uma tela projetada touch.

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