Mercado de motos sofre queda de vendas, mas também se sofistica no Brasil

Redação PH

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Mercado de motos sofre queda de vendas, mas também se sofistica no Brasil

Apesar do mau momento, com vendas em queda e nuvens negras pairando no horizonte que possivelmente só serão dissipadas a médio prazo, o mercado brasileiro de motocicletas é visto como muito relevante, e isso não é de hoje.
No início dos anos 1970 as japonesas Honda e Yamaha – respectivamente a líder mundial na fabricação de motocicletas e a nº 2 – decidiram se instalar no Brasil. A idéia era a de produzir modelos especialmente dedicados as duras condições locais, com ênfase em robustez, economia e simplicidade construtiva. Depois de muitas dificuldades e incertezas, a indústria motociclística brasileira engrenou e nos seus melhores anos, o mais recente deles 2011, alcançou uma cifra de produção acima dos dois milhões de unidades.
Não é número comparável aos dos maiores mercados mundiais para veículos a duas rodas motorizados, a Índia, o bloco formado pelos países do sudeste asiático chamado de Asean 5 (Indonésia, Vietnã, Tailândia, Filipinas e Malásia) e China, capazes de absorver em 2014, respectivamente, 16, 13,5 e 11 milhões de veículos de duas rodas a motor. No entanto é interessante notar um aspecto bem diferente do nosso mercado face a estes citados:
a qualificação.
Scooters, ciclomotores e motos de baixa cilindrada estão, é claro, na linha de frente das vendas em todos os países mencionados, onde a motocicleta tem um caráter puramente utilitário.
Indianos, chineses e asiáticos compram “motinhas” para ir e vir. Aqui, a queda nas vendas das utilitárias de baixa cilindrada, determinada pelo aperto na economia e pela torneira fechada do crédito bancário, está sendo relativamente compensada pelo ânimo no “andar de cima” do mercado, o das motos de mais de 500 cc, segmento que praticamente inexiste nos outros países chamados de emergentes.
Brasileiros que compram motocicletas para lazer são clientes cada vez mais importantes e por conta disso, lançamentos recentes têm atendido a este promissor nicho de clientes. Produtos que ofereçam status e funcionem como objetos do desejo e prazer estão sofrendo menos os efeitos da crise econômica e neste segmento é que pode estar o alento da indústria motociclística brasileira nestes próximos (e bicudos!) tempos.
Nas gigantescas fábricas da Índia, China e Tailândia são praticamente inexistentes motos com motores acima de 300 cm3enquanto que aqui, no Brasil, o parque industrial nascido na capital do Amazonas, Manaus, tem desovado modelos que não só pelo tamanho de seus motores mas também por conta de tecnologia incorporada, ocupam um patamar bem elevado em preço e no pouco mensurável mas bastante tangível índice de “desejabilidade”: são aquelas motos que fazem sonhar por conta de design caprichado e performance para lá de especial, e que servem como isca, mantendo o veículo motocicleta como um prêmio a ser alcançado, verdadeiro objeto de cobiça.
Esta conjuntura, na qual o brasileiro é um cliente de características mais europeias do que asiáticas, é comprovada pela presença de linhas de montagem de marcas que atendem especificamente a faixa alta do mercado: BMW, Ducati, Harley-Davidson e Triumph montam modelos em Manaus, cientes que o caminho para serem competitivas é o de driblar as altas taxas que gravam sobre produtos importados, nacionalizando alguns componentes e operações, dando emprego a muitos brasileiros e fazendo felizes outros tantos, que podem comprar aqui a preços possíveis o que se encontra nas principais lojas de motos do chamado 1º mundo.
Estaremos longe de números recorde de vendas nos próximos semestres – ou anos como cogitam os mais pessimistas. Todavia, a paixão do brasileiro pela motocicleta e o grande esforço feito pelo setor, equipando-se de estruturas caprichadas tanto no aspecto da fabricação, montagem como no da distribuição não poderá permitir que a indústria de motocicletas brasileira perca sua relevante posição como fonte de emprego, bem-estar e de genuína parceira, tanto dos que querem apenas ir do ponto A ao B de maneira rápida e econômica como daqueles que escolheram o guidão como o melhor modo de aliviar o estresse.
FOTOS: Luciano Sampafotos / Divulgação / Sérgio Rodrigues G1-AM

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